ceilings • rocris

[🤍] post-credit scene: she knows

Isso definitivamente não era algo que Julia deveria estar fazendo.

Não que importasse muito, pois Julia Bergmann era mestre em fazer coisas que não devia, como por exemplo, abrir uma latinha de redbull às onze da noite em uma noite de meio de semana – o treino de amanhã provavelmente ia ser uma merda com a sua eventual depravação do sono, mas ei, em sua defesa, velhos hábitos da faculdade eram difíceis de desencanar.

Também não devia ter roubado o doritos que tinha pegado emprestado (sem avisar) do estoque escondido de besteiras de Diana, mas estava morrendo de fome depois de passar a noite empacotando as coisas de Macris, e tinha ficado com vergonha de pedir mais um pão de queijo vegano quando já tinha comido uns seis ou sete.

No entanto, essa trapalhada provavelmente levava o troféu de coisas que ela não deveria fazer – ou ver, melhor dizendo.

Estava vendo as filmagens do dia, as imagens que ela e Diana haviam feito durante o dia para o cinegrafista de Sem Bloqueio, e a central demorou tanto no banho, que Julia havia passado pelo total de 40 minutos de conteúdo útil – tinha pelo menos 14 minutos de filmagem que era apenas o resultado de Diana esquecer de parar a gravação – que haviam conseguido capturar. Até que percebeu que depois da briga das panelas, Diana havia novamente esquecido de apertar no botão para cessar de gravar.

– Di, tu esqueceu de parar de gravar de novo!  – Berrou do sofá, e encheu a boca de doritos. – Bocó.

Fez menção de pular para o final, para então poder cortar o que era útil, até que viu um movimento anormal. A ruiva parou de mastigar, e rebobinou o vídeo tocando um dedo grudento e alaranjado na tela de seu tablet, refletindo na tela da TV a qual o aparelho estava conectado, olhos como de águia assistindo o desenrolar da cena.

Embora não tão bem focada, a câmera estava apontada para o que era Macris olhando algumas fotos antigas, que rapidamente se tornou uma Macris sorridente enquanto falava no celular com alguém, se o jeito que ela digitava e ficava mexendo no colar dela como um tique eram alguns sinais, e isso com certeza era algo novo. Nem com uma certa loira havia sido assim...

Julia franziu o cenho em curiosidade, que somente aumentou quando Macris largou o celular e começou a se emperiquitar que nem uma adolescente afobada, e segundos depois atendeu o que parecia ser uma chamada de vídeo. Estranhamente, ou nem tanto, seu sorriso continuou no lugar, até que ela desapareceu pelo corredor, e para o seu desgosto, o microfone estava inconvenientemente abafado ao ponto de somente captar o áudio da televisão.

Adiantou o vídeo alguns minutos, pouco esperançosa de achar algo concreto antes do final do vídeo, até que a levantadora voltou, rindo mais largo ainda – como se isso fosse sequer possível – e o pior: corando que nem um camarão até que uma notificação de pouca memória encerrou automaticamente a filmagem.

– Filho da puta! – Ralhou, de novo com a boca cheia.

– Olha a boca, Juliamaria. – Diana deu um chute fraco no sofá onde ela estava esparramada, e passou para estender sua toalha na varanda.

– Di, Di, Di! Você precisa ver isso! – Julia rogou, um pouco animada demais uma vez que o energético bateu, e segurou no braço da central quando ela estava vindo de volta da varanda, quase a obrigando a sentar no sofá ao seu lado. – Você sabe ler lábios, não é?

– Talvez. É pra você criticar meu trabalho mediano de cinegrafista? Só porquê você é a maior freguesa do Letterboxd não te dá o direito-

– Dessa vez não, – A ruiva balançou a cabeça, focada em voltar para o minuto exato em que tudo começou. – Mas como cameraman, você é uma ótima jogadora de vôlei.

– Tá bom, tá bom! – Diana revirou os olhos e lhe deu um empurrão no braço. – Vai logo que eu tô morrendo de sono.

Como pedido, Julia soltou o play, e observou de perto as reações de sua colega, se perguntando se ela também veria o que havia visto. Diana franziu o cenho, curiosa, então arregalou os olhos, e olhou para o lado em surpresa. 

– Isso tá muito...

– Açucarado? – A ponteira completou, com um levantar de sobrancelhas.

– Eu ia dizer estranho, mas sim, eu acho. A gente não tá bisbilhotando muito não, Ju?

– Di, quando foi a última vez que a gente viu a Macris feliz assim?

A central piscou, tentando pensar em uma resposta, e Julia deu de ombros quando viu que havia razão.

– É apenas justo que a gente cuide dela igual ela cuida de nós, não acha?

– Você só tá dizendo isso pra poder bisbilhotar sem peso na consciência. – Diana cutucou seu braço, um vício vindo da convivência com a levantadora. – Mas sim, eu quero muito ver ela feliz. E pra sua sorte, eu também tô com sede de uma fofoquinha, então solta aí.

Julia deu um soquinho no ar em comemoração, e elas voltaram a atenção para a tela justo quando Macris retornou do corredor, e para a sorte das duas, a câmera manteve o foco melhor dessa vez, lhes rendendo uma imagem mais clara.

– Faria o mesmo por mim. Alguma coisa e pode deixar. Boa noite... boa noite Rô? – Diana leu, olhos cerrados em concentração, então começou a estapear o braço de Julia em exaspero. – Boa noite, Rô! ELA DISSE BOA NOITE RÔ!

– Cala. A. Boca! – A ruiva arquejou, com uma mão incrédula cobrindo sua boca enquanto a outra estapeava Diana de volta.

A última vez que Julia tinha sido feliz assim foi quando viu a capa da Chanel do Luke Skywalker no último episódio da segunda temporada de The Mandalorian.

Com uma mão trêmula e ainda entre risadinhas com Diana, a ponteira entrou no aplicativo do Facetime, procurando o contato de quem faltava saber da novidade.

– Aninha, tu não sabe da maior!

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notas da autora:

surpresaaaa!! eu disse que a próxima att era em saquarema, mas eu tirei essa cena aqui do capitulo passado e eu precisava encaixar em algum lugar, e como uma boa marvete, eu tive a ideia de adicionar tipo uma cena pós crédito a cada dois ou três capítulos, com o ponto de vista de alguém que nao seja as nossas queridas

espero que gostem!! beijinhos e valeu galerinha da moral, fui 💋