sentar, beber e conversar

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EMILY

Trabalho no "Ponto Amigo" há mais de três anos. Fiquei como garçonete por dois anos e meio e agora estou como balconista. Não ganho mais sendo garçonete, mas só o fato de não ter que lidar completamente com os clientes já é um privilégio de cargo. O lado ruim é que saio mais tarde por conta do caixa e da arrumação. Infelizmente, meu chefe confia tanto em mim que me deixa supervisionando a arrumação.

Como estudo de manhã, o único horário que posso trabalhar é às 15h e saio por volta da meia-noite. Hoje, porém, o expediente foi mais corrido que o normal. Desde que bati meu ponto, não parou de chegar cliente, o que é bastante incomum para uma quinta-feira. Não consegui descansar as pernas por menos de 10 minutos. Ajudei a servir hoje também, então o trabalho veio em dobro. Apesar de ter sido puxado, ainda não estou totalmente cansada. Quando Felipe e Nicholas, meus colegas de trabalho, me chamaram para beber depois da arrumação, eu não neguei.

Quase nunca tenho um momento para beber e espairecer; minha rotina não contribui para isso. Li recentemente que o excesso de trabalho sem algumas horas de descontração pode acarretar problemas de saúde mental, e não quero ficar doente ou algo do tipo agora. Espero que essa preocupação chegue apenas quando eu tiver 80 anos.

Felipe e Nicholas trabalham aqui há poucos meses; entraram juntos e são amigos de infância, conseguiram a vaga por indicação de um amigo do meu chefe. Eles são legais e divertidos; em dias cheios como este, sempre conseguem me arrancar risadas.

Depois da arrumação, aviso aos meninos que vou tomar um banho no banheiro dos funcionários, tranco a porta e faço minha limpeza. Visto um vestido florido de alças que bate no meio das minhas coxas. Está calor e não quero usar nada que me faça suar, além de ser a única peça que tenho comigo.

Meus colegas já estão me esperando na sala de descanso que o chefe proporciona para nós (na verdade, é para ele, mas podemos usar quando temos tempo livre). Ela é pequena, mas aconchegante. Há armários dos funcionários, um pequeno freezer e um sofá-cama, além de uma janela grande que ajuda a refrescar o ambiente, já que não há nenhum ventilador na sala.

Guardo minha bolsa no meu armário e me viro para os meninos, que já estão retirando as cervejas do plástico e colocando-as no chão.

"Todos já foram?" Pergunto, puxando um banquinho de madeira e ficando em frente a eles.

Nicholas levanta o olhar para mim e confirma.

"Eu chamei, mas não quiseram. Disseram que o dia foi puxado." Responde.

Assinto.

É, nem sei como não estou totalmente cansada. Talvez por saber que amanhã não haverá aula, apenas uma palestra na faculdade. Posso dormir a manhã toda.

Olho para Felipe, que se mantém calado, com a cabeça baixa.

Dentre os dois, ele é o mais quieto e o mais bonito.

Felipe tem o rosto levemente oval, com uma barba rala que contorna um maxilar bem delineado. Seus olhos, profundos e intensos, parecem guardar histórias não contadas, e o cabelo castanho, ondulado, cai de maneira casual. Quando sorri, há uma leveza que ilumina o ambiente, dando-lhe uma presença cativante e intrigante. Tem músculos definidos, mas nada extravagante, e parece ter mais de 1,80 m de altura.

Nicholas tem traços asiáticos, com o rosto anguloso, uma mandíbula forte e maçãs do rosto salientes que parecem esculpidas pela luz. Seus olhos escuros, sob sobrancelhas espessas, transmitem uma intensidade quase magnética, enquanto o cabelo negro, geralmente despenteado, acentua seu ar de mistério. Seu corpo é semelhante ao de James, porém mais forte e alguns centímetros mais alto.

APÓS O EXPEDIENTEOnde histórias criam vida. Descubra agora