Capítulo único- Mark of the Past

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O crepitar das chamas no centro do círculo ecoava na floresta, como um sussurro antigo, repleto de segredos que apenas o tempo e as bruxas ali presentes poderiam entender. Era uma reunião como tantas outras, onde o Coven se encontrava para discutir os mistérios do mundo e as marcas deixadas por suas batalhas. O fogo lançava sombras na terra, esquentando as feiticeiras que se sentavam ao redor da chama, conversando entre si. A atmosfera era densa, carregada de memórias dolorosas e silêncios entrecortados por palavras cuidadosamente escolhidas.

Agatha estava sentada, sua postura ereta e o olhar distante, como sempre. Ela mantinha um certo distanciamento, mesmo ali entre as suas, suas mãos unidas no colo, os olhos fixos no fogo, mas a mente vagando por lugares mais sombrios. Seus lábios, que raramente se curvavam em um sorriso, estavam apertados numa linha fina. Rio Vidal, a figura envolta em um manto negro, estava ao seu lado. Entre elas, a tensão era palpável, um fio quase invisível, mas impossível de ignorar.

As bruxas discutiam cicatrizes. Não apenas as físicas, que o tempo e o poder podiam curar, mas aquelas invisíveis, que se cravavam na alma e nunca desapareciam. Uma delas falava sobre uma marca que havia ganho em uma luta com um demônio; outra contava sobre a perda de um amor. Elas partilhavam suas histórias, trocando olhares cúmplices e pesarosos.

Foi então que Rio, com sua voz grave e melancólica, interrompeu a quietude. "Eu tenho uma cicatriz," disse, as palavras flutuando no ar como um veneno doce. Todos os olhos se voltaram para ela. "Um longo tempo atrás, eu amei alguém... e tive que fazer algo que não queria fazer, mesmo sabendo que era o meu trabalho." Ela fez uma pausa, o rosto inexpressivo, mas os olhos brilhando com uma tristeza antiga. "Eu a machuquei."

Agatha, que até então parecia alheia à conversa, ergueu o olhar, seus olhos fixando-se em Rio. O tempo congelou. As outras bruxas, conscientes da história entre aquelas duas, desviaram o olhar, permitindo que a revelação pairasse sobre elas sem interrupção.

Rio continuou, sua voz um pouco mais suave, mas ainda carregada de um peso que era difícil de sustentar. "Ela é a minha cicatriz."

Essas palavras cortaram o silêncio como uma lâmina afiada. As outras bruxas podiam não entender completamente, mas sabiam que algo profundo estava sendo revelado ali, algo que transcendia a simples troca de histórias.

Agatha se levantou, como que para afastar a intensidade do momento. "Vou esticar as pernas," disse, quase casualmente, mas havia uma urgência em seus movimentos, um desejo de fugir daquele sentimento que começava a sufocar o ar. Ela saiu do círculo, e Rio a seguiu.

Elas caminharam em silêncio, seus passos ecoando pelas pedras frias. O som das risadas e vozes das outras bruxas foi ficando para trás, até que elas se encontraram sozinhas, o brilho das chamas distantes mal iluminando os contornos de suas figuras. O silêncio entre elas era espesso, como uma névoa que se recusava a dispersar. Não havia necessidade de palavras, pois o que havia entre Agatha e Rio era muito mais profundo do que o que poderia ser dito.

Finalmente, Agatha parou, o corpo rígido, os braços ao lado do corpo como se estivesse tentando conter algo dentro de si. Rio parou atrás dela, sua presença era avassaladora, um lembrete constante da perda que ambas haviam compartilhado. O filho de Agatha... Rio tinha sido o instrumento da morte, um dever que ela cumprira, mesmo sabendo que isso destruiria algo entre elas.

Agatha se virou lentamente, os olhos cheios de uma raiva silenciosa, mas também de dor. Ela não precisava falar. Rio já sabia o que ela estava sentindo; sabia desde o momento em que as separou, arrancando a vida de um inocente e deixando Agatha sozinha, despedaçada.

Foi então que, sem aviso, Agatha a envolveu em um abraço feroz, como se estivesse se segurando a algo que ainda pudesse lhe trazer algum consolo. Seus dedos se cravaram nos ombros de Rio, o corpo tenso, quase trêmulo, mas o rosto de Agatha permaneceu inexpressivo. Era uma mistura de raiva, mágoa e desejo. Os sentimentos estavam tão entrelaçados que era impossível saber qual deles dominava.

Rio, por sua vez, não resistiu. A Morte, tão acostumada a levar e a perder, cedeu àquela necessidade desesperada de conexão. Seus braços lentamente envolveram Agatha, trazendo-a para mais perto, sentindo a rigidez de seu corpo, a mágoa pulsando em cada músculo.

O silêncio ao redor delas era absoluto, quebrado apenas pelo som suave da respiração irregular de Agatha. O abraço se intensificou, como se as duas estivessem tentando segurar uma à outra de forma desesperada, como se o contato físico pudesse apagar anos de dor. Elas estavam tão próximas que suas respirações se misturavam, seus rostos a apenas centímetros de distância.

Havia uma tensão elétrica no ar, um momento em que qualquer coisa poderia acontecer. O olhar de Agatha era intenso, seus olhos fixos nos de Rio como se procurasse alguma resposta que ainda não havia encontrado. As lembranças do que haviam perdido pairavam entre elas como uma sombra, mas também havia algo mais, algo que ameaçava se reacender.

Rio, com seus olhos escuros e melancólicos, abaixou a cabeça lentamente, sua testa encostando na de Agatha. O toque era quase imperceptível, mas carregado de uma intimidade devastadora. Era como se, naquele breve instante, tudo o que havia acontecido entre elas - o amor, a perda, a traição - estivesse prestes a se dissolver em um único momento de entrega.

Elas se aproximaram ainda mais, e desta vez, os lábios de Agatha tocaram os de Rio.

O beijo começou hesitante, mas foi ganhando força, uma explosão de sentimentos que elas haviam contido por tanto tempo. O mundo ao redor delas pareceu desaparecer. Não havia mais o Coven, não havia mais perda, apenas o momento em que finalmente se permitiam sentir, sem culpa, sem pesar.

O som de um pequeno murmuro cortou o ar, e elas se separaram abruptamente. Agatha e Rio se viraram e se depararam com Jen, Lilia e Alice, três das bruxas mais velhas do Coven, que as observavam de longe. Atrás delas, Teen, olhava com uma mistura de surpresa e encantamento.

As bruxas olharam em choque para a cena.

-Bom, é... não queríamos atrapalhar, mas a nova provação está logo a frente.-Alicia falou para o casal, envergonhada pela situação.

"Ah que droga, eu que queria o número dela!" disse Jen, com um toque de desapontamento falso no rosto. Lilia cutucou o braço de Teen, ambos tentando disfarçar o embaraço.

Agatha, ainda ofegante, tentou se recompor, mas havia um leve rubor em seu rosto que ela não conseguia esconder. Rio, por outro lado, parecia tão imperturbável quanto sempre, embora um pequeno sorriso despontasse nos cantos de seus lábios. Rio então lançou-lhes um olhar ríspido e revirou os olhos, descontente com a interrupção.

Agatha, finalmente recuperando o controle, olhou para Rio, e por um breve momento, elas trocaram um olhar que dizia mais do que qualquer palavra poderia

O coven então seguiu a caminho da próxima provação, com Agatha e Rio atras de todos, com suas mãos se tocando de leve.

A cicatriz entre elas ainda estava ali, mas o beijo havia marcado o início de algo novo.


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Bem curtinha só porque não conseguia tirar essa cena da minha cabeça, não foi revisado então podem ter muitos erros, se chegou até aqui deixem o fav!

Obrigada por lerem 🖤

A mark of the pastOnde histórias criam vida. Descubra agora