Capítulo 15

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JOE KANE

Mal consigo esconder meu fascínio enquanto assisto Evie comer. É como um espetáculo erótico particular e em câmera lenta, uma tortura deliciosa. Ela pega um pouco do filé mignon e um pouco de aligot, levando o garfo até a boca. Seus olhos se fecham e ela emite um gemido que me faz tremer por dentro, Evie saboreia a comida e eu estou ansioso para saboreá-la.

Ela é digna de uma obra de arte clássica. Os melhores artistas de todos os tempos não conseguiriam capturar com exatidão o espetáculo de beleza que essa mulher é. Sua boca carnuda se movimenta à medida que ela mastiga e juro que não consigo controlar os pensamentos explícitos em minha mente.

— Está divino. — seus olhos esverdeados se abrem, fazendo meu coração errar um compasso.

— Fico feliz que tenha gostado. — pego minha taça para um gole controlado de vinho.

— Você sabe como impressionar uma mulher.

— Não preciso impressionar ninguém, apenas você.

Pela primeira vez desde que a conheci sou agraciado com a vista de suas bochechas enrubescerem. Uma tonalidade rosada que a deixa ainda mais bela. Não esperava que Evie se sentisse tímida com um comentário tão sincero, mas aqui estamos.

E mais uma vez sei que estou fodido.

— Você é muito galanteador, Kane. — dessa vez é Evie quem toma um gole de vinho — Isso é perigoso.

— Por que perigoso?

— Porque me faz desejar coisas que não posso ter.

— Talvez não devamos nos preocupar demais com o futuro, — cubro sua mão sobre a mesa com a minha — apenas aproveitar o momento.

— Nós aproveitamos muito juntos.

— Exatamente. — dou-lhe um meio sorriso.

Evie abre um grande sorriso em resposta e sinto um aperto diferente no peito. Em algum lugar na minha cabeça posso ouvir meu tio me chamando de idiota por saber no que estou me metendo e continuar insistindo. Relacionamentos nunca foram motivo de felicidade ou segurança. Éramos apenas nós dois, sem mulheres, sem relacionamentos, apenas encontros casuais por sexo.

Na faculdade eu tentei namorar, com o fluxo de festas em irmandades, não durou muito tempo. Minha próxima e última tentativa foi no meu segundo ano na liga profissional. Comecei um namoro com uma aspirante a influenciadora digital e a falta de privacidade acabou com tudo. Tenho minha imagem exposta por ser um jogador, gravo vídeos e faço campanhas para o time, faço propagandas porque a minha imagem vende, mas quando estou em casa quero paz e privacidade, não alguém gravando tudo o que estou fazendo ou comendo dentro da minha própria casa.

Ela estava tentando crescer na internet, ser uma influenciadora de estilo de vida e essas merdas. A forma mais prática era me gravar para atrair público. No inicio eu não me incomodava, ajudá-la com seu objetivo era legal, mas começou a ficar invasivo demais, expositivo demais.

Conseguimos durar oito meses.

— Não sou muito boa com relacionamentos, sabia? — Evie pega outra garfada de filé mignon e sinto inveja do garfo.

— Você? Eu duvido.

— É verdade. Tentei algumas vezes, mas nada produtivo de verdade.

— Acho que somos mais parecidos do que pensamos. — solto sua mão e decido finalmente comer minha comida — Eu também não tenho um bom histórico de relacionamentos.

— Seu tio não gostava que você levasse namoradinhas em casa?

— Tínhamos um acordo silencioso de não assumir relacionamentos. Meu tio não tinha o menor tato com as mulheres e preferia manter tudo no sexo. Assistíamos hóquei juntos, jogávamos futebol no jardim e à noite ele saía para algum encontro enquanto eu assistia filmes. Na adolescência, comecei a replicar o comportamento dele.

— Era o que você conhecia. — dá de ombros, tentando me compreender.

— E você? Seu pai enlouquecia quando você aparecia com algum namorado?

— Meu pai foi o homem mais tranquilo que já conheci. Nesse ponto, minha mãe era bem mais preocupada e recitava uma lista de cuidados que eu devia tomar sempre que eu saía com algum namoradinho.

— Não posso acreditar!

— É sério! Meu pai sempre disse que herdei o gênio dele e se eu quisesse fazer estrago, simplesmente faria.

— Se o seu pai tinha esse pensamento, não quero imaginar o nível de danos que você pode causar.

— Minha mãe aguentou meu pai e eu por muitos anos, como uma santa! — balança a cabeça em negação com um sorriso divertido no rosto.

— Qual o lugar mais legal em que você já viveu?

— O mais legal foi na Turquia, acho que foi o lugar que conseguimos viver por mais tempo.

— E o mais diferente?

— Polônia. As pessoas não são muito receptivas por lá.

— Em quantos países você já morou?

— Além dos Estados Unidos, morei no Canadá, Turquia, Polônia e Hungria. Nunca passávamos mais que um ano em cada lugar, exceto na Turquia, passamos dois e meio por lá.

— Deve ter sido uma loucura fazer mudanças com tanta constância.

— Minha mãe tinha um esquema próprio para organizar a mudança de maneira prática. Nunca consegui chegar nesse nível de organização.

— E depois que eles morreram. Você fixou residência?

— Não. Assim que terminei o curso de fotografia rodei vários estados procurando por um lugar para chamar de lar, consegui passar um ano inteiro em Chicago antes de aceitar que estava na hora de voltar para Missoula. Kelly é minha única parente viva e é legal morar perto dela de novo, principalmente agora que ela está formando sua própria família.

— Sua prima conseguiu fazer milagre com Smith. Dada a rabugice dele, eu podia jurar que ele acabaria sozinho e aposentado em alguma fazenda longe da civilização.

— Ele pode se aposentar em uma fazenda, mas com Kelly na vida dele, nunca conseguirá se afastar por completo das pessoas. Ela ama casa cheia e barulhenta.

— Isso é bom. Ela faz bem para ele.

— Ele a faz feliz.

— Pode ser um mal das garotas Lovely. — comento — Elas nos tiram da zona de conforto de uma forma boa.

Apenas uma Conquista - Jogadores #3Onde histórias criam vida. Descubra agora