Capítulo 5

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— Filho?

Acordei com Rosa me chamando. Não foi só um sonho e sim uma lembrança que estava bem lá no fundo da minha memória. Aquele foi o último natal que passamos em família. — Filho, tem um senhor na porta querendo falar com você.

— Não disse quem é?

— É o homem que vinha sempre falar com a dona Luiza. O tal dr. Alessandro.

— Doutor? Será que é o médico dela?

— Não. O médico que cuidava dela eu sei quem é. Esse é outro homem.

Eu adorava esse sotaque dela, bem interior...

— Vou atendê-lo no escritório.

— "Tá "certo.

Ao entrar no escritório sentir um aperto no peito, devia ser saudades, pois meu pai só vivia ali, sentado na cadeira, com a escrivaninha de madeira moldado cheia de papelada. Não estava mais daquele jeito, tudo estava bem-organizado, a prateleira que antes estava toda bagunçada, estava com tudo em seu devido lugar. Assim que me sentei, a porta se abriu e eu vi o senhor todo social entrar.

— Gael Mendes? — Veio em minha direção e me cumprimentou. — Prazer, sou Alessandro Nogueira, amigo e advogado da sua tia, que Deus a tenha.

— Muito prazer, queria se sentar, por favor.

Assim o fez.

— Eu não estava na cidade, estava em viagem a trabalho, por isso não comparecer ao enterro da sua tia. Cheguei ontem. Eu sinto muito pelo ocorrido.

— Obrigado.

— Bom, sem muitas delongas. Eu vim aqui porque tenho uns documentos que sua tia fazia questão que chegassem as suas mãos.

— Uns documentos?

— Sim. Uns meses antes dela entrar em coma ela me pediu para fazer um testamento. No nome de Alice Santos Mendes. — Ele abriu sua pasta de couro marrom e tirou uns papeis de dentro. Dedilhou umas folhas até chegar no documento certo. Estendeu para mim e eu peguei de imediato. — Nesse documento está o número da conta e da agência no nome da menina. E mais abaixo o valor do dinheiro em conta. Esse dinheiro ela vinha guardando desde quando soube que estava grávida.

Ao olhar o valor me espantei. Era uma boa quantia, 300 milhões em dólares. Alice era milionária.

— Eu soube da história de que o marido zerou sua conta, mas ele não sabia dessa conta internacional com o nome da filha. Ela continuou guardando todo esse tempo, com sua parte da transportadora e os lucros das lojas.

Minha tia foi muito esperta. Manteve essa conta em segredo, se o vagabundo soubesse, com certeza ia roubar também. — Seu pai, assinou como tutor dessa conta se caso acontecesse algo com Luíza. Mas...

— Ele foi primeiro.

— Sim. Ela ficou doente, tinha esperança de se curar, mas o médico disse que não havia mais nada a ser feito.

— Ela sabia que não ia se curar?

— Sempre soube, mas não quis contar as meninas a verdade. Então ela me pediu para incluir você como o tutor. Para cuidar dessa conta e das ações dela na transportadora. Até completar 18 anos, você vai ficar sendo responsável por todo o dinheiro dela.

Ela sabia que ia morrer e sabia que eu não negaria jamais a um pedido como aquele.

— Eu só tenho que assinar?

— Sim, bem aqui.

Apontou com o dedo indicador no papel.

Segundos depois de assinar, ele me estendeu um outro papel.

DOCE MENINA (Ela provoca... Eu fico louco...)Onde histórias criam vida. Descubra agora