Nicolle tentava segurar o riso enquanto via Mark ficar mais vermelho do que um tomate. O homem estava visivelmente irritado, contudo, tentava se manter imparcial.
‐ Este é um caso de extremo cuidado, senhor. - Insistiu ele. - Eu entendo que a mãe da paciente queira isso, mas pelo menos deixe-me acompanhá-la. Aquela garota é um milagre vivo, bem diante dos nossos olhos. - O chefe do hospital repuxou o canto de sua boca e olhou para Nicolle.
‐ Você acha que é capaz de fazer isso, senhorita? - Ele perguntou solenemente.
‐ Não acho que ela ainda seja capaz. Ela é muito boa, inclusive, é a minha melhor aluna, no entanto, isso é algo que vai além do capricho de uma mãe. - Mark disse. O homem bateu fortemente os punhos na mesa e olhos furiosamente para Mark.
‐ Primeiramente que não é um "capricho", senhor Collen. Aquela garota ali... - Disse apontando diretamente para Nicolle. - De alguma forma desconhecida por todos nós, foi capaz de fazer a garota acordar após quatorze anos. É justo querê-la por perto. - Disse seriamente. ‐ E em segundo lugar, minha pergunta foi para a senhorita Cunha, então quando duas fala não for solicitada, por favor, cale a boca. - Os músculos do maxilar de Mark se tencionaram antes de ele assentir.
‐ Sim, senhor. - Replicou seriamente. Mesmo ele sendo o chefe de seu departamento, ainda tinha que acatar o chefe do hospital, sendo assim, foi obrigado a se calar.
‐ E então, senhorita Cunha, acha que é capaz? - Nicolle que tinha suas mãos entrelaçadas nas costas, deu um passo a frente.
‐ Eu poderia muito bem dizer que sim, senhor, afinal é um tratamento o qual eu já fiz, mas nesse caso em especial eu prefiro que o senhor Collen me acompanhe. - O sorriso prepotente do homem se abriu, como se dissesse que estava certo o tempo inteiro.
‐ Não se sente segura ainda sozinha? ‐ O chefe do hospital perguntou curioso, cruzando os braços.
‐ Me sinto completamente segura, mas quero o melhor para a paciente e o senhor Collen tem mais experiência.
‐ Mas a senhora Lauren insiste que seja você a fisioterapeuta de Rebeca. Eu a expliquei que a senhorita ainda não se formou, mas a mulher é osso duro de doer. - Ele disse rindo. - O que me sugere, Nicolle?
‐ Bem... O senhor Mark poderia me acompanhar e se certificar de que estou fazendo tudo corretamente. - Ela sugeriu completamente receosa.
‐ O quê? - Mark perguntou perplexo. - Está sugerindo que eu seja seu ajudante?
‐ Eu adorei a ideia. - O chefe do hospital disse sorrindo. - Explêndido. Pode avisar à senhora Lauren para passar em minha sala, senhorita? Quero avisá-la que começarão amanhã. - Nicolle assentiu.
‐ Se o senhor me permitir tentar fazer ela mudar de ideia... ‐ Mark tentou, mas a risada do senhor lhe interrompeu.
‐ Fique à vontade, mas como sei que aquela mulher é irredutível já fiquei preparada, senhorita Nicolle.
‐ Deve estar louca, não é possível. - Mark disse, vendo o homem em sua frente fechar sua expressão na hora.
‐ Cuidado como que fala, Collen, aquela mulher vai além de mãe de uma paciente. Ela é uma grande amiga. Está neste hospital desde antes de eu me tornar o chefe, então peço encarecidamente que não volte a mencioná-la dessa forma.
‐ Desculpe, senhor.
‐ Posem se retirar.
A menina apressou o passo para fugir de Mark, pois sabia que ouviria
alguma provocação, e deu graças a Deus por ter chegado ao quarto de Rebeca logo. Desta vez não precisou deixar batidas na porta, pois a mesma esteva aberta.‐ Olá mulheres lindas deste hospital. - Nicolle disse sorrindo.
‐ Mamá, ela veio. - Rebeca disse animada vendo Lauren rir.
‐ Eu disse que viria, não disse? - Nicolle perguntou e Lauren assentiu.
‐ Conte ã Nicolle sobre a sua nova amiga, filha. - Lauren disse e Rebeca sorriu.
‐ Nick, eu fiz uma amiga que disse que eu vou ficar adulta logo. - Nicolle entortou a boca e o cenho e se aproximou. - Como assim?
‐ Ela disse para eu não apressar as coisas. - Rebeca disse devagar, lembrando-se de não atropelar as palavras. - E disse que com o tempo eu me acostumo.
‐ Ah sim? - Nicolle perguntou sorrindo.
‐ E ela se chama Amélia e é a minha psi...cógna ‐ Nicolle não aguentou em rir ao ouvir aquilo.
‐ Psicóloga, anjo. - Nicolle corrigiu.
‐ Ela é a melhor em sua área. - Lauren disse animada. Disse que já que a mente de Rebeca não tem problemas físicos, tampouco tem psicológicos. É comum agir assim, afinal ela desfrutou até os seis anos.
‐ Totalmente plausível. - Nicolle disse sorrindo.
‐ Ela sugeriu que Rebeca saia com pessoas da idade dela pra de desenvolver mentalmente; também sugeriu escolas para recuperar tempo perdido. Céus, parece que temos bastante trabalho. - Lauren disse rindo, mas se notava medo em sua fala. Nicolle segurou em sua mão e apertou suavemente.
‐ Você vai conseguir. - Ela disse em um sorriso. ‐ Vamos conseguir. Aah, o senhor Ryan pediu para ir à sua sala. - Lauren assentiu.
‐ Em um momento volto, querida. - Lauren disse dando um beijo no rosto de Rebeca, que coçava os olhos de sono. - Se importa...
‐ Não se preocupe. Eu cuidarei dela. - Nicollle disse e a mulher agradeceu gentilmente antes de deixar a sala.
‐ Nicolle, por que você fica longe tanto tempo? - Rebeca perguntou curiosamente.
‐ Preciso praticar e estudar para terminar o ano com êxito. - Nicolle disse brandamente.
‐ Você fixa lendo? ‐ Rebeca perguntou com uma careta e Nicolle riu.
‐ Também.
‐ Eu já seu ler, aprendi com quatro. Papai me ensinou, mas a mamãe disse que agora ele ensina as criancinhas no céu. - Nicolle respirou tristemente e se sentou na beira da cama de Rebeca.
‐ Sim e eu tenho certeza de que ele é o melhor professor de lá. - Rebeca assentiu e olhou confusa para Nicolle.
‐ É tudo muito estranho. - Rebeca confessou em um suspiro. - Eu me lembro de estarmos nós três no carro, me lembro do papai soltando o propósito cinto e jogando o corpo na minha frente e depois disso me lembro da mamãe falando e... - Seus olhos castanhos se fixaram nos de Nicolle. - E da sua voz. Parece que foi tudo no mesmo dia.
‐ Bem, agora você é uma mocinha crescida e...
‐ Sim. Eu tenho até seios. - Rebeca disse rindo.- Eu apalpei ontem e são de verdade. Põe água mão para ver... - Nicolle entortou o rosto e negou. - Uma regra agora que está graninha: Não peça para colocarem as mãos nos seus seios. É algo muito íntimo, certo? - Nicolle não poderia explicar a parte sexual de um dia ela provavelmente iria querer que alguém tocasse, isso era algo para um futuro. - Não mostre a ninguém também.
‐ Nem a você? - Rebeca perguntou confusa.
‐ Muito menos para mim. ‐ Ela disse prontamente. Não queria ser estúpida e desrespeitar Rebeca sequer em pensamento.
‐ Certo. - Rebeca disse.
‐ Beca, você só ouviu a minha voz depois do acidente?
‐ Eu entendia a mamãe. - Rebeca confessou. - Mas eu não escutava a voz dela com clareza, não sei explicar. - Nicolle assentiu. - Ela só estava me contando uma história sobre ela e o papai e aí eu te escutei. Com clareza, cada palavra que dizia.
‐ Eu queria saber por que justo eu, mas me contento com vocês duas estarem bem. - Nicolle disse sorrindo
‐ Talvez eh saiba o porquê ‐ Nicolle alçou uma sobrancelha surpresa com aquilo.
‐ Por quê?
‐ Porque a mamãe só chorava. ‐ Rebrca disse séria. - E aí você chegou e a fez rir. Talvez meu cérebro tenha gostado disso.
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Em Um Piscar De Olhos. - Adaptação
RomanceRebeca tinha apenas seis anos quando seus pais decidiram tirar as tão sonhadas férias em família. Iriam para Los Angeles, porém, o destino foi cruel causando um choque de um caminhão desgovernado contra o carro onde estavam durante a caminho do aero...