Aviso!
Esse capítulo contém Temas SensíveisATO II
Seja bruto
— Tenho tido uns sonhos estranhos... — Jeongguk começou a falar, sua voz baixa, quase um murmúrio, enquanto ajeitava a manga da blusa moletom cinza de mangas longas. Usava uma calça jeans baggy surrada e um par de all stars verde musgo, desgastados nos cantos. Os dois piercings no lábio inferior, conhecidos como Snake Bite, brilhavam levemente quando ele falava, o metal frio contornando seus lábios de forma sutil. Seus cabelos pretos como a noite caíam quase sobre os olhos, e a pele pálida, combinada com os olhos grandes e escuros, davam a ele uma aparência delicada, quase vulnerável. O corte mullet acentuava as linhas marcadas de seu rosto, destacando ainda mais sua expressão inquieta.
— E como são esses sonhos? — Cassandra perguntou, observando-o atentamente. Sentada em uma poltrona, com as pernas cruzadas, o rosto parcialmente oculto por óculos de leitura, ela mantinha a postura profissional. Seus trajes sociais, composto por uma calça de alfaiataria marrom e uma blusa social branca, eram complementados por um corset que acentuava sua cintura, enquanto os mocassins em seus pés batiam suavemente contra o chão de madeira. O cabelo loiro, penteado de um lado só, caía sobre os ombros como um véu dourado. Com uma prancheta em mãos, anotava de vez em quando alguma coisa. Aquela era a primeira sessão com Jeongguk, e até ali ele se mostrava incrivelmente cooperativo, completamente honesto. No início da consulta, ele havia até lhe entregado um pequeno origami em formato de cisne, feito com um papel azul. Uma pessoa doce e tímida era como ele se mostrava.
— É... Eu estou em um lugar escuro, e o chão embaixo de mim é como se fosse uma água preta, mas sólida. Conforme eu ando um pouco por ali, não vejo nada... — Jeongguk respondeu nervoso, a voz um pouco trêmula enquanto seus dedos inquietos puxavam a manga da blusa. Ele hesitou, como se as palavras fossem difíceis de dizer. — Até que uma sombra preta aparece e me derruba no chão... começa a me enforcar. E enquanto eu luto, tentando escapar, o chão que era sólido vira um líquido denso, viscoso, e começa a me engolir, devagar. E quando estou prestes a ser completamente sugado por aquela escuridão, eu vejo... por um breve segundo... o rosto de quem está me enforcando. E... sou eu. — Seus olhos se ergueram, incertos, buscando algum conforto no olhar de Cassandra, que o observava atentamente, intrigada.
— E qual é a sensação que você tem ao descobrir que é você? — A voz dela era suave, mas carregada de curiosidade, como se quisesse puxar mais fios dessa complexa teia de pensamentos.
— Pavor... um pavor maior do que se fosse qualquer outra pessoa. — Jeongguk abaixou o olhar, franzindo o cenho, sentindo o peito apertar. Falar sobre esses sonhos sempre mexia profundamente com ele, quase como reviver a própria angústia. Eram tão recorrentes que beiravam o insuportável. E, sempre que ele tentava uma nova maneira de se defender de si mesmo dentro do sonho, sua outra versão parecia saber de antemão, como se estivesse um passo à frente. Era uma batalha falida, uma luta que ele nunca conseguia vencer.
Ele suspirou, sentindo o peso daquela revelação sufocar seu peito. Era como se estivesse preso em um ciclo sem fim, sendo derrotado por uma parte de si que ele não conseguia controlar.
— Por quê? É pelo sonho em si ou sua própria figura te assusta? — Cassandra perguntou, intrigada e analítica, desejando chegar mais fundo na causa desse pesadelo.
— Sou eu... Quer dizer, o que eu vejo no sonho sou eu, mas ao mesmo tempo, não sou. Ele tem uma expressão no rosto... é difícil de esquecer — Jeongguk respondeu, um arrepio percorrendo sua espinha enquanto revivia a cena na cabeça.
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A Residência Myers | TAEKOOK
FanfictionTaekook | Temas Sensíveis | Terror | Inspirada em American Horror Story Kim Taehyung e sua família, após uma série de acontecimentos devastadores, decidem se mudar para uma nova cidade em busca de um recomeço. Porém, o passado se infiltra como uma s...