Prólogo

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Era uma noite tranquila no apartamento de Jade, mas ela estava longe de ter paz. A TV exibia um filme qualquer, mas sua mente estava em outro lugar, mais precisamente nas lembranças que a assombravam. As risadas, os momentos compartilhados, e o jeito despreocupado de um certo jogador de futebol que havia ocupado seu coração. Apesar do brilho da tela, a saudade era um peso no peito.

Enquanto isso, na cozinha, Léo Pereira, seu irmão, tentava preparar algo para comer. Ele sempre teve a habilidade de transformar até o prato mais simples em uma obra-prima. A luz da geladeira iluminava seu rosto enquanto ele se perguntava se Jade estava bem.

Jade não conseguia se concentrar e, em um impulso, decidiu preparar um lanche. Ao passar pela sala, percebeu que a TV estava ligada, mas a mente estava longe. O filme não interessava, e ela nem sequer conseguia lembrar qual era o enredo. Apenas a falta de David a consumia.

Quando o telefone vibrou sobre a mesa, seu coração disparou. Era uma mensagem dele, e isso bastou para trazer um sorriso ao seu rosto. Léo, que havia entrado na sala, notou a mudança na expressão da irmã.

“— O que foi? Outra mensagem desse velho? Você ainda está pensando nele, não está?”, ele perguntou, misturando preocupação e brincadeira.

“— Não é nada, Léo. Só... só estou lembrando de algumas coisas,” Jade respondeu, tentando disfarçar a verdade.

“— Lembre-se, você é mais forte do que isso. Se precisar de um socorro, é só chamar o irmão,” Léo disse, piscando um olho e fazendo uma pose de super-herói.

“— Super-herói ou não, não quero que você fique se metendo na minha vida amorosa,” Jade retrucou, revirando os olhos, mas uma risada escapou.

“— Olha, se ele não souber valorizar uma mulher como você, quem está perdendo é ele. Mas se você decidir dar uma chance, pelo menos me avisa. Não quero ser pego de surpresa quando você voltar a sair com o ‘velho virado nos 220’,” Léo provocou, fazendo gestos exagerados.

“— Para de ser chato! Se ele ligar, eu atendo. Se não, bem... vou seguindo a vida,” Jade respondeu, tentando soar despreocupada, mas a verdade era que a ligação dele ainda tinha um poder inexplicável sobre ela.

“— Vou te lembrar que você é a melhor jogadora de vôlei que eu conheço. Ele é só um jogador de futebol, não é como se ele fosse o último pacote de batata frita do mercado,” Léo brincou, colocando um punhado de pipoca na boca.

“— E você é só um irmão superprotetor. Vai ver que isso não vai adiantar muito,” Jade respondeu, mas um sorriso involuntário surgiu.

Os dois riram juntos, e em meio à leveza da conversa, Jade se sentiu um pouco mais leve. Naquele momento, a saudade ainda estava lá, mas a presença de Léo e suas piadas a ajudavam a lidar com isso. Afinal, mesmo em meio às lembranças, havia a certeza de que sempre teria seu irmão ao lado, pronto para proteger e apoiar, independentemente do que acontecesse no coração dela.

O telefone vibrou novamente, e Jade não pôde evitar o olhar esperançoso. A esperança estava lá, mas o receio também.  O coração de Jade disparou ao ver a tela brilhar com o nome de David. Léo, que percebera a tensão no ar, inclinou-se para ver o que estava acontecendo.

“— Opa, é ele! O que você vai fazer?” Léo perguntou, um sorriso travesso se formando em seus lábios. Ele adorava provocar a irmã, mas sentia que a situação merecia um pouco de cautela.

“— Deixa eu ver o que ele quer,” Jade respondeu, tentando manter a calma enquanto abria a mensagem.

David começou a digitar. A ansiedade tomou conta de Jade enquanto esperava. O tempo parecia se arrastar, cada segundo uma eternidade.

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