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A luz da manhã filtrava-se pelas cortinas do pequeno apartamento de Lizzy, enchendo o espaço com um brilho suave e convidativo. Ela se espreguiçou na cama, ainda de olhos fechados, e por um momento quase se esqueceu do que havia acontecido na noite anterior. Mas então, o cheiro familiar de couro e tabaco preencheu o quarto, trazendo de volta as lembranças de Damien.

Ela abriu os olhos e olhou ao redor. O apartamento era simples, com móveis minimalistas e algumas fotos antigas espalhadas pela parede, mas aquele era o seu refúgio. A pequena mesa ao lado da cama ainda tinha marcas de cinzas de cigarro, e o copo d'água estava meio cheio, restos da noite anterior.

Damien estava na cozinha, preparando café. Era estranho vê-lo ali, como se ele pertencesse a esse espaço, como se fosse algo que sempre fez parte da rotina dela. Vestindo uma camisa preta, ele se movia com a mesma confiança de sempre, mas havia algo diferente nele agora. Menos pressa, talvez. Mais atenção aos detalhes.

"Bom dia," ele disse, sem olhar para ela, enquanto mexia o café em uma caneca de cerâmica desgastada.

"Você faz café agora?" Lizzy murmurou com um leve tom de provocação, mas um sorriso tímido apareceu no rosto.

"Eu faço muitas coisas que você não se lembra, Grant." Damien se virou, e seu sorriso era genuíno, desarmando-a por completo. Ele a chamava pelo sobrenome quando queria diminuir a distância entre os dois. Um hábito antigo, cheio de lembranças.

Ela se levantou da cama, ainda um pouco hesitante, e andou até a cozinha. Aceitou a caneca de café que ele lhe entregou, o calor dela confortando suas mãos. Ficaram em silêncio por alguns momentos, apenas observando o movimento suave da rua lá fora através da janela da cozinha.

"E então?" Lizzy quebrou o silêncio, colocando a caneca na pia. "O que vem agora?"

Damien recostou-se no balcão, seus olhos fixos nos dela. "Agora, a gente vê se consegue consertar o que foi quebrado."

Lizzy riu suavemente, com uma ponta de ironia. "Você sempre fala como se fosse tão fácil."

"Eu nunca disse que seria fácil, Elizabeth" ele respondeu, sério. "Mas nada que valha a pena é."

Ela o olhou por um instante, tentando encontrar nele o Damien que havia conhecido anos atrás. Ele ainda estava lá, claro - o homem confiante e sarcástico que sempre tinha uma carta na manga. Mas algo havia mudado. Talvez o tempo, talvez a distância, talvez as dores que ambos carregavam. Mas, de alguma forma, ele parecia mais abatido.

"Eu ainda não sei se consigo confiar em você, sabe...você foi embora tão rápido, deixou seus amigos e seus carros, me deixou."

ela disse, abaixando a cabeça e tomando um gole do seu café.

Damien se aproximou devagar até que ficasse apenas a poucos centímetros dela. "Eu não estou pedindo que você confie em mim agora," ele disse, sua voz baixa e carregada de sinceridade. "Eu só quero que você me dê tempo. Tempo para mostrar que eu mudei."

Ela suspirou, sentindo o peso daquelas palavras. No fundo, sabia que ele estava sendo honesto, mas isso não apagava o que haviam passado.

"Por que agora, Damien?" ela perguntou. "Por que só agora você decidiu voltar?"

Ele desviou o olhar por um segundo, como se estivesse procurando as palavras certas. "Porque eu precisava perder você para perceber o quanto você significa para mim."

Aquilo a atingiu como um soco no estômago. Era o tipo de coisa que ela sempre quis ouvir, mas nunca esperou que ele fosse dizer. Lizzy desviou o olhar para a janela, tentando processar o que aquilo significava.

"Isso é bonito, mas... as palavras não apagam o que aconteceu," ela disse, sua voz mais suave, quase como um sussurro.

"Eu sei," Damien concordou, com um suspiro pesado. "Eu não posso mudar o passado, Lizzy. Tudo o que eu posso fazer é tentar ser melhor agora."

Lizzy olhou para ele de novo, e por um breve momento, tudo ao redor deles desapareceu. Apenas o som da respiração de ambos preenchia o silêncio do apartamento. Ela podia ver que ele estava tentando. E mesmo que o orgulho a fizesse hesitar, algo dentro dela queria dar a ele essa chance.

Antes que pudesse responder, o celular de Damien vibrou no balcão da cozinha, cortando o clima. Ele pegou o aparelho, olhando rapidamente para a tela. Seus olhos se estreitaram levemente.

"Quem é?" Lizzy perguntou, notando a mudança súbita no rosto dele.

"É trabalho," ele respondeu, colocando o celular no bolso. Mas algo em seu tom indicava que ele estava escondendo mais do que isso.

Ela franziu a testa. "Que tipo de trabalho?"

Damien hesitou por um segundo, como se estivesse tentando decidir se deveria contar a verdade ou não. Mas então, ele suspirou.

"Eu... preciso lidar com algumas coisas," ele começou. "Nada ilegal, eu prometo. Mas não posso te dar muitos detalhes agora. Só confia que estou tentando sair disso, Lizzy."

Ela cruzou os braços, olhando para ele com desconfiança. "Não é assim que reconquistamos a confiança de alguém, Damien."

Damien se aproximou devagar, segurando seu rosto com as mãos e juntando suas testas tentando suavizar o momento. "Eu sei, eu sei mas... me dá um pouco de tempo, e eu vou te mostrar."

Lizzy ponderou por um momento. Ela sabia que as coisas com Damien nunca eram simples. Sempre havia um lado oculto, algo que ele guardava para si. Mas, por algum motivo, parte dela estava disposta a arriscar, mesmo sabendo que poderia se machucar de novo.

"Tá bom," ela disse finalmente, com um suspiro. "Eu vou te dar tempo. Mas você vai voltar?"

Damien sorriu, agradecido, e segurou a mão dela. "Eu não vou te decepcionar, e sim... eu vou voltar. Nunca mais irei te deixar ir denovo, minha pequena."
Damien disse firme encarando os olhos da garota passando confiança á ela e logo deixou um beijo em sua bochecha.

Lizzy sorriu pra ele e o deixou que ele fosse mas, no fundo de sua mente enquanto ele se afastava em direção à porta, ela não pôde deixar de sentir uma inquietação crescente dentro de si. Ela sabia que algo estava por vir, algo que poderia testar essa nova promessa. E, no fundo, temia que talvez, dessa vez, fosse mais difícil do que ela imaginava.

A última chance para amarOnde histórias criam vida. Descubra agora