Capítulo 22: O Veneno da Fama

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O dia mais aguardado finalmente chegou: o lançamento de Pink Venom. Às 00h KST, o MV foi disponibilizado em todas as plataformas e, em questão de segundos, a internet entrou em frenesi. No Twitter, #PinkVenom estava nos trending topics mundiais, e as fãs do Blackpink - Blinks - inundavam as redes com elogios à coreografia, ao visual impactante e à produção explosiva.

Em apenas uma hora, o clipe acumulou 8 milhões de visualizações no YouTube, consolidando mais um recorde para o grupo. Era uma conquista gigantesca, mas enquanto as outras integrantes comemoravam nos bastidores, Rosé estava cada vez mais distante. Sentada em um canto, ela olhava para o celular, perdida em uma enxurrada de comentários que machucavam como lâminas.

"Você devia sair do grupo, Rosé."
"Ela está arruinando a imagem do Blackpink com essa história com Bruno Mars."
"Não queremos ver uma idol nossa envolvida com estrangeiros."
"Ela é egoísta por pensar nela mesma antes do grupo."

Cada frase parecia drenar um pouco mais de sua energia. Mesmo com o sucesso estrondoso do novo MV, a idol não conseguia se libertar das palavras frias e cruéis dos "fãs" coreanos. Eles a estavam atacando por algo que não tinha nada a ver com sua música ou desempenho, e o peso disso estava começando a sufocá-la.

Jennie, percebendo a expressão abatida da amiga, sentou ao seu lado.
- Está tudo bem, Rosie? - perguntou, colocando uma mão em seu ombro.

Rosé deu um pequeno sorriso, mas ele não alcançou seus olhos.
- Sim... só estou um pouco cansada.

Jennie franziu a testa, mas não pressionou. Ela sabia que algo estava errado, mas também sabia que Rosé não gostava de preocupar as outras.

Mais tarde naquele mesmo dia, o Blackpink foi se apresentar no Inkigayo, um dos programas de maior prestígio na Coreia, onde os grupos fazem performances ao vivo para divulgar suas novas músicas. O palco estava preparado para receber o fenômeno global que era o Blackpink, e a expectativa era imensa. As luzes brilhavam intensamente, a coreografia estava ensaiada até a perfeição, e as meninas estavam radiantes com seus figurinos. Rosé vestia um top preto cravejado de pedras, combinando com uma saia de couro e botas altas, em um visual poderoso que fazia jus ao conceito de Pink Venom.

Quando a música começou, a plateia explodiu em gritos e aplausos. Assim como sempre acontecia, os fãs começaram a cantar junto, suas vozes unindo-se às das integrantes do grupo. No entanto, algo muito estranho aconteceu. Nos versos de Jennie, a plateia cantava em coro. Quando Lisa e Jisoo entravam, as vozes dos fãs ecoavam pelo estúdio.

Mas quando chegava a vez de Rosé... o silêncio dominava o lugar.

Ela tentou não demonstrar o impacto imediato daquela rejeição, mas sentiu um aperto no peito como se uma mão invisível a estivesse esmagando. Seus lábios tremiam levemente enquanto ela cantava suas partes, e era impossível não perceber o contraste devastador entre os momentos das outras integrantes e os dela.

O vazio da plateia era ensurdecedor.

Ela se esforçava para continuar a coreografia e manter a voz estável, mas cada segundo parecia uma eternidade. Por um breve momento, seus olhos se encheram de lágrimas. A dor emocional era como um veneno invisível, corroendo sua confiança e transformando o palco - que costumava ser um refúgio - em uma armadilha.

Enquanto dançava, sua mente vagava, perguntando-se o que havia feito de tão errado para merecer aquele tratamento. Por que as pessoas que ela amava e para quem se dedicava estavam sendo tão cruéis? Será que realmente valia a pena continuar quando a gratidão e o amor eram substituídos por julgamentos e rejeição?

Nos bastidores, as câmeras captaram tudo, e mesmo as outras integrantes começaram a perceber a estranheza da plateia. Jennie e Lisa trocaram olhares preocupados enquanto continuavam a performance, tentando manter o profissionalismo, mas era evidente que algo estava errado.

Quando a música chegou ao fim e as luzes se apagaram, Rosé finalmente permitiu que uma lágrima solitária escorresse por seu rosto. Ela rapidamente a limpou, tentando disfarçar, mas suas companheiras perceberam. Jennie e Lisa imediatamente se aproximaram, preocupadas, enquanto Jisoo segurava sua mão em um gesto silencioso de apoio.

- Você está bem? - Jennie perguntou, ansiosa.

Rosé apenas balançou a cabeça, tentando forçar um sorriso.
- Estou... só foi difícil.

Lisa envolveu a amiga em um abraço apertado.
- Não se deixe abalar por isso. Você é incrível, Rosie.

Mesmo cercada pelo apoio de suas amigas, Rosé sentia-se vazia por dentro. Assim que teve um momento sozinha, pegou o celular e enviou uma mensagem para Bruno. "Foi difícil hoje. Eu quase chorei no palco."

Demorou apenas alguns segundos para que o celular vibrasse com a resposta dele:
"Rosie, você nunca está sozinha. Você é mais forte do que imagina. Estou aqui por você, sempre."

Ao ler a mensagem, Rosé sentiu um nó na garganta, mas também uma leve sensação de alívio. Mesmo à distância, Bruno era como uma luz que iluminava os cantos mais escuros de sua mente.

E então veio outra mensagem:
"Você é perfeita exatamente como é. E nada do que digam vai mudar isso."

Com um suspiro profundo, Rosé guardou o celular e se recompôs. O dia ainda não tinha acabado, mas, pela primeira vez, ela se permitiu sentir que, talvez, não precisasse enfrentar tudo sozinha.

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