[🧡] chapter two - tenderly, two against three

295 27 44
                                    

Parece que você tem uma escolha a fazer
Esse casulo é branco e seu para se libertar
De qualquer jeito, ainda é melhor assim
Tudo que eu preciso é uma promessa que eu possa manter para mim

Two Against Three, Daisy Jones & The Six
_______________________________

07:34
Istambul, Turquia

– Quando eu disse que queria adiar o brunch de domingo para sábado, vocês analfabetas funcionais não entenderam que era para o sábado que vem e não hoje, ou simplesmente ignoraram pra me encher o saco?

Sim! – Naiane assentiu, ignorando o insulto, e aparentemente também o contexto.

Eu entendi. – Rosamaria deu de ombros, nem um pingo de culpa evidente em sua expressão convicta. Na verdade, a oposta não fez questão de esconder que estava bisbilhotando o que estava atrás da figura de sua amiga. – Mas escolhi ignorar essa tua desculpa furada. Onde você tá?

Roberta suspirou em derrota, quase encolhendo na cadeira acolchoada da cafeteria sob os olhares curiosos das duas amigas, e desviou suas írises da tela do celular para encarar um fio solto na ponta do tecido do cachecol ao redor de seu pescoço como se fosse a coisa mais interessante do mundo.

– Ah, eu tô tomando café. – Respondeu depois de alguns segundos, olhando novamente para seu celular.

Não pague de doida, sua salafrária! – A loira apontou o dedo para a câmera, seu jeitinho mandão frisando sua fala. – Tu só cancela o brunch quando tá aprontando alguma.

Seria esse o retorno da Leno Brega de calcinha da Polônia? – Naiane provocou, quase cantarolando em seu sotaque paraense. – A mais querida pelas raparigas da Europa!

Quem porra é Leno Brega? – Rosamaria franziu o cenho, mas balançou a cabeça ao lembrar de seu objetivo, e tornou a olhar para Roberta. – Enfim, diz logo-  

Meu pinto é uma alavanca, o meu saco é uma marreta, – Naiane começou a entoar em um volume ridiculamente alto, alheia ao corte de Rosamaria segundos antes devido ao delay da chamada. – Vou até no fim do mundo por causa de uma bucet-

– Eu odeio vocês, puta que pariu. – Roberta resmungou, bochechas enrubescendo com a obscenidade da conversa como se as poucas pessoas ali perto pudessem entender.

Odeia nada! Agora fala logo Betinha, que amanhã eu tenho pilates bem cedinho. – A morena pediu, puxando a coberta que tinha sobre si para cobrir-lhe até o pescoço.

A levantadora suspirou outra vez, se dando por vencida, e enquanto procurava uma resposta que não revelasse a verdade por completo e nem mentisse, xingou a sua eu de cinco minutos atrás por achar que seria inteligente mandar mensagem para as duas fofoqueiras que chamava de amigas justo quando estava tentando fazer algo que não havia lhes contado que iria fazer.

Quer dizer, não é como se estivesse fazendo de tudo para esconder que estava negociando com outro clube, mas queria contar quando tivesse uma proposta certa, e pronta para ouvir as opiniões que elas certamente teriam sobre, o que ela com certeza não estava no momento. Não quando tudo dizia sim e parecia certo apesar de ainda não ter todos os fatos, prós e contras, enquanto seu lado racional estava pisando com tudo no freio por ser negligenciado.

Seus olhos voaram da tela do celular para o balcão, procurando as três pessoas que queria achar, e percebeu que tinha pouco tempo quando viu que Macris, Julia e Diana já haviam feito seus pedidos, e que a qualquer momento eles podiam sair.

ceilings • rocris Onde histórias criam vida. Descubra agora