Meu nome é ninguém

Perdido na Escuridão

Continuo meio perdido
Na minha escuridão.
Sinto a lágrima na cara
Que nunca escorreu em vão...
É muito apenas pedir o teu perdão.

Fracassei uma vez,
E quase tudo perdi.
Vejam agora como me senti.
Fui feito para ser de ferro? Não,
Este sou eu, aquele que governo.

Sou fraco de tanta força.
Por mais que caia,
Ao de cima sempre vim.
Às vezes até pareço boneco de cetim.

Cuidado com a escuridão que pode tudo tomar,
Confortável, não nego,
Mas vai-te matar.

Mas é essa que te pode guiar,
A luz que sempre deveria estar.

Estou cansado,
O tempo não perdoou.
Fui aquele que quase morreu,
Porque o diabo quase o tomou.

Fui desperdiçar a vida que sempre quis,
Pelo conforto de Avis,
Esperava por el rei D. Sebastião,
Mas notei que o aguardo foi em vão.

Só queria ter aquele afeto,
Mas tive no inferno.
As mentiras me cercaram,
A visão e o sentido me deixaram.
Fiquei perdido,
E nunca me ajudaram.

Tentei ficar lúcido,
Mas acabei esquecido.
Essa foi a mágoa por ter-me perdido.

Nunca fui de ferro,
Sempre fui banido,
Até porque de ferro
Só tem a dor deste castigo.

Fui castigado por na noite perder,
Mas a luz teve culpa, foi embora
Para eu nunca a ver.

Agora percebo a ironia do momento:
Sempre que caio, levanto,
Mas só levanto para cair.
Então me levanto outra vez,
Só para me prevenir.

No meu caderno já fui poesia,
Mas foi é só ironia,
Feito pedaços de mania
Que no mundo da fantasia
Se chama bruxaria.

Fui um puto feliz no meu antes,
Perdi o rumo depois de aventes.
Agora quero apenas reencontrar
Aquele antigo meu
Que nunca se perdeu.

Pus na gaveta para depois usar,
Só não o encontro no meio de tanto avatar,
Pessoas com tanta abundância de falsidade,
Como cérebro cheio de ar, perdido em sua vulgaridade.