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Cento e doze perguntas.
Bakugo levou horas elaborando cada uma delas, para no fim, descobrir que apenas perdeu tempo. Ele releu algumas vezes aquela lista de perguntas, percebendo que boa parte delas simplesmente não serviria para Shinkai, perguntas essas que quando Bakugo pensou nelas, tinha como único intuito fazer com que a garota falasse, mas de que adiantaria se ela sequer teria o que responder?
Ele largou a lista de perguntas escutando o papel farfalhar até cair no chão e assim voltou a encarar o teto do quarto sentindo uma onda de frustração o alcançar. O loiro chegou a pensar em realmente falar com Aizawa ou Yaoyorozu para ter certeza de que a idiota não estava tentando fazer ele de otário, mas no fim não o fez, pois sentia que apesar de estranho, não parecia ser mentira.
Era frustrante perceber que todo o empenho que colocou naquele plano idiota simplesmente não fazia o menor sentido. Que toda a expectativa que criou, todos os cenários hipotéticos, todas as respostas prontas que tinha para lidar com ela simplesmente não serviam. Simples, Shinkai não era capaz de sentir, e como não era capaz de sentir, não era de se importar, ou de se preocupar, ou de se aborrecer com qualquer merda que Bakugo tenha pensado inicialmente.
Tudo não passou de um desgaste de energia completamente desnecessário.
Mas era inquietante, e Bakugo nunca foi um gênio em inteligência emocional, às vezes a raiva ainda levava a melhor em algumas ocasiões, às vezes ele ainda precisava parar e respirar várias vezes para limpar a mente do turbilhão de emoções com as quais estava habituado. A sensação calorosa e ardente da empolgação que o assumia cada vez que colocava o traje ou quando estava no estágio, ou quando entrava em uma batalha ou duelo.
A sensação de vitória, a alegria pulsante de conseguir superar um objetivo, se superar. A ansiedade de esperar o que o aguardava no futuro. Ele poderia não ser bom lidando com seus sentimentos, mas odiaria viver sem eles.
Ele nunca imaginou que valorizaria algo tão básico e inerente ao ser humano, até se dar conta de que alguém existia na completa falta dela.
Foi desconcertante, chocante e inegavelmente deprimente.
Não que Shinkai precise de algum sentimento de pena, afinal, sua falta também era uma cura. Mantendo-a aparentemente em um estado inerte, onde provavelmente o mundo ao redor só era... como ela havia dito? Tedioso, e provavelmente só usou essa palavra para que Bakugo conseguisse entender que para ela tudo era apenas vazio de significado.
- E aí, bro? - Bakugo resmungou ruidosamente quando a porta do seu quarto foi escancarada. - Ih, pela sua cara eu acho que deu merda.
Porque mesmo ele teve que contar a Kirishima sobre sua ideia de merda? Porra, mas que caralho.
- Vai se foder, seu otário. - praguejou enquanto escutava o amigo puxar a cadeira da escrivaninha para se sentar.