Fever

4 0 0
                                    

Com muito custo, paro de chorar no banheiro da empresa. A vergonha, pois estava entrando algumas meninas, me incentivaram a parar de chorar também. Porém, ainda tive que ficar na cabine, esperando a coloração avermelhada sair dos meus olhos. Odeio chorar,  me dar dor de cabeça e me deixa com sono. E odeio ter que trabalhar quando a coisa que mais queria era estar deitada em uma cama confortável e quentinha.

Mal havia voltado para o escritório e Melissa me solicita que eu vá até sua sala. Ela havia me chamado por uma ligação bem curta, e só com poucos segundos percebi o estresse em sua voz. A última coisa que queria era enfrentar a Melissa estressada. Mas estamos em um ambiente de trabalho, quem não está estressado?

— Oi, minha chefinha querida? — Falei já sabendo que estava brincando com o fogo. Melissa não iria aceitar nenhuma gracinha nesse nível de estresse. E seu olhar mortal para mim, só confirmou que por pouco eu me queimava. — O que aconteceu? — Mudo meu tom para solidário, e me sento na sua frente para escutar o que ela tem para me dizer.

— 'Tô estressada! 

— Isso eu já sei. — Digo baixo. — Mas fala., o que aconteceu?

— Matheus, aconteceu. — Diz inicialmente. E mesmo não sabendo detalhes, também me estresso pelo seu nome.

Matheus é o irmão mais velho de Melissa. E ser mais velho não significa mais maturidade e responsabilidade. Ele é o completo oposto desses dois, sendo um completo inconsequente. Enquanto Melissa aproveitou tudo que a vida lhe ofereceu para ter uma vida profissional com qualidade, Matheus desperdiçou todas, e aproveitou a qualidade de vida de seus pais para farrar.

Se não fosse por suas más decisões, Matheus seria um Ceo como Melissa, porém desistiu da faculdade e viveu sua vida anoitada com sua mesada. Mas o pai deles perdeu a paciência e fez com que ele fosse terminar os estudos no exterior, dando assim, mais uma chance para ele crescer na vida.

E o Daniel, que é o melhor amigo do Matheus, vivia uma vida bem parecida com a dele. Então, também decidiu ir estudar fora e se tratar, pois tomou consciência e queria mudar. Desta maneira, quando vi o Daniel, imaginei que o Matheus também iria voltar, porém mais uma vez o garoto desapareceu por sabe Deus o porquê.

Melissa tem seus motivos mais pessoais por está estressada por causa do Matheus, mas meu motivo é simples, além de achá-lo insuportável, ele vivia dando em cima de mim, não aguentava e nem aguento este garoto.

— E o que ele aprontou desta vez? — Pergunto, pois Melissa não havia me falado o problema exato.

— Aprontou ainda nada, mas está voltando, então terá tempo de sobra 'pra aprontar. Caso não tenha encontrado juízo. — Diz. — Mas, o problema realmente, no qual não é tanto comparado com o que meu pai pretendia a princípio, é que eu terei que organizar uma festa de boas vindas para o Matheus. — Se levanta na mesa impaciente. — Você me entende, Aurora? Uma festa para seu filhinho só porque finalmente terá um trabalho. Quando eu apenas recebi um jantar de comemoração quando recebi o cargo que estou agora. Eu acho uma injustiça, não por mim, mas com muitos outros que se esforçam para crescer. Matheus não terá ainda um cargo grande, ainda estará em treinamento, que aliás, eu quase fiquei encarregada de orientá-lo, mas graças a Deus consegui passar para outra pessoa. — Massageia suas têmporas ao estresse.

— Eu te entendo. Seu pai está querendo comemorar algo que nem é certo, quem garante que o Matheus mudou? E por que uma festa, se um grande problema é que o Matheus não saia de uma, e agora lhe oferece uma de mão beijada? E como você disse, nem é um cargo grande, o que tem para comemorar?

— Comemorar que o primogênito, filho homem, finalmente está "apto" para trabalhar e herdar a empresa no futuro. — Fez sinal de aspas com as mãos. — Grande machismo do caralho. — Volta a se sentar na mexa, se jogando cansada.

Then You CameOnde histórias criam vida. Descubra agora