▹ Meu Refúgio「Ao'nung X Neteyam」

▸ 27 - Cerimônia II.

Jake curtia como os sons dos tambores soavam, isso o lembrava brevemente a cerimônia do nascimento de Neteyam. O povo reunido celebrando uma semente de esperança prometida ao futuro, aquilo enchia seu coração de alegria. Naquele momento podia esquecer o real motivo de estarem em Awa'atlu, a verdade é que não conseguia se conformar com a falta de ideias para resolver aquela situação no geral. Todos os dias quando se deitava sobre o tapete bordado sentia o desespero da incompetência, Jake não era o tipo de pessoa que ficava sentada esperando algo bom ou ruim acontecer, gostava de agir, pensar sobre até que uma solução surgisse. Quando pego de surpresa por Quaritch não pode evitar sentir a culpa do fracasso, desejava diariamente para Eywa que estivesse apenas sonhando e que aquele demônio estivesse sem vida no campo de batalha, eram incontáveis as noites em que chorou no abraço de sua mulher - Ma' Jake - A voz de Neytiri transmitia preocupação, sabia exatamente a culpa que Jake sentia - Vamos aproveitar a cerimônia por hoje, sem preocupações - Seu sotaque grosseiro ao falar a língua estrangeira era encantador e único, Jake suspirou tentando afastar aqueles pensamentos inconvenientes de sua mente. Seus olhos rolaram pelo ambiente agitado e logo pôde avistar seus filhos risonhos próximos de Ao'nung. Neteyam. Sentiu outro peso cair sobre seu ser, sentia ter falhado como pai. Não pelo comportamento do garoto, mas pelas responsabilidades dadas à ele, Jake não conseguia lidar com tudo todo o tempo então jogava pra Neteyam tarefas que considerava fáceis. Zelar por seus irmãos, manter a moradia organizada, estar presente quando estava ocupado. Lo'ak tinha o gene ruim, sabia disso mais do que ninguém mas por um momento se deu conta de que as broncas sempre iam para seu primogênito que acatava tudo em sinal de respeito

- Neytiri... - Passou sua mão pelas tranças grossas enquanto abaixaiva sua cabeça, sentia o mundo desabar em seu ser de uma vez. Onde havia errado? Por que sua família estava nessa? - Neytiri, eu... - Sentiu seu peito se apertar enquanto seus olhos marejavam, sentia viver em um estado de medo e miséria desde que pisou na areia fofa do recife. Talvez se Neytiri tivesse aceitado Tsu'tey nada disso estaria acontecendo

- Ma' Jake - Neytiri inclinou sua cabeça para olhar para seu marido, não era acostumada a expressar mas sentia um orgulho imenso do homem ríspido. Sabia que no fundo Jake tinha medo de enterrar mais um aliado - Está tudo bem, vê? - Jake direcionou o olhar para a azulada e logo sentiu seus pensamentos clarearem daquela escuridão imensurável, apesar dos atos mal calculados e ações impulsivas sabia que sempre teria seu porto seguro de tranças finas.

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Neteyam segurou o mais próximo de um copo que os nativos conseguiam arquitetar - Txampay! - Ao'nung levantou seu copo com um sorriso ameno no rosto enquanto proferia o nome da bebida, em um ato rápido virou o copo inteiro na garganta. Seus músculos faciais se contraíram enquanto ele soltava um grunhido forte indicando que a sensação não era tão agradável de primeira. Neteyam encarou Lo'ak e fitou seu copo, a bebida tinha um cheiro forte de algo que estava deixando o azulado tonto. A coloração da bebida não era incomum afinal as plantas em pandora eram excepcionalmente fluorescentes mas, apesar da familiaridade com os tons vibrantes, Neteyam nunca havia visto nada tão chamativo como aquele líquido no copo. O vermelho vibrante com fundo vinhoso faria acender uma chama de curiosidade em qualquer na'vi, ao canto, na borda do copo havia uma flor vermelha com diversas pétalas embutidas em beleza, o txampay era feito dessa flor, Neteyam deduziu. Mexeu o líquido movendo o copo enquanto criava coragem para provar aquela iguaria jamais vista antes, um suspiro carregado de decisão foi expelido pela boca do garoto que sentia seu coração palpitar. Sua mão foi levada até sua boca que tremia levemente, a borda do copo foi encostada em seu lábio inferior e então, por fim, pôde sentir o líquido invadir sua boca deixando uma sensação refrescante por onde encostava. Engoliu a bebida sentindo sua garganta arder em euforia, nunca havia provado nada alucinógeno oi alcoólico antes, tensionou músculos por todo seu corpo sentindo aquilo invadir seu corpo. Ao'nung comemorou junto de Lo'ak que já estavam enchendo seus copos novamente para repetir a dose, Neteyam sorriu estendendo o copo na direção dos garotos. Não havia conseguido sentir o sabor exótico da bebida pela pressa de acompanhar seus amigos - O que acharam? - Ao'nung enchia o copo alheio com um sorriso maroto no rosto