Capítulo 12

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EVIE LOVELY

Fazer café-da-manhã soou como uma ideia estúpida e precipitada desde o início. Ninguém cozinha para o outro quando se trata de sexo casual. Quando a palavra "casual" aparece, entende-se que será uma noite e apenas isso. Em todas as minhas experiências anteriores alguém fazia a caminhada da vergonha para fora da residência, fosse eu com meus saltos na mão ou o cara enquanto chamava um táxi.

Por que diabos estou fazendo ovos mexidos com bacon?

Tudo bem, a desculpa inicial era que eu precisava de uma dose cavalar de cafeína para suportar o dia. Acabei usando o tempo que eu deveria ter gasto dormindo para transar e não me arrependo de nada. Estou levemente dolorida e andando de uma forma desengonçada, mas isso não atrapalha em nada a satisfação de ser bem fodida por uma noite inteira.

Minhas olheiras estão tenebrosas, mas nada que doses extras de café não resolvam.

Soube que Kane havia acordado muito antes de ele aparecer na sala. O som do chuveiro não serviu apenas como um convite nada discreto para vê-lo tomar banho, como também serviu de combustível para o meu nervosismo. Eu o vi nu em muitos ângulos diferentes nas últimas horas, não há razão para estar nervosa em encontrá-lo à luz do dia.

Ao menos foi este o argumento que me sustentou até ele aparecer desfilando pelo meu apartamento com o cabelo úmido, pés descalços e trajando apenas sua calça jeans que pende negligencialmente em seus quadris. Músculos e tatuagem em plena exibição, perturbando meus sentidos, confundindo meus pensamentos e me fazendo ignorar meu andar desastroso para mais uma rodada.

Nunca me senti tão transante em toda a minha vida.

— Bom dia. — me cumprimenta com a voz rouca.

Estou mais fodida do que pensei.

— Bom dia! — tento soar o mais tranquila possível — Com fome? Eu fiz ovos mexidos, tiras de bacon e café.

— Comida seria ótimo, obrigado. — se senta na banqueta, deixando apenas o pequeno balcão como obstáculo entre nós — Vou precisar de muito café.

— Eu estava pensando nisso também. — dou-lhe um sorriso contido e caminho até o armário para pegar as canecas.

— Você está bem?

— Sim. Fui tão bem fodida nas últimas horas que estou andando engraçado como consequência.

— Desculpe, não era a minha intenção te machucar.

— Você não me machucou e eu definitivamente não estou reclamando. — entrego a caneca para ele e me viro para pegar a jarra de café — Aliás, quando quiser brincar assim de novo, eu me ofereço como tributo.

— Somos muito bons juntos. — comenta com um meio sorriso.

— Somos. — sou obrigada a admitir — Muito.

— O time viaja para o próximo jogo em alguns dias. — fala enquanto eu monto um prato grande para ele. Um cara desse tamanho deve comer bastante — Quer fazer alguma coisa até lá?

— Por mim, tudo bem. Quando quer sair?

— Amanhã? Uma boa noite de sono seria bom para nós dois antes do próximo encontro.

— Eu não posso prometer sexo selvagem de novo. Preciso descansar a região entre as minhas pernas.

— Não estou te chamando para sair só para transar com você, Evie.

— Não? — minha voz soou mais emocionada do que eu pretendia.

— Não. Só conversar.

Sua resposta me causou aquela sensação engraçada na barriga, o que acionou todos os meus alarmes internos. Não posso desenvolver sentimentos por esse homem, muito menos com essa velocidade. Preciso reassumir o controle dos meus sentimentos e deixar que a minha racionalidade fale mais alto. Estou emocionada depois da noite que tivemos, só podem ser os hormônios da felicidade.

Eles são um perigo constante.

— Como veio parar em Montana? — mudo o foco da conversa por completo e Kane percebe isso, mas não faz nenhum comentário a respeito.

— Meu antigo time me vendeu para o Emperors. — agradece ao receber o prato bem abastecido de comida — Eu não estive entre as primeiras escolhas do draft, mas também não estive entre as últimas. Um time da Flórida apostou em mim, mas não apresentei os resultados que eles esperavam. Meu início na liga profissional não foi dos melhores. Dois anos depois o Emperors fez uma oferta por mim e aqui estou desde então. Minha carreira deslanchou, consegui um bom reconhecimento e vivo muito bem nesse momento de neve.

— Não pensa em trocar de time?

— Sinceramente? Não. O Emperors me quis quando todos estavam desacreditando de mim. Consegui me estabelecer aqui e pretendo seguir até a aposentadoria. — come garfadas generosas de ovos mexidos e toma um longo gole de café — E você? Por que voltar para Missoula?

— Sempre tive um carinho por Missoula. Foi o lugar me que nasci, onde passei boa parte da minha infância e onde tive minhas melhores memórias. Sempre voltávamos para Missoula para visitar minha avó e Kelly. Meus pais estavam em constante mudança, então qualquer noção de lar que eu tive enquanto cresci se remetia a Missoula.

— Por que se mudou tanto?

— Meu pai era militar. Íamos para onde mandavam ele ir.

— Não deve ter sido fácil.

— O fluxo de mudanças não era o problema, ser birracial em alguns lugares sim. Algumas cidades podem ter comunidade muito preconceituosas e lhes parece absurdo ter um cara negro casado com uma mulher branca.

Um reflexo da Guerra Civil até os dias de hoje, infelizmente. Os estados do sul tendem a ser mais intolerantes e racistas, especialmente em cidades menores. É assustador que a mentalidade de algumas pessoas não tenha mudado desde 1860. Meu pai era um bom homem, um marido atencioso e pai amoroso que dedicou sua vida a proteger e servir o país.

Eu me considero uma mistura perfeita dos meus pais. Os cabelos escuros e encaracolados do meu pai e os olhos verdes da minha mãe. Sou o resultado de uma linda história de amor que enfrentou muitas adversidades para encontrar o seu final feliz e me orgulho muito por ser filha deles.

— Meu pai adotou o sobrenome da minha mãe quando eles se casaram. Eu não tenho ideia de como ele conseguia impor respeito ao ser chamado de Sargento Lovely*.

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Sargento Lovely - Em tradução livre, Sargento Amável, adorável, encantador.

Apenas uma Conquista - Jogadores #3Onde histórias criam vida. Descubra agora