Extra

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Júlia narrando...

Finalmente acabei.

Toda a pesquisa sobre Almada para a feira dos bairros na segunda-feira já está pronta. Levei horas para terminar. Agora é só imprimir e acertar os últimos detalhes amanhã, agora eu preciso cair nos braços de Morpheus.

Eu estou no último ano do colegial e ainda não ideia do que quero fazer no futuro. Enquanto a impressora trabalha, sento-me na cama e pego minha revista favorita em cima do criado mudo. Gosto de modas, desenhar roupas é meu hobbies. Isso eu herdei da minha mãe. Meu pai me disse uma vez que ela desenhava vestidos, saias, blusas, sapatos. Ela criava tudo. Pessoas aproveitavam das suas criatividades e a contratavam para desenhar vestidos de casamento, quinze anos, formaturas etc. Minha mãe era muito conhecida em Ouro Preto por seus estilos caprichados e bem bolados. Mas não gostava muito da vida no campo. Papai não me falava quase nada sobre ela, somente o básico, o que eu tinha que saber. Me amava, cuidava muito bem de mim, me tratava com carinho..., papai dava a ela tudo que pedia, foi sempre um bom marido para ela, como um bom pai para mim. Minha mãe tinha uma vida rodeada de amor e ternura. Uma vida desejável para tanta gente. Mas, algo lhe faltava, pois com tudo isso, ainda nos deixou. Eu não me recordo dela, eu era muito pequena quando foi embora. Meu pai pegou tudo que pertencia a ela, roupas, sapatos, perfumes, seus desenhos, retratos dela, tudo. Jogou no lixo e queimou. E eu nem tenho uma fotografia dela. Só o que sei é o seu nome, Vitória Novais. Mas é melhor assim. Cresci sem minha mãe porque ela me abandonou. Meu pai dedicou sua vida todo a mim. Quando eu tinha nove anos, papai fechou um contrato com a transportadora Mendes, e foi aí que comprou uma casa em Juvenilia. Eu fiquei triste, pois amava viver na fazenda. Papai passou a trabalhar mais e nunca mais voltamos a Ouro Preto.

O que me deixou mais motivada, foi ter conhecido Alice. Sempre desejei ter uma irmã mais nova e Alice era para mim a irmãzinha que eu nunca tive. Aos treze anos, meu mundo desabou outra vez. Meu herói se foi e me vi sozinha no mundo. Fui acolhida com muito carinho na fazenda do Tio Jairo e tia Luíza. Nos primeiros dias eu chorava muito, apesar do carinho de ambos e da amizade de Alice, eu sentia muita a falta do meu pai...

Mas logo em seguida, conheci Gael... Todo delicado e gentil me oferecendo seu lenço para enxugar minhas lágrimas. Eu me apaixonei de primeira. Mesmo sendo um pouco mais velho que eu... uns dez anos a mais..., mas a partir daquele momento eu passei a sonhar com ele quase todas as noites. Quando chegava o dia dele vir para a fazenda, eu me arrumava toda. Colocava o meu melhor vestido, fazia um penteado bem bonito no cabelo, e até ousei colocar um pouco de maquiagem para ele me olhar e me achar bonita. Mas ele nunca reparou em mim... Nem se quer me olhava. Só tinha olhos para as belas mulheres com quem transava quase todas as noites.

Eu as invejava. Invejava seus cabelos, seu corpo de mulher, invejava suas roupas sensuais e chiques, seus sapatos de salto altos e de grife, suas bolsas de marcas famosas, seus perfumes que, por onde passava, deixava seu cheiro... Gael nunca me olharia do mesmo jeito que olhava para elas. Nunca me beijaria como as beijava, nunca me tocaria como as tocava, nunca faria comigo o que fazia com elas..., mas eu me conformava só te vê-lo por perto, sentir seu perfume madeirado que fixou no seu lenço. O lenço que guardei comigo até pouco tempo. Se não fosse Alice fuxicar minhas coisas, estaria comigo até hoje.

A morte do tio Jairo foi um baque para todos, nunca nos disse que estava doente, escondeu de nós algo tão grave e fatal. Mas Gael foi quem mais sofreu. Tanto que nem quis mais retornar a fazenda depois da morte do pai. E eu fiquei apavorada com a possibilidade de nunca mais vê-lo novamente... Até que...

Olho pela janela do meu quarto e vejo um clarão se aproximando. É ele. Só pode ser ele. O relógio marca três e meia da manhã. Fico surpresa com o horário, nem vi a hora passar. Observo para ver se ele chega com alguma mulher, como costume. Mas não é o carro que ele havia saído, é uma limosine preta. O motorista sai para abrir a porta para Gael descer. Ele parece meio desnorteado. Não vejo mulher com ele, mas ele está totalmente zonzo, parece embriagado. Decido descer para ir ao encontro dele, pode ser que precise de ajuda.

Prontamente desço as escadas e logo ele entra pela porta e se esbarra com a mesinha ao lado do sofá.

— Porra.

Paro no último degrau da escada e ele me vê. Um silêncio entre nós.

— Se esperava por um filme pornô ao vivo, perdeu seu tempo. Hoje não tem abatedouro.

A voz dele sai embargada e se enrola todo para falar. Ele está muito bêbado.

— Você tomou um porre.

Digo indo em sua direção. Ele dá uma cambaleada, mas logo se equilibra.

— É. Entornei o caneco.

Eu nunca o vi desse jeito. Mas estou achando graça. Ele joga o seu paletó no sofá e caminha em direção as escadas. — Algumas horas de sexo e uma boa bebida. Era disso que eu precisava.

Horas de sexo? Então ele transou essa noite.

Sinto um desaponto no fundo.

Passa por mim e desequilibra ao subir o terceiro degrau.

— Cuidado. Deixa-me ajudar você. Coloca seu braço no meu ombro.

Ele assim fez. Passo meu braço envolto a sua cintura. Ele me olha e eu o encaro. Seu olhar penetrante me envolve de uma maneira que me deixa sem fôlego. E pela primeira vez, o tenho mais próximo de mim e posso reparar seus olhos verdes em mim como se quisesse me devorar. — O que foi?

Pergunto num sussurro.

— Você é tão linda.

— Um elogio de Gael Mendes? Quem diria.

— Não fica se achando não, você ainda é uma pentelha para mim.

Começamos a subir as escadas. Logo chegamos em seu quarto. Eu o guio até a sua cama e ele desaba nela.

— Quero nem pensar como vai ser amanhã.

— Vai acordar com uma bela ressaca.

— Porra. Nem sei como é isso.

Vai apagando por fim...

Eu sei que o certo a fazer é me virar e sair daqui. Mas, quando terei essa oportunidade outra vez? Eu preciso tocar seu corpo, sentir seu calor. Como sonhei com isso.

Começo a tirar sua camisa, ele abre os olhos, mas volta a fechar. Passo a mão suavemente em seu peitoral firme e musculoso, me deliciando, apreciando o momento. Desço as mãos até o cós da calça, bem devagar vou tirando até o final. Observo seu membro por sobre a cueca boxer. Ousado demais tirar uma casquinha?

Olho para ele que dorme profundamente. Levo meu olhar para seu membro, um pouco nítido, pois não está ereto, mas é bem-dotado... Solto um risinho sem vergonha, imaginando tudo isso dentro de mim, me levando a loucura. Para finalizar, beijo seus lábios sedosos e macios, ele parece sentir meus lábios nos seus, retribui nitidamente sem protestar. Depois de uns minutos me "aproveitando" desse homem maravilhoso me levanto para sair. 

Tropeço em sua calça no chão, mas não chego a cair, algo me chama atenção. Mas parece um cartão, como sou muito curiosa, pego o cartão que está quase saindo do bolso.

Angel Miranda e o número de celular. 

— Angel Miranda?

Eu não acredito. Então foi com ela que ele passou a noite transando? Logo ela? 

Fico desapontada. Angel Miranda era a editora da minha revista favorita. Eu sou fã dos artigos de modas dela. Enfim, eu não tenho certeza se foi com ela que ele passou a noite, mas se foi eu não posso permitir isso. Nem ela e mais nenhuma outra...

Ela disse que sou linda. Me olhou de um jeito que nunca havia olhado antes. Na verdade, ele nunca havia me olhado. Solto outro risinho bobo lembrando do breve momento que eu estive mais próximo dele.

Eu esperei muito por ele, não posso deixá-lo escapar de mim. Não vou permitir. Eu vou fazer Gael cair aos meus pés, me desejar... Vou usar minhas maiores armas para ter esse homem para mim... Ou não me chamo Júlia Novais de Albuquerque...


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⏰ Última atualização: Nov 05 ⏰

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DOCE MENINA (Ela provoca... Eu fico louco...)Onde histórias criam vida. Descubra agora