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O céu em um belo crepúsculo, com tons de laranja, azul e lilás, mas esse céu só é bonito para quem o vê?
－Lindo, muito lindo e agradável －Komuge respirou fundo, sorrindo contente
－Sim, realmente muito bonito, mas---
－Eu posso até não vê-lo meu amado rei, mas sei que assim como esta paisagem, o senhor é muito belo －seu rosto virou-se para o local de onde vinha a voz de Meruem, mantendo seu sorriso, fungando antes que um catarro descesse por seu nariz
－Não, você não pode afirmar isso, nunca me viu, não sabe quem sou, muito menos do que sou capaz －se apoiou no batente da enorme varanda do castelo, olhando para todos os cantos que podia, não entendia o porque, mas seu coração batia de forma anormal toda vez que a via sorrir
－Não preciso vê-lo para afirmar sobre sua beleza, meu rei
－Não fale asneiras Komuge, eu não sou quem você imagina. Fiz e faço coisas horríveis －seu tom apesar de irritado era carregado de melancolia－ Não mereço sequer sua presença, você é muito amável para estar convivendo com alguém tão vil e cruel quanto eu －se virou, apenas para ver a pequena mulher ainda sorridente
－Realmente meu caro rei, acredito que tenha feito e faça coisas das quais se arrepende, mas assumir seus erros já é um ato nobre, digno do meu rei －fungou, ainda esbanjando o mais belo sorriso que Meruem viu－ Agora, meu honrado rei, irei me retirar, assim como desejou －reverenciou desajeitadamente, é difícil se despedir formalmente de alguém que sequer se vê
－Komuge, não foi isso que quis dizer! －pediu em alto e bom tom, segurando o magro braço esbranquiçado da jovem, virando-a para si－ Não quero que vá, a sua presença é a única coisa que me faz feliz em meio a obscuridade de meu reinado －segurou com delicadeza e cautela o rosto da loira, analisando-o－ Por favor Komuge, me dê a honra de estar ao seu lado por ao menos alguns instantes －o semblante doce da mulher se tornou surpreso por um momento, antes de apenas sorrir novamente
－Como desejar, meu senhor －se manteve quieta quando o homem a abraçou suavemente, apenas retribuindo em silêncio. Meruem evitava que Komuge o tocasse, sabia que se ela o fizesse saberia sua aparência por completo apenas por um simples toque. Temia que ela tentasse fugir se soubesse como ele realmente é. Aquele abraço havia sido espontâneo, estava com medo dela partir, nunca admitiria isso, mas a sua vida sem Komuge se tornava vazia e sem sentido, porém agora arriscava tudo apenas por um deslize momentâneo
－Me perdoe Komuge, não deveria ter feito isso, esqueça esse momento, certo? －se afastou assustado, soando imponente para a menor, que abaixou a cabeça
－Meu mais poderoso rei, temo que não possa fazer o que me ordenou －assumiu em uma curta reverência－ Me perdoe se for ousada, minha família sempre me disse que sou teimosa e ousada demais, mas não quero esquecer este momento, pois este seu ato repentino me deixou imensamente feliz, e não há como eu me desprender de tamanha alegria －sorriu enormemente para a formiga quimera, que não percebeu o quanto estava envergonhado com palavras tão dóceis
－Certo, mas irá insistir em me achar belo? Mesmo depois de sentir minhas mãos esquisitas e ásperas demais? －perguntou aflito, seu olhar era penetrante em Komuge, ela sentia aquele olhar em si
－Se é isto que te aflinge meu mestre, saiba que eu não me atentei a saber sua aparência física, não me importa se suas mãos são pequenas ou grandes, se seu corpo é robusto ou esguio, se seu rosto está ou não nos padrões －fungou novamente limpando o rosto com uma toalhinha que ganhou de seu rei－ Quando digo que o senhor é belo não me refiro à sua aparência, isso nunca foi importante －riu descontraída, guardando a toalhinha dobrada em sua bolsinha, da qual não larga por nenhum instante－ Eu lhe acho um homem muito belo por sua alma, ela transmite muito carinho, zelo, amor e respeito, apesar de muitas vezes transmitir medo e angústia －sua voz era calma, apesar de alegre－ Quando eu disse sobre o céu naquele momento, estava falando da sensação agradável que aquele momento ao seu lado me causava. Estar ao seu lado, seja em silêncio, jogando Gungi ou nesses momentos de relaxamento é uma oportunidade que eu agradeço aos deuses todos os dias －abriu os olhos, demonstrando que mesmo sem visão, seu olhar brilhava contente
－Você é mesmo muito amável Komuge, quero muito conhecê-la mais, mas o que acha de terminarmos este momento ckm uma partida de Gungi? Acredito que não me vencerá desta vez －seu típico semblante sério se quebrou dando um sorriso, que Komuge certamente sentiria
－Meu nobre rei, creio que nunca me vencerá －riu, tentando se lembrar onde havia deixado sua bengala, sempre o perdia, mas foi surpreendida quando Meruem pegou em sua mão, andando lado a lado com ela até chegar à sala do trono. Não se importaram com o olhar dos servos em cima deles, apesar de Meruem tirar satisfações maks tarde, apenas aproveitaram cada momento
