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O terceiro ano do curso de heróis chegou muito mais rápido do que a turma foi capaz de perceber, e por mais que todos soubessem que após três anos esse dia chegaria, ainda era estranho se dar conta que em menos de um ano eles abandonariam os dias de aula, estágios e treinamento e encarariam a realidade de ser um herói.
Mais estranho ainda foi para Bakugo se dar conta de que a sensação estranha que andava o incomodando nos últimos dias era justamente a estranha mistura de melancolia, nostalgia e antecipação. Como se um relógio contasse regressivamente os seus dias ali e só agora ele percebeu que um dia as horas, minutos e segundos chegaria à zero e então, acabaria.
Simples assim.
As rotinas, o convívio e até mesmo as coisas que o loiro considerava profundamente irritantes em breve não passariam de lembranças, e que conforme o tempo fosse passando elas ficariam ainda mais distantes, cada vez menos nítidas, pouco a pouco ele teria dificuldades para se lembrar dos rostos e nomes, talvez esquecesse de alguns completamente.
A consciência disso trouxe um peso que ele não esperava, um sentimento de que algo precioso estava prestes a se esvair.
Odiava se sentir assim, não queria.
Bakugo era desapegado demais para se sentir minimamente afetado com a iminência da formatura, mas ainda sim, estava.
Ele escutava ao longe a voz do professor Aizawa, o único grande culpado pela repentina reflexão do loiro. Ele havia proposto a porcaria de uma atividade em dupla que de imediato Bakugo julgou como a maior baboseira já dita na história da humanidade. Mas aí, ele falou e falou, e quando se deu conta, Bakugo percebeu que Aizawa estava basicamente descrevendo toda aquela merda que até então o incomodava e ele não sabia o motivo.
Mas Bakugo não deveria se importar com esse tipo de porcaria?
Quem liga se ele vai esquecer da maioria dos extras? Quem liga se em um ano ele não estará mais sentado naquela maldita cadeira, quem se importa se ele nunca mais vai subir até o terraço da escola (apesar de ser proibido) e escutar seus amigos conversando qualquer idiotice insignificante enquanto o sol se põe?
Quem se importa?
- Ficou claro para todos? - perguntou Aizawa a frente da turma.
Todos assentiram, inacreditavelmente, ao que parece todo mundo realmente prestou atenção naquela merda do cacete. A atividade em si não teria um peso muito grande na grade de notas, mas como Aizawa gentilmente mencionou antes de tudo, eles estavam se preparando para serem heróis, e ser um herói também significa responsabilidade e comprometimento, o que também significa que eles precisam ser responsáveis e comprometidos antes mesmo de pegar a licença profissional.
Manipuladorzinho barato, isso sim.
Era uma atividade que estimulava o conhecimento mútuo, e alguma merda de fortalecimento de vínculos entre os alunos que não tiveram tanto contato durante os três anos de curso, seria uma forma de proporcionar uma oportunidade para compartilhar experiências e alguma outra porcaria sobre ter algo importante a aprender com o outro.
