O Pecado De Confiar

0 0 0
                                    

Vi muitos passar
Mas, como disse,
Foi passageiro.
Minutos bons acabaram por ancorar
No porto sombrio e singelo.

Acabaram por passar,
Foram embora,
Com eles,
Pessoas de mal fazer.
Apenas o sofrimento que fizeram erguer.

Tiraram o ouro do porto seguro,
No meu peito em cheio,
Tiro no escuro.
Dito e feito foi o muro,
Abaixo o sentimento inseguro.

Tudo que se passou foi a morte,
Ela causa a agonia,
Aquela que me guia
Nesta noite sombria,
A que chamam memória.

Por caminhos desconhecidos
Vejo o lado obscuro,
O meu antigo porto seguro
Que eles acabaram por derrubar.

Agora é só solidão,
A âncora que deixaram na mão.
Este sofrimento que são
De tanto pó no meu peito, não?

Caminho dentro de mim,
Quebro a barreira do olhar.
Passo e se calam
Esses que colaram
A mágoa dentro do meu deambular.

Perturbado pelo olhar,
A raiva cresce sem parar.
O sofrimento faz-me lutar,
Pelo medo deles jamais magoar.

Aí! Que bom grado
Ver esse povo dar corda ao sapato,
Amarrado e sentado,
A chorar pela mamã.

Antes eu que chorei 
E eles apenas em mim desespero deixaram,
Passaram e não ajudaram,
De muito pioraram
Essa minha situação.

Coitado de mim, abusaram,
Favores nunca retornaram.
De que serve ver esses que contaram
O dinheiro que me roubaram!
E o tempo que me retiraram!
A felicidade que me furtaram!
E no fim feliz ficaram.

Enquanto eu ali...
Sozinho,
Abandonado como rafeiro,
Sozinho, parece janeiro
Neste frio, jazido fui o primeiro 
Me dava a bênção a mim...

Fui esquecido
Pelo povo que jazigua,
Apedrejado pela língua.
Que de má fama me criticam.

Pois é?! Olha para mim agora!
Hum! Sentado na tua poltrona,
Feito rei na tua zona,
Sentindo o teu poder,
Roubado, a meu crer,
Do meu sofrimento conseguiste com gloria esquecer!!

Oh pois é!
Como é perder tudo?
Amigos da fama,
Deixado de fora da própria família,
E lá fora criticado por tudo!
Mas agora?

Aí, se agora fosse antes,
Estava tão bem.
Agora?
É igual a antes, pois é?
Nada muda, nem para curar o ferida,
De tanto mato que deitam, aos meus pés adormecida.

Todos os dias deleitam,
Acabam com minhas esperanças.
Deitam fogo nas minhas crenças
E acabam em falinhas mansas.

Vou fazer, vou sofrer,
Sofrer o que sofri,
Passar o que senti,
Estragar o que perdi?

Oh não!
Vós!
Tu que me queres mal!
Tu que falas sem saber!
Sabes lá o que é viver,
Pior que via-a,
Feita freira.
Ainda vais sofrer,
Sofrer com o que fizeste,
Desprezaste e disseste
O mal de quem ajudou.

Estou tão farto!
Farto de tanto sofrer,
Farto até, enfim,
De viver,
Pensar e não querer,

Bem sequer não saber
Onde pertence este ser
Que deambula pelo mundo,
Caminha sem sequer saber onde está.
No rumo certo será?
Por que tudo acaba mal onde muitos têm poder?
Por que eu?
Por que não eles?
Fazer sofrer quem a vós fez bem?
Ah... Isso é o poder?
Se isso é poder, então não o quero.

Sou um pecador,
Meu pecado é confiar,
Crucificado por amar,
Deitado fora por ajudar.
Uau, vida incrível que sempre acabo por passar...

Meu nome é ninguémOnde histórias criam vida. Descubra agora