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Na manhã seguinte, Any acordou com os olhos pesados, ainda sentindo o resíduo da noite anterior em seu corpo

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Na manhã seguinte, Any acordou com os olhos pesados, ainda sentindo o resíduo da noite anterior em seu corpo. O quarto estava mergulhado numa luz suave, mas a sensação de peso ainda pairava sobre ela. Por um momento, ela ficou deitada em silêncio, desejando que tudo fosse apenas um sonho ruim. Mas a realidade já estava ali, presente, implacável.

Levantou-se lentamente e foi ao banheiro, lavando o rosto, tentando apagar as marcas de suas lágrimas. Ao encarar seu reflexo no espelho, Any sentiu uma mistura de medo e determinação. Sabia que precisava enfrentar aquele dia, como todos os outros que viriam. Havia tantas decisões a serem tomadas, tantas conversas ainda por ter. E tudo parecia incerto.

Descendo as escadas, encontrou seu pai na cozinha, preparando o café da manhã. Ele a observou entrar e, sem dizer nada, ofereceu um sorriso suave. Estava claro que ele percebia o cansaço no rosto da filha, mas não queria pressioná-la. O cuidado e o amor estavam lá, nas pequenas ações. Ele puxou uma cadeira para que ela se sentasse.

— Bom dia, filha — disse ele, tentando manter a voz calma e acolhedora.

Any apenas assentiu, sentando-se à mesa. A comida parecia apetitosa, mas seu estômago estava embrulhado demais para aceitar qualquer coisa.

— Você não precisa ir à escola hoje, se não se sentir pronta — ele sugeriu, sentando-se à frente dela. — Eu sei que tem muita coisa passando pela sua cabeça.

Ela balançou a cabeça, agradecida pelo gesto, mas sabia que adiar o inevitável não ajudaria.

— Acho que eu vou, pai — respondeu ela, a voz baixa. — Preciso tentar continuar... pelo menos um pouco.

Ele assentiu, respeitando sua escolha. O pai sabia que, por mais que ele quisesse proteger sua filha de toda a dor e das responsabilidades que estavam chegando, havia partes desse caminho que ela teria que trilhar por conta própria.

— Se precisar de mim, estarei aqui — disse ele, colocando a mão sobre a dela por um breve momento, transmitindo todo o apoio que podia.

Any ficou ali, absorvendo aquele momento de silêncio e apoio. Sabia que não importava o quanto o pai estivesse presente, a responsabilidade maior era sua. E o peso daquelas expectativas, de ter que decidir o que fazer com sua vida e a do bebê, era esmagador.

Mais tarde, enquanto ela caminhava até a escola, o mundo ao redor parecia distante, como se ela estivesse se movendo em câmera lenta. Os sons das conversas dos outros alunos, os carros passando na rua, o vento mexendo nas folhas das árvores... tudo parecia acontecer longe dela, como se estivesse em outra realidade.

Ela entrou na escola, sentindo os olhares de alguns colegas pousarem sobre ela. Sabia que as notícias se espalhariam rapidamente, especialmente em uma escola pequena como a sua. Mas Any tentou ignorar isso, focando apenas em chegar à sua sala. Josh estava lá, e quando seus olhares se encontraram, ele levantou-se e foi até ela.

— Como você está? — perguntou ele, genuinamente preocupado.

Any deu de ombros, tentando não deixar que as emoções do dia anterior a sobrecarregassem ali, em público.

— Sobrevivendo, eu acho — ela respondeu, com um leve sorriso triste.

Josh assentiu, visivelmente nervoso, mas determinado a estar presente.

— Pensei muito na nossa conversa ontem — ele começou. — Quero estar ao seu lado nisso, Any. Eu sei que vai ser difícil, mas eu vou fazer o que puder.

Ela olhou para ele, querendo acreditar nas palavras. Sabia que a realidade que enfrentavam não era simples, mas, pelo menos, Josh parecia estar tentando se comprometer.

— Eu sei que você quer ajudar — disse Any, suspirando pesado.

ao se sentar, ouviu um comentário vindo de um grupo de meninas à sua esquerda.

— Você soube? Dizem que ela nem vai terminar o ano — uma delas sussurrou, mas o suficiente para que Any ouvisse.

— Quem imaginaria, né? Ela sempre foi tão quieta — outra respondeu, com uma risadinha.

O rosto de Any queimou de vergonha e raiva. Queria gritar, dizer a todos que não sabiam nada sobre sua vida, mas as palavras ficaram presas na garganta. Sentou-se em silêncio, olhando fixamente para a mesa, tentando controlar a vontade de sair correndo dali.

— Vai ficar tudo bem, ok?— ele afirmou, com a voz baixa, tentando mostrar que estava ali para apoiá-la.

Any apenas balançou a cabeça, sem conseguir falar. Ela sabia que ele estava tentando ajudar, mas nada que Josh dissesse ou fizesse poderia mudar o que estava acontecendo. A realidade já estava escancarada diante de todos.

Durante a aula, Any mal conseguiu se concentrar. Sua mente vagava, presa na ansiedade e no medo do que viria. Sentia que, a cada segundo, o julgamento aumentava. Os professores, embora mais discretos, também pareciam olhar para ela com uma mistura de pena e preocupação. Era como se sua gravidez tivesse se tornado um fardo público, algo que todos ao redor dela compartilhavam.

No intervalo, Any saiu da sala em silêncio, tentando evitar as áreas mais movimentadas da escola. Josh a seguiu de perto, mas mesmo ele parecia deslocado. Eles encontraram um canto mais tranquilo no pátio, onde sentaram-se longe dos outros alunos.

— Any, eu sei que está difícil — Josh começou, tentando quebrar o silêncio. — Mas eu estou aqui, ok? A gente vai passar por isso juntos.

Any olhou para ele, seus olhos cheios de uma mistura de tristeza e cansaço.

— Eu só queria que isso não estivesse acontecendo desse jeito — ela disse, a voz quase quebrando. — Parece que todo mundo me vê de um jeito diferente agora. E eu não sei como lidar com isso.

Josh suspirou, claramente sem saber como responder. Ele também estava se sentindo perdido, mas tentava não deixar transparecer.

— As pessoas vão falar, Any. Elas sempre falam. Mas o que importa é o que a gente faz daqui pra frente. O resto... a gente vai ter que ignorar.

Any sabia que ele tinha razão, mas era difícil não sentir o peso de todos aqueles olhares e comentários. Ela ainda estava tentando processar sua própria realidade, e agora parecia que o mundo inteiro também estava opinando sobre isso.

De repente, Joalin, que sempre foi amiga de Any, apareceu. Ela hesitou ao se aproximar, mas acabou se sentando ao lado deles.

— Any... eu só queria dizer que, se precisar de algo, estou aqui, tá? — disse Joalin, com um sorriso genuíno. — Ignore o que os outros dizem. Você não está sozinha.

Aquelas palavras fizeram Any respirar um pouco mais aliviada. Mesmo em meio a tanto julgamento, perceber que ainda havia quem se importasse com ela de verdade foi um alívio. Ela sorriu para Clara, com gratidão nos olhos.

— Obrigada — sussurrou Any, sentindo que, talvez, com o apoio das pessoas certas, ela poderia enfrentar aquele momento, por mais doloroso que fosse.

O resto do dia foi uma mistura de olhares, murmúrios e tensão, mas, com Joalin e Josh ao seu lado, Any sentiu que podia suportar mais um dia.

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⏰ Última atualização: 3 days ago ⏰

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