Riacho

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O sinal toca e os alunos voltam para a sala de aula.. Alex se senta em seu lugar e espera elias chegar na sala..
elias chega com Valerie e se senta
— está gostando do primeiro dia? Diz Elias com um leve sorriso
— sim, está legal até agora.
O professor entra na sala e começa a dar aula de espanhol. Elias não parece muito interessado e então manda um bilhete a Alex

"Vamos no riacho depois da aula?"
Alex olha para Elias e acena a cabeça, dizendo que sim.

Após o último sinal do dia, Elias e Alex se encontraram na saída e os colegas de Elias aparecem o chamando de apelidos desagradáveis. Alex olha para Elias e pega em seu braço — vamos! Não liga para eles, eles são muito idiotas— Elias sorri e seguem em frente.

Conversaram sobre as aulas enquanto caminhavam, e Alex tentava disfarçar a ansiedade que sentia. Ao chegarem, escolheram um ponto tranquilo à beira da água, onde se sentaram, observando o riacho fluir calmamente.

Elias suspirou, jogando uma pedrinha na água e observando as pequenas ondulações que se formavam.

— Sabe, às vezes fico pensando sobre o que significa realmente gostar de alguém — ele começou, hesitante. — Eu e Valerie começamos a namorar há pouco tempo, mas... eu não sei, acho que não me sinto do jeito que achava que me sentiria. É como se... eu não estivesse realmente "apaixonado".

Alex o ouviu atentamente, percebendo que havia algo a mais na fala de Elias. Vendo que elias estava vulnerável, Alex decidiu abrir-se também, de uma forma que raramente fazia.

— Eu entendo o que você quer dizer — respondeu, um pouco pensativo. — É uma sensação estranha, né? Eu já senti algo assim, mas... foi diferente.

— Sério? Você já se apaixonou? — perguntou Elias, surpreso e curioso.

Alex deu um sorriso tímido e assentiu.

— Sim, já. Inclusive, namorei por um tempo.

Elias o encarou, surpreso, tentando entender como nunca soubera disso antes.

— Uau! Quem era ela? — perguntou, claramente curioso.

Alex abaixou o olhar, hesitando por um instante. Ele ainda não havia contado para Elias essa parte de sua vida. Mas, após a confiança que Elias lhe demonstrou antes, decidiu que era a hora.

— Bom... não era uma "ela". Era um "ele". O nome dele era Arthur — revelou, sua voz baixa, mas firme.

Elias ficou em silêncio por um momento, processando a informação. Então, sem qualquer julgamento, apenas assentiu, compreensivo.

— E como era? — perguntou com um leve sorriso. — Você... gostava mesmo dele?

Alex relaxou, aliviado pela reação do amigo, e abriu um sorriso ao recordar de Arthur.

— Sim, eu gostava muito dele. Ele era... especial, sabe? Fez eu me sentir aceito de uma forma que nunca tinha sentido antes.

Elias escutava com atenção, absorvendo cada palavra. Ao ver o brilho nos olhos de Alex enquanto falava de Arthur, ele entendeu que, talvez, o que faltava entre ele e Valerie era esse tipo de sentimento.

— Acho que é disso que eu sinto falta com Valerie — murmurou Elias, olhando para o riacho. — Nunca tive esse tipo de conexão com ninguém.

Eles ficaram ali em silêncio, sentindo o peso e a beleza de tudo o que compartilharam. Elias percebeu que, ao lado de Alex, podia ser honesto consigo mesmo, enquanto Alex entendia que sua amizade com Elias era mais forte e verdadeira do que ele imaginava.

Alex, sentindo o clima leve e íntimo, teve uma ideia impulsiva.

— Quer saber? — disse ele, com um sorriso travesso. — Que tal a gente entrar no riacho? Aproveitar enquanto ainda tem um pouco de sol?

Elias o encarou, surpreso, mas logo abriu um sorriso desafiador.

— Você está falando sério? A água deve estar congelante!

— Vamos lá, vai ser divertido! — respondeu Alex, já tirando os sapatos e dobrando a barra da calça.

Elias hesitou por um momento, mas ao ver a animação de Alex, não resistiu. Eles tiraram os tênis, e logo estavam dentro do riacho, rindo enquanto a água gelada tocava suas pernas. Em meio às risadas, começaram a brincar, espirrando água um no outro e se esquecendo do tempo. Era como se naquele momento só existisse aquele riacho, a amizade deles e o som da água fluindo.

O céu começou a escurecer aos poucos, e o clima ameno da tarde deu lugar a uma brisa fria. Finalmente, depois de um tempo, decidiram que era hora de voltar. Caminharam juntos até a saída da mata, conversando sobre tudo, e prometeram voltar ao riacho um dia para mais momentos assim.

Ao chegar em casa, Alex cumprimentou o pai, que notou o brilho nos olhos do filho e um sorriso que ele raramente mostrava.

— E aí, como foi o primeiro dia? — perguntou o pai, curioso.

— Foi bom — respondeu Alex, com um sorriso. — Conheci alguém novo. Ele é nosso vizinho, na verdade. O nome dele é Elias.

— Sério? São a família da casa do lado? E como ele é? — quis saber o pai, interessado.

Alex hesitou, mas logo começou a falar com carinho sobre o amigo.

— Elias é... uma pessoa muito legal. Ele é gentil, simpático, e... sei lá, ele me entende, sabe? — disse Alex, com o olhar perdido, lembrando do tempo que passaram juntos. — E, bom... ele também é bonito, mas, acima de tudo, é uma pessoa com quem eu me sinto à vontade.

O pai de Alex sorriu, notando a admiração na voz do filho.

— Parece que você encontrou um bom amigo — comentou.

— Sim, acho que sim. — Alex sorriu, sentindo-se mais feliz e leve. Sabia que aquela amizade era especial, e mal podia esperar para ver onde ela os levaria.

Death do us part Onde histórias criam vida. Descubra agora