Capítulo 10

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Perspectiva de Sam

Mon comia, as lágrimas escorrendo pelo rosto. Eu me esforçava para não chorar junto, pois ela não precisava da minha pena naquele momento. Assim que ela terminou, parecia ter recuperado um pouco da cor, mas seus olhos ainda estavam vermelhos e inchados. Levantei-me para levar o copo para a cozinha e, em seguida, voltei para junto dela.

— Mon, eu vou buscar o Oliver e você fica aqui se recuperando — sugeri, tentando ser gentil.

Ela se levantou rapidamente, mas logo a vi ficar zonza.

— Não. Eu vou buscá-lo — respondeu, colocando a mão na cabeça como se tentasse controlar a tontura.

— Mas você precisa descansar — insisti, preocupada.

— Sam, desculpa, mas só confio na Yuki para buscar meu filho. A gente não se conhece bem — disse, ainda segurando a cabeça.

— Compreendo — murmurei, baixando a cabeça. — Mas vamos no meu carro. Você não está em condições de pegar um ônibus.

Ela suspirou, como se relutasse em aceitar.

— Ok.

A levei até meu carro e abri a porta para ela. Mon entrou, e eu dei a volta, ligando o motor e seguindo em direção à escola do garoto. O caminho era silencioso, e eu não sabia exatamente o que dizer. Ela estava realmente em uma situação crítica. A ideia de que, se não tinha dinheiro naquele dia, provavelmente naquela noite voltaria para o trabalho me apertou o coração. Imaginar Mon indo para a casa de alguém era doloroso demais.

Quando chegamos à escola, Mon saiu do carro, e eu a segui. Jim já estava na porta, com um olhar de desaprovação, balançando a cabeça. Mon não prestou atenção a ela, fixando os olhos no portão à espera de Oliver. Em poucos momentos, ele surgiu, trazendo Mek às costas, correndo como se fossem duas crianças enlouquecidas. Jim logo se apressou até nós.

— Olá, mamãe! — disse Oliver, com Mek ainda nas costas.

— Oi, senhora Mon! Oi, tia Sam! — exclamou Mek, todo sorridente.

— Olá, meninos — respondeu Mon, com um sorriso tímido.

— Mek! Mek! — Jim chamou, puxando seu filho em direção ao carro.

Oliver fez um bico, triste ao ver o amigo ir embora.

— Adeus, Mek! — despediu-se, com a voz embargada.

— Tchau, Oliver! — respondeu Mek, ainda sorrindo.

Oliver, com o olhar fixo em Jim, logo voltou seu rosto triste para Mon, que correspondia à sua expressão. Eles se pareciam muito, principalmente nos olhos.

— Senhora Jim, sabe do seu emprego, não sabe, mãe? — perguntou Oliver, confuso.

— Desculpa, filho? — Mon questionou, parecendo confusa.

Ele colocou as mãozinhas nos bolsos e baixou o olhar, como se estivesse prestes a chorar.

— Mães sempre agem assim quando descobrem — disse ele, tremendo os lábios.

Mon se agachou, alarmada.

— Filho, que emprego? — perguntou, com um pânico evidente.

Ele segurou o rosto da mãe com as duas mãos e deu um sorriso suave.

— Eu sei, mamãe — respondeu, olhando nos olhos dela. — Não sou burro. Eu ouço as coisas que falam de você.

— Filho, há quanto tempo sabe disso? — Mon questionou, as lágrimas começando a brotar.

Mon & Sam - Identidades OcultasOnde histórias criam vida. Descubra agora