A descoberta

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A descoberta

Any estava sentada no canto do quarto, abraçada às próprias pernas, tentando controlar a respiração. O teste estava ali, no chão, encarando-a como se fosse uma sentença. Duas linhas cor-de-rosa. Aquelas duas linhas que representavam tudo o que ela não estava pronta para encarar. O mundo parecia girar e se desfazer ao seu redor.

Joalin, sua melhor amiga, estava ao lado, silenciosa. Não havia muito o que dizer. Depois de alguns minutos em que o único som presente era o da respiração rápida de Any, Joalin se aproximou lentamente e se sentou ao lado dela.

— Any... você não precisa fazer isso sozinha — Joalin começou, sua voz um pouco trêmula, tentando transmitir força. — Talvez exista uma saída. Eu conheço uma garota que já passou por isso, e ela conseguiu resolver sem que ninguém descobrisse.

Any ergueu os olhos, com lágrimas escorrendo, mas cheia de medo e esperança. Aquelas palavras pareciam uma promessa de solução para o problema enorme que ela mal conseguia aceitar. Algo que poderia fazê-la voltar a ter sua vida normal, como se nada tivesse acontecido.

— Como... como assim? — sussurrou Any.

Joalin hesitou, mordendo o lábio. Ela sabia que não era o melhor conselho, mas o desespero de Any parecia não deixar muitas alternativas. A amiga precisava de ajuda e, na mente de Joalin, qualquer ajuda era melhor do que nenhuma.

— Tem uma clínica. Não é, tipo, oficial, sabe? Mas... a garota disse que foi lá e deu tudo certo. Ninguém soube. E é rápido.

Any franziu a testa, os olhos arregalados com a mistura de medo e dúvida. Uma clínica ilegal. Aquilo soava assustador, arriscado, e ela não sabia se conseguiria seguir adiante com algo assim. Ao mesmo tempo, a palavra "rápido" ecoava na sua mente, oferecendo uma saída para aquele caos, uma chance de não ter sua vida interrompida por algo que ela ainda nem conseguia compreender por completo.

— Joalin, isso não parece perigoso? — Any perguntou, a voz quase falhando.

Joalin abaixou a cabeça. Sabia que era perigoso, sabia que aquilo podia dar errado de várias maneiras, mas o medo no rosto de Any fazia tudo parecer justificado.

— Pode ser, Any. Mas... o que você vai fazer, então? Contar para seus pais? Para a escola inteira descobrir? — Joalin suspirou. — Eu só quero ajudar você. E... isso parece a única forma de você continuar com sua vida, sem que tudo vire um inferno.

Any fechou os olhos, lágrimas ainda escorrendo. Sua mente estava cheia de dúvidas e medo. Ela não queria contar para os pais; não queria se sentir julgada, ou ter sua vida analisada por olhares que não compreenderiam. Tudo o que ela queria era não ter que pensar nisso. Desfazer aquele momento, voltar no tempo. Mas sabia que isso era impossível.

— Eu não sei, Joalin — sussurrou. — Eu estou tão assustada.

Joalin segurou a mão de Any com força, tentando passar coragem.

— Eu estou aqui. Não vou deixar você sozinha. Seja lá o que decidir, vou estar do seu lado.

Any sentiu um pequeno alívio com aquelas palavras, mas o pavor ainda dominava. Tantas incertezas, tantos riscos. Ela tinha medo do que aquela clínica podia ser. De quem eram essas pessoas que fariam isso, se estariam mesmo preocupadas com sua segurança. Mas também tinha medo do que seria sua vida se ela levasse a gravidez adiante.

O silêncio caiu entre elas mais uma vez. Any sabia que qualquer decisão que tomasse teria consequências. Mas, naquele momento, ela só queria abraçar a amiga e se sentir menos sozinha no meio do turbilhão de emoções.

Os dias passaram em uma névoa densa para Any. O teste ainda estava escondido no fundo de sua gaveta, como uma prova que ela gostaria de esquecer, mas que não conseguia ignorar. Joalin fazia o possível para apoiá-la, mas Any sabia que precisaria falar com Josh. Ele tinha o direito de saber, e ela precisava da ajuda dele.

Era uma tarde de sexta-feira quando Any decidiu contar. Ela marcou de encontrar Josh em um parque discreto da cidade. Ele chegou sorrindo, como sempre, mas logo percebeu a tensão no rosto dela. O sorriso dele desapareceu.

— Any, o que foi? Você está me assustando — ele perguntou, franzindo o cenho enquanto se aproximava.

Ela respirou fundo, tentando reunir coragem. Segurou as mãos dele, que estavam quentes, e, de repente, tudo parecia real demais. Ela viu os olhos dele a encararem, esperando uma resposta. E então as palavras escaparam dos lábios dela, quase num sussurro.

— Eu... estou grávida, Josh.

Por um segundo, o tempo parou. Josh piscou, parecendo não acreditar. Ele tirou as mãos das dela e deu um passo para trás, como se precisasse de espaço para processar o que acabara de ouvir.

— Grávida? Como... — ele gaguejou, os olhos arregalados de surpresa e pânico. — Você tem certeza?

Any assentiu, sentindo as lágrimas ameaçarem descer. Ela queria desesperadamente que ele dissesse algo, qualquer coisa, para aliviar o peso que sentia no peito. Josh passou a mão pelos cabelos, andando de um lado para o outro, tentando assimilar o que aquilo significava.

— E agora? O que a gente vai fazer? — ele perguntou, a voz carregada de desespero.

— Eu... eu não sei — Any murmurou. — Eu não consigo pensar em ter esse bebê agora, Josh. Eu não estou pronta. A Joalin me falou sobre uma clínica. Eu pensei que... talvez essa seja a única saída.

Josh parou e olhou para ela, sua expressão uma mistura de preocupação e pavor. Ele sabia que não tinha condições de cuidar de um bebê, e Any também não. Eles eram adolescentes, com sonhos, planos que pareciam pequenos demais perto daquele desafio. A ideia de uma clínica clandestina o deixava nervoso, mas ele também não conseguia pensar em uma alternativa que fizesse sentido.

— Uma clínica? Mas... é seguro? — ele perguntou, sentindo o medo crescer em seu peito.

— Eu não sei. Não é uma clínica oficial, mas... é tudo que eu tenho, Josh. Eu preciso fazer isso antes que as coisas saiam do controle. Eu só... — Any parou e olhou nos olhos dele, sentindo o aperto no peito aumentar. — Eu preciso de você. Não consigo fazer isso sozinha.

Josh respirou fundo, sentindo a pressão aumentar sobre seus ombros. Ele queria proteger Any, queria que tudo voltasse ao normal, mas nada parecia normal agora. Ele se aproximou, colocando as mãos nos ombros dela.

— Tudo bem, Any. Eu vou com você. Não vou deixar você passar por isso sozinha.

Any soluçou e o abraçou, enterrando o rosto no peito dele. Por um momento, a sensação de estar acompanhada aliviou um pouco o pânico que sentia. Josh a segurou com força, prometendo a si mesmo que, de alguma forma, encontraria um jeito de fazer com que tudo acabasse bem.

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Um Pequeno Grande Erro || Beauany Onde histórias criam vida. Descubra agora