Crônicas do Tempo | GlassHeart

Capítulo 7

O fim da batalha não foi o esperado, mas de alguma forma nada daquilo estava sendo esperado. Red olhou para Uliana, sua visão estava tão vermelha quanto seus olhos e a raiva parecia estar queimando-a de dentro para fora, imaginou que a tinha matado com a quantia de cortes que faziam correr o sangue e tudo o que estava acontecendo com a mulher, mas não tinha realmente feito isso. Uliana ainda estava respirando e a encarava enquanto tentava dizer algo, mas não conseguia.

Red tentou recuperar o fôlego apertando sua barriga quando se virou para os amigos, precisava ver como eles estavam mesmo que sua maior vontade fosse continuar atacando Uliana até ela pagar pelo que havia feito, atacado as pessoas com quem se importava. Quando seus olhos se postaram em Chloe, passando para Tengri que estava segurando o próprio braço e depois para Lucan, que tentava ajudar sua amiga a levantar, buscou Chad.

- Não! Não! - A voz dele soou muito mais próxima a si do que gostaria, ele corria e se jogou de joelhos sobre algo, ela ficou confusa pela visão em vermelho, tentando entender o que estava acontecendo. - White! Por favor, White, fala comigo! White!

A menção do nome da irmã fez com que Red precisasse piscar várias vezes, colocando sua cabeça no lugar e vendo que o que Chad Charming estava abraçando era o corpo sem vida de sua irmã. Ela estava mais pálida do que era comum, seus olhos estavam abertos ainda e pareciam estar encarando com horror o espaço ao seu redor, este que parecia estar sumindo aos poucos e ficando cada vez mais fraco. Red sentiu seu corpo inteiro reclamar.

Seu peito estava apertado, parecia que estava sufocando em sua própria respiração, seu cérebro não queria acreditar no que seus olhos estavam vendo. Sua irmã, a pessoa que disse que a amava muito mais do que qualquer outra que existiu em sua vida em muito menos tempo. Sua irmã, a pessoa que a ajudou a ver seu verdadeiro potencial. Sua irmã... Ela mal tinha ganhado uma irmã e agora ela estava...

Red sentiu sua cabeça girar e todos foram levados novamente para próximo da ponte, Uliana estava deitada no meio da mesma enquanto os demais estavam ainda no chão próximos a ela. White, o corpo dela que estava sendo abraçado por um Charming desesperado, estava quase aos seus pés. Ela caiu de joelhos, sem força alguma para poder realizar algum outro ato.

- Você! - Chad ergueu a cabeça, antes escondida no pescoço de White, liberando as marcas que o tentáculo de Uliana fez em sua pele. - Sua lula nojenta! Você...

O garoto segurou alguma coisa que Red não conseguiu, ou não quis, identificar. Ele começou a se aproximar da bruxa que estava ainda deitada, mas Red não ouviu o que ele fez com ela, só ouviu o barulho de algo caindo no rio que cruzava logo a sua frente. A primeira lágrima escorreu e logo as outras chegaram para acompanhar, embaçando de vez a visão de Hearts, nem sequer conseguiu entender quando seu corpo a levou até estar quase deitada no chão, o corpo de sua irmã em seus braços.

Sentiu duas mãos segurando-a pelos ombros e tentando puxá-la para longe, mas ignorou totalmente e inclinou o corpo ainda mais para frente, segurando-a com ainda mais força. As mãos a deixaram por um momento e logo outras a tocaram, ela reconhecia o toque de Chloe naquele momento, mas ela não tentou afastá-la de sua irmã, ao contrário. A azulada entendeu o que Red precisava naquele momento.

Chloe simplesmente a envolveu em seus braços e apertou ambas contra si, deixando que Red terminasse de soltar todas as lágrimas, gritos, lamúrias, tudo o que estava sentindo tão profundamente. Red, naquele momento, sentiu como se estivesse em um lugar seguro e como se pudesse deixar tudo ir, o grito que estava preso no mais íntimo, as lágrimas que ainda não tinham caído, a dor em seu estômago, a fraqueza que tomava conta de seu corpo.

Red se deixou levar pela proteção e Chloe não fez nada além de segurá-la por tanto tempo quanto a outra precisou.

Lucan e Tengri tentaram carregar White de volta ao castelo, mas Chad tomou a frente e segurou a garota em seus braços, ele não reclamou nem por um segundo do possível peso, ou sequer de como o caminho poderia ser difícil enquanto estava com ela nos braços. A sua expressão era dura, ele não comentava absolutamente nada, além de sua respiração, que as vezes ficava mais ofegante, ele não estava falando nada. O príncipe nunca havia explicado como se sentia pela garota de sua idade, mas seus últimos atos não estavam deixando sequer uma brecha para que fosse dito o contrário do que o mais puro amor. Fosse esse sentimento da forma mais simples ou complicada possível, era amor.