Capítulo 15

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Perspectiva de Sam

– O que diabos você tá fazendo aqui? – Levanto-me, cruzando os braços e encarando Kirk.

– É assim que você fala com seu marido? – Ele pergunta, com aquele tom presunçoso.

– Ex-marido! – Enfatizo.

Ele puxa uma cadeira e se senta à minha frente, sem ao menos pedir permissão, embora saiba muito bem o quanto isso me incomoda.

– Quem é a pobre coitada da nova secretária? Quanto tempo acha que ela vai aguentar? – Ele pergunta, acomodando-se na cadeira com um ar arrogante.

– O que você quer, Kirk? – Pergunto, impaciente.

– Seu advogado entrou em contato com o meu por causa da divisão dos bens – ele começa, e eu reviro os olhos, já cansada desse assunto.

– E por que veio aqui? Não é para isso que temos advogados?

– Sam, a gente pode resolver isso entre nós. Poxa, fomos amigos por tanto tempo – ele diz, tentando soar razoável.

Suspiro, cansada. Olho o relógio; já estava quase na hora de buscar Oliver, e queria levar Mon junto para passarmos um tempo juntos.

– Tá, então fala logo o que você quer.

– Sobre as casas. Você tá tentando ficar com todas! – Ele reclama, como se eu não tivesse méritos nisso.

– Talvez porque eu tenha comprado todas! – Respondo, encarando-o.

– Mas éramos casados! As coisas são dos dois – ele argumenta, insistente.

Dou outra olhada no relógio, ansiosa para sair dali e pegar Mon antes que ela fosse para o ponto de ônibus.

– Tá bom. Qual você quer?

– Hein? Assim, fácil? – Ele pergunta, visivelmente surpreso.

– Caramba, Kirk, não era isso que você queria? Fala logo qual casa você quer.

– A da praia e a do Japão. Assim você fica com a onde vive e com o palácio – ele diz, achando que está sendo justo.

– É claro que eu jamais te daria o palácio da minha família! – Respondo, balançando a cabeça em desaprovação. – Pronto, fica com elas. Agora eu tenho que ir.

Levanto-me e abro a porta, ignorando completamente Kirk. Mon estava terminando de guardar suas coisas na mesa.

– Tá pronta? – Pergunto, sorrindo.

– Pronta pra quê? – Ela pergunta, surpresa.

– Pra buscarmos o Oliver, claro! – Digo, animada.

– Não precisa, Sam. Pode ir, você ainda tem trabalho – ela responde, tentando disfarçar o sorriso.

– Já terminei. Vamos, é sério – insisto, fazendo sinal para ela me acompanhar.

Kirk sai do escritório e para perto da porta, lançando um olhar intenso para Mon, o que me irrita profundamente. Ela é linda, mas ele não tem o direito de ficar encarando assim.

– Ei, Kirk! – Chamo, seca. – Não acha que tá na hora de você ir embora?

Mon finalmente termina de arrumar suas coisas, pendurando a bolsa no ombro, com os olhos baixos. Ela sempre olha para o chão, como se tentasse esconder o brilho daqueles olhos que mereciam muito mais.

– Qual é seu sobrenome? – Kirk pergunta a ela, insistente.

Mon levanta os olhos, assustada, hesitante em responder. Era evidente que ele não tinha o direito de fazer perguntas assim.

Mon & Sam - Identidades OcultasOnde histórias criam vida. Descubra agora