5- Sob a sombra da saudade

4 1 0
                                    

A escuridão da noite engolia o quarto de Bakugou Katsuki, deixando apenas as luzes da cidade ao longe piscarem como lembranças ao longe. Ele estava sozinho. Kirishima havia saído cedo naquela manhã, preocupado com o amigo, mas sabendo que Bakugou precisava de tempo. Porém, aquele tempo sozinho não trazia a paz que o loiro tanto buscava. Na verdade, só aprofundava o vazio que ele carregava consigo desde a perda de suas esperanças.

Bakugou se jogou no sofá, o olhar perdido no teto, mas sua mente vagava em lugares que ele odiava revisitar. Aquele telefonema de Izuku havia sido a última gota. Não era nada demais, apenas uma mensagem amigável, uma tentativa de reconectar de forma casual. Mas para Bakugou, era mais uma faca cravada em seu peito. Cada palavra trocada trazia à tona lembranças do que eles tinham, e mais ainda, do que ele nunca pôde ter.

— Por que você ainda tá me prendendo, Deku? — murmurou para si mesmo, os olhos ardendo com lágrimas que ele se recusava a deixar cair.

Ele se levantou bruscamente, incapaz de suportar o peso de seus próprios pensamentos. O apartamento parecia sufocante. Cada canto carregava uma lembrança, uma sombra do passado. A foto deles juntos, guardada no fundo da gaveta, de repente parecia irradiar culpa. Bakugou sentiu o peito apertar, uma pressão familiar, porém mais intensa, e sabia que não poderia fugir disso por muito mais tempo.

De repente, sua visão começou a falhar, as luzes piscando mais do que o normal. Seu corpo perdeu o equilíbrio por um segundo, e ele caiu de joelhos no chão frio. O ar faltava em seus pulmões, e a mente estava confusa. O que estava acontecendo? Ele tentou se levantar, mas as forças o abandonaram, o deixando paralisado no meio da sala.

Foi então que ele o viu.

— Kat... — A voz suave, mas firme, ecoou pelo quarto. Bakugou arregalou os olhos, seu coração disparando. Ali, à sua frente, estava quem ele tanto ansiava por atenção. Ele parecia exatamente como da última vez que se viram, mas algo em sua presença era etéreo, quase como uma miragem. Era um sonho? Uma alucinação?

— Deku... — Bakugou sussurrou, a voz falhando. Ele estendeu a mão, tentando tocar Izuku, mas seus dedos passaram pelo ar vazio, como se o esverdeado fosse feito de fumaça. A frustração subiu por sua garganta como um grito preso.

Izuku se aproximou mais, o olhar triste, como se sentisse a dor que Bakugou carregava há tanto tempo.

— Por que você não consegue me deixar ir, Kacchan? — A pergunta era direta, mas não havia julgamento em sua voz. Apenas tristeza. — Eu tentei... tentei tanto te ajudar, te entender. Mas você nunca quis que eu ficasse. Você sempre me afastou.

Bakugou sentiu o peito se apertar ainda mais. Ele queria gritar que não era verdade, que ele queria Izuku mais do que qualquer coisa no mundo. Mas as palavras se negavam a sair. No fundo, ele sabia que Izuku estava certo. Ele havia afastado o esverdeado, tinha construído muros altos demais, e agora estava pagando o preço.

— Eu... — Bakugou finalmente conseguiu sussurrar algo, os olhos fixos no chão. — Eu não sei como continuar sem você.

Izuku se ajoelhou diante dele, a expressão suave, porém firme.

— Você precisa parar de se machucar por algo que já se foi. Eu... eu segui em frente, Kat. Você precisa fazer o mesmo.

Bakugou sentiu uma onda de desespero tomar conta de seu corpo. As palavras de Izuku eram como facas cravadas em sua alma. Ele queria se libertar dessa dor, mas era como se estivesse preso em um ciclo interminável de autodestruição.

— Eu não consigo... Eu não quero... — Bakugou murmurou, os olhos finalmente se encontrando com os de Izuku. — Eu tentei, mas... não importa o que eu faça, você tá sempre aqui. Em todos os lugares. E eu não aguento mais.

Inatingível Onde histórias criam vida. Descubra agora