Helena Martins é uma piloto de vinte e cinco anos que sempre sonhou estar acima das nuvens, casar e ter dois filhos com quem havia decidido compartilhar sua vida.
Stefano Martinelli tinha tudo que qualquer pessoa gostaria de ter, milionário desde de...
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💚✨ Stefano Martinelli ✨💚
Passo hidratante em minha pele antes de sair de casa, era de costume passar o líquido por conta das minhas queimaduras. Quase quinze anos após o acidente, eu ainda não conseguia me olhar por muito tempo no espelho.
Eu não me considerava um homem feio, mas às cicatrizes em meu corpo me diziam o contrário, nada do que eu fizesse me faria voltar no tempo e não tê-las mais. Pego as chaves do carro e a minha bolsa, precisava trabalhar.
- Bom dia, Sr. Martinelli.- Fico tenso ao escutar a voz dela.
- Bom dia, Srta. Martins.- Cumprimentei Helena sem olhar em seus olhos.
- Como você está?- Perguntou, mas por conta do meu nervosismo fiquei quieto.- Tudo bem, não precisa responder.
- Eu estou bem e você?- Respondo ao sentir que a minha garganta tinha ficado seca.
- Caramba, você respondeu.- Sussurrou.
- Sim, algum problema?- Pelo canto de olho vejo que ela fica sem graça com minha resposta.
- Não, imagina.- Disse ao ajeitar seus óculos.- Até porque o senhor não tem obrigação de responder ninguém, não é?
Ela estava linda e devidamente uniformizada para o dia de trabalho, seus cabelos estavam presos em um coque baixo perfeito e seus lábios pintados na cor vermelha.
Antes que eu pudesse lhe dizer algo, as portas do elevador abriram, ela passou por mim e me deu apenas um aceno antes de sair. Um táxi esperava por ela, Helena cumprimentou o nosso porteiro e partiu rumo ao aeroporto.
- Meu Deus, você é muito lerdo.- Giuseppe, diz.
- Desse jeito eu não caso você, irmão.- Luigi com toda sua paciência de padre, reclama.
- Você deveria chamar a garota pra sair.- Revirei os olhos com a sugestão de Giulio, meu irmão mais velho.
- Não é tão fácil como imaginam.- Comentei.
- Qual o problema, fratello?- Renzo, perguntou.
- Eu não consigo chamá-la pra sair, ela parece ser o tipo de garota...- Sou interrompido por um grito de criança.
- Cuidado, mio figlio.- Ouço Giuseppe dizer.- Estou em ligação com os seus tios, então não me arrume confusão com seu irmão.
- Continue o que estava dizendo, Stefano.- Luigi, pediu.- O que você iria dizer?
- Eu não faço o tipo dela.- Disse ao me ajeitar em minha cadeira e alinhar os papéis acima da mesa.
- Como pode ter certeza?- Giulio, questionou.- Eu acho que você precisa chamá-la pra sair.
- Irmão, você é apaixonado por sua vizinha há mais de dois anos.- Renzo me lembrou.- Você sabe até o que ela não gosta, então o que te impede de convidá-la pra jantar?
- Sinceramente? Eu não tenho tempo.- Por alguns segundos a ligação ficou silenciosa.
- Não tem tempo?- Indignado, Luigi disse.- Você nem sai de casa, fratello.
- Como não? Agora eu estou no escritório, estou cheio de coisas para fazer.- Respondo.
- Quando vai ajeitar a sua vida? Está passando da hora de você se casar e nos dar sobrinhos.- Olho para o porta retrato acima da minha mesa.
Um porta retrato de Helena estava entre as fotos da minha família, eu tinha feito um Instagram apenas para ver suas publicações em cada viagem que ela fazia. Seu feed era cheio de fotos em família, com amigos e lugares que conheceu por conta do trabalho.
Ela era uma boa piloto, sabia disso por ter feito a loucura de comprar uma passagem para o voo que ela estaria. Na verdade, eu sabia quase tudo sobre ela, havia pedido a um conhecido para fazer uma investigação sobre sua vida.
- Pelo andar da carruagem, nunca.- Volto em si com a resposta de Giulio.
- O que ela vai querer com um cara como eu? Ela merece coisa melhor.- Meus irmãos me olham com cara fechada.
- Stefano Martinelli, o que caralhos você quer dizer com isso?- Apesar de ser um padre, Luigi soltava alguns palavrões também.
- Um cara cheio de queimaduras pelo corpo que não tem nada a oferecer pra ela.- Falo.
- Escuta aqui seu arrombado, eu já disse para você não falar assim do seu corpo.- Assustei com a voz alterada de Renzo.
- Qual o problema das cicatrizes?- Pepe me olhou sério.- Ela tem que gostar de você do jeito que você é fratello.
- Quando ela retornar de viagem, convide ela para jantar e peça desculpas pelo o ato que aconteceu hoje de manhã.- Giulio disse.- E não me faça sair da minha casa para ir até a sua te espancar, filho da puta.
- Eu vou pensar.- Resmunguei ao revirar os olhos.
- Pensar? Vai pensar porra nenhuma, você vai fazer o que a gente esta mandando.- Concordei a contra gosto.
- Vamos te mandar sugestões de restaurantes bons na cidade, não nos decepcione, essa é a sua chance de desencalhar.- Não penso antes de desligar na cara deles.
Era péssimo estar apaixonado por uma garota que jamais ficaria com você, pego a fotografia dela e acaricio seu rosto. Ela nem imaginava, mas o meu primeiro beijo tinha sido com ela há um ano.