Capítulo 33: Fios Partidos

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Os dias após a premiação passaram de forma dolorosamente lenta. Rosé parecia apenas uma sombra do que havia sido. O brilho que um dia encantava os palcos, os olhares e os corações dos fãs agora era apenas um eco de sua antiga vitalidade. As meninas do Blackpink a acompanhavam de perto, mas o peso das cobranças externas e internas pareciam ter criado um abismo ao redor de Rosé, uma barreira invisível que nem mesmo suas melhores amigas conseguiam atravessar.

O camarim estava vazio naquela noite, as luzes amareladas lançando um tom morno que contrastava com o ar frio do lugar. Rosé se sentava no banco, fitando o espelho, mas seu olhar estava distante. Lisa entrou silenciosamente, carregando um copo de chá, observando a expressão perdida da amiga.

- Rosie... trouxe chá para você - Lisa murmurou, tentando ser o mais suave possível.

Rosé não respondeu, sequer olhou para o copo. Era como se a voz de Lisa estivesse longe, tão distante quanto os aplausos que antes a preenchiam de vida.

- Rosé, olha para mim - Lisa insistiu, tocando o ombro dela.

A voz suave da amiga a trouxe de volta, mas o olhar de Rosé ainda era vazio, como se estivesse olhando através de Lisa.

- Eu... estou aqui - ela respondeu baixinho, a voz rouca, quase como se as palavras lhe custassem.

Lisa sentiu o coração apertar, observando cada detalhe do rosto da amiga. A pele estava pálida, os olhos tinham profundas olheiras, e os lábios secos estavam levemente trêmulos. A Rosé à sua frente parecia uma versão quebrada, quase irreconhecível.

- Não parece que está aqui, Rosie... - Lisa sentou ao lado dela, colocando o copo de chá na mesa. - Sei que não está fácil, mas... você precisa falar com a gente. Não precisa carregar isso sozinha.

Rosé deixou escapar um suspiro longo, parecendo esgotada só de respirar.

- Falar? Sobre o quê, Lisa? Sobre o que as pessoas acham que eu deveria ser? Sobre as expectativas? Sobre como eu tenho que sorrir enquanto tudo ao meu redor parece um peso? - Rosé fechou os olhos, lutando contra as lágrimas. - Estou tão cansada, Lisa... tão cansada.

Lisa segurou a mão dela, firme.

- E é por isso que estamos aqui, Rosie. Jennie, Jisoo e eu... queremos ajudar você. Você não precisa carregar esse peso sozinha.

Nesse momento, Jennie entrou no camarim, ouvindo as últimas palavras de Lisa. Ela sentou-se ao lado de Rosé, com uma expressão de pura preocupação.

- Rosie, você sabe que somos uma equipe, não sabe? - Jennie perguntou, mantendo a voz o mais gentil possível. - Não importa o que os managers dizem, o que os fãs querem. Você não precisa ser perfeita o tempo todo.

- Mas eu preciso, sim, Jennie - Rosé respondeu com a voz mais firme, porém cansada. - É o que todos esperam. E se eu não for... bem, eles já deixaram claro o que acontece.

Jennie a olhou, seus olhos suaves, mas com uma determinação escondida.

- Então que se danem eles. Sério, Rosie. Que se danem todos que pensam que você é uma máquina e não uma pessoa. A gente se importa com você, e isso é o que importa. Não com o que vão pensar, com os hates ou com o que nossos managers querem. Eles estão errados.

Rosé balançou a cabeça, as lágrimas escorrendo silenciosamente pelo rosto.

- Eu queria tanto acreditar nisso... mas eu nem sei quem eu sou mais. Eu olho no espelho, e tudo o que vejo é o que esperam que eu seja. Não vejo a Rosé. Vejo apenas... um rosto vazio.

Além da Melodia APT - Rosé & Bruno Mars Onde histórias criam vida. Descubra agora