CAPÍTULO 1: PRAZER, ME CHAMO DESASTRE🎇

7 2 0
                                    

Correr, saltar, se esconder, se salvar... Tudo isso estava se passando como uma agonia na minha cabeça, eu acordava e tentava acreditar ao meu cérebro que era só um sonho, mas era muito real.  Parecia que eu conhecia aquele lugar, aquelas cenas de medo e pavor, e principalmente aqueles jovens, eles eram tão familiares e tão distantes ao mesmo tempo, o que era uma loucura pra mim já que eu nunca havia visto nem um deles pessoalmente.
Me levantei como de costume, entrando direto pro banho e tomando café na varanda, uma paz imensurável acompanhada de uma agonia estranha e avassaladora, o que que significava sonhar com aquilo inúmeras vezes? Já era a Quarta ou Décima noite  consecutiva que eu sonhava com a mesma coisa. Enquanto eu me perdia tentando decifrar minhas loucuras, mamãe apareceu na porta e ficou me observando sem nem eu perceber;

--Está tão pensativo querido, está tudo bem?
--Está sim mãe, só meio inquieto com algumas coisas, mas nada demais.
--Tem certeza mesmo?
--Sim, e você? Dormiu bem?
--Muito, e chegou uma coisa pra você que eu acredito que vá gostar.
--O que chegou?
--Venha ver.

Entrei pra dentro e vi uma caixinha bem bonitinha em cima da mesa, parecia um presente, só que aberto porque mamãe tinha uma mania bem feia de abrir presentes mesmo sem serem dela ou pra ela;

--Porque está aberto?
--Eu não resisti filho, a cor é tão chamativa que tive que abrir, mas ao que vi é um convite.
--Convite pra que mesmo?
--Veja.

Parabéns você foi o 1°jovem colocado do nosso sorteio mundial.
Nós da ChamusWorld, temos o prazer de lhe premiar com esse lindo convite válido para duas semanas de férias na tão esperada e glorificada ilha Chamute. 
Aguardamos sua resposta através do número abaixo.


Mais como assim? Eu ganhei um sorteio do nada? Não me recordava de ter me inscrito em nada que pudesse concorrer a uma viagem dessas;

--Mas mãe o que significa isso?
--Você ganhou um sorteio pra uma ilha de férias querido, que sorte não é?
--Muita até, mas que sorteio foi esse que eu me inscrevi?
--Não foi bem você, quando eu e seu pai estávamos na compra de seus materiais no começo do ano, eu vi que na compra de 400 reais em materiais você concorria a isso, então fui e te inscrevi.
--Oh mãe? Como assim? A senhora tinha que ter me consultado.
--Eu sei querido, mais desde que seu melhor amigo foi embora você não sai de casa nem pra ir na esquina filho. É uma boa ideia você sair e aproveitar, semana que vem começam suas férias, não quer tentar ir?
--Olha mãe não tô muito afim de ir nisso, pode ser estranho e tudo mais, e outra, nem sei como isso funciona.
--Ora não seja por isso, vem. Vamos pesquisar a respeito desse sorteio.

Nos sentamos na escrivaninha e ela começou a pesquisar no computador. Achamos tudo em detalhes, eles iriam lançar, a ilha para férias em família, mas antes que fosse ao público eles queriam um teste, então chamaram jovens do mundo todo pra ir passar duas semanas por lá. O que já não me agradou, detesto conviver com pessoas jovens como eu, e não por elas em si e sim por mim que sou bem antissocial.
No último parágrafo das informações, mostrou que seriam 13 jovens selecionados , e que seriam divulgados no fim de semana antes do evento. Fiquei bem pensativo se iria ou não nesse lugar, pois por um lado mamãe estava certa, desde que meu melhor amigo Noah havia ido embora eu não queria mais sair, Júlia minha querida amiga tentou de tudo, mas não me convencia a sair e nem a me animar cem por cento. Deixei mamãe sentada lá lendo cada vírgula e fui pro sofá pensar em tudo, talvez fosse um sinal de alguma coisa.
Durante o restante do dia nem eu nem mamãe tocamos mais no assunto, fizemos as tarefas de casa e eu me deixei meu material organizado para o dia seguinte de aula, pois ainda faltavam 3 belos dias de aula intensa na escola antes das férias. Enquanto preparávamos o jantar, vi que minha mãe me olhava pelo canto do olho e meu pai também, o que eu meio que já imaginava o motivo;

--Querem parar de me olhar assim? Estou me sentindo desconfortável.
--Você sabe o porque estamos assim, filho sua mãe e eu achamos uma boa você ir, pode te fazer bem. (Papai)
--Eu não sei se devo ir, mas se eu for lhes aviso até amanhã de manhã tá ok? Agora parem de me olhar assim.
--Tudo bem querido como quiser, só achamos besteira você desperdiçar uns dias de férias incríveis como essas por conta do Noah e... (Mamãe)
--Não toque no nome do Noah, ele foi embora e eu não quero mais saber dele.
--Se não quer saber, o melhor jeito de demonstrar isso é indo e curtindo ao máximo. Ainda tem ele no Instagram não tem? Ótimo. Tire inúmeras fotos, faça novos amigos e mostre como você está melhor sem ele. (Papai)
--Olha sério, vocês dois não prestam mesmo. Ainda tem gente que me pergunta quem eu puxei, olha ai.
--Eu e seu pai éramos muito apaixonados na época não é querido? (Mamãe)
--Ainda somos meu amor, mas se na época tivéssemos uma chance dessas, jamais desperdiçaríamos. (Papai)
--Sem contar nas aventura que pode haver lá, atrações... (Mamãe)
--TÁ BOM MÃE, TÁ BOM PAI EU VOU.

Eles me olharam espantados, mas depois se olharam entre si com um riso no canto do rosto. Dois espertos mesmo, usaram como tática pra me convencer, sabiam mesmo lidar com a peça que criaram.
A semana passou que nem água, Júlia pareceu estar mais empolgada do que eu para aquilo, me animava todos os dias e tudo mais. Na sexta a noite eu tinha de arrumar  a mala, ela foi até lá me ajudar e garantir que eu não ia meter o louco de desistir;

--Amigo, ânimo e força, vai ser muito divertido lá, se vai ver.
--Não sei não, mas já confirmei, agora tenho de ir.
--Vai ser bom, você vai se distrair e vai esquecer o que houve com o... Bom, enfim né, não precisamos falar disso.
--É melhor mesmo, inclusive tô meio assim de encontrar novos jovens, vai que eles não gostam de mim e nem eu deles.
--Você faz amizade até com a parede se deixar amigo, só anda meio apagado por conta daquele motivo, mas sua personalidade é ótima e bem sociável.
--Bom, seja o que tiver de ser né.
--Isso mesmo. Já fechei esse bolso, mais alguma coisa?
--Não Ju, obrigado por me ajudar e me encorajar a ir.
--Você vai ver o quão divertido vai ser, e me mande muitas fotos viu?
--Sim senhora. (Riso besta)

Mamãe entrou no quarto logo depois disso e avisou que papai estava esperando para levar Júlia pra casa, afinal já era meio tarde. Me despedi dela e fiquei sentado na cama olhando pras malas a minha frente, será que a decisão que eu tomei era a correta?

--Está tudo bem querido?
--Está sim mãe, só pensando um pouco, e se lá não for exatamente o que eu tô imaginando ser?
--Tenha calma, vai dar tudo certo, vai se divertir muito.
--Tomara.
--Aliás, já viu o site?
--Que site?
--Do sorteio oras.
--Não, o que acrescentaram lá?
--Os nomes dos felizardos que ganharam o sorteio, e o seu tá em primeiro, não é uma maravilha?
--Não sei, nem ligo pra isso. Vou me preparar pra dormir, amanhã tenho que ir cedo pro aeroporto.
--É mesmo, vá dormir querido, saiba que estou tão nervosa quanto você, mas quero acima de tudo que você seja o mesmo menino interativo de antes, e talvez seja esse o remédio pra isso. –Ela saiu do quarto assum que disse isso.

Me deitei e abri o notebook, me bateu uma baita curiosidade de saber com quem eu ia dividir ambiente nos próximos dias. A página demorou a carregar, acho que por tantas pessoas entraram para xeretar, mas lá estavam os nomes quando carregou.

Temos a honra de apresentar os sorteados felizardos que ganharam as duas semanas de pura diversão e lazer em nossa ilha magnífica:

1. Aislan Rivera Menezes
2. Vladimir Pinheiro das Neves
3. Susan Sanches Santana
4. Thiago Vieira Altamirano
5. Fabíola Garcia Loreto
6. Victoria Dias de Oliveira
7. Estéfano Fernandes Bitencourt
8. Irina Almeida de Melo
9. Marcelo Lima de Souza
10. Yuri Prado Do Carpo
11. Rebeca Tavares Viana
12. Nádia Ribeiro Escobar
13. Laila Nascimento Fonseca


Nomes bem interessantes para jovens que iriam do mundo todo.
Acordei alvoroçado, nem sequer dormir direito pela ansiedade e ainda por cima as poucas horas de sono que tive foram para nada, já que tive o mesmo pesadelo de novo, e daquela vez pareceu mais real. O mais estranho era que tinha pessoas que eu jamais vi naquele sonho, o que aquilo podia significar me dava agonia, muita agonia. Levantei trinta minutos antes da hora colocada ao despertador e comecei a me arrumar para ir pro aeroporto, mamãe ficou espantada quando entrou no quarto e me viu praticamente pronto.  Seus olhos eram meio emotivos;

--Meu menino indo pra primeira viagem sozinho. Calma Eliana, prometeu pra si mesma que não choraria.
--Ah não mãe, sem choro. Foi a senhora mesma quem queria que eu fosse.
--E quero mesmo, pois assim existe a chance de você voltar a ser o filho que eu tinha.
--Isso soou como se eu fosse uma decepção sabia?
--Não é e jamais será, mais seu brilho de alegria parece sumir a cada dia Aislan, me preocupo.
--Não precisa, e para provar isso estou indo pra esse lugar, para todos vocês verem que estou bem.
--Promete pra mim que vai se cuidar?
--Óbvio, sempre fui muito responsável, até mais que sua filha mais velha.
--Não fale assim da sua irmã, Célia gosta muito de você.
--Oh se gosta, vive viajando e nunca me manda um “oi” por mensagem ou ligação, que bela irmã em.
--Pare com isso se não ao invés de ficar emocionada vou ficar é irritada.
--Tá bem dona Eliana, vamos tomar café logo se não me atraso.

Ela preparou tudo que eu mais gostava, mais comi só um pedacinho de bolo e uma xícara de café, pois eu tinha costume de enjoar bastante, num avião não seria diferente. No caminho pro aeroporto, meus pais ficaram em silêncio total, parecia um clima de velório ou algo assim, o que me deixou inquieto.
Chegamos e eles me levaram de mãos dadas até o portão de embarque onde já estavam todos os passageiros;

--Bom querido, teremos que te deixar agora, mas lembre-se das instruções, assim que o avião pousar, você deve ir até o hangar número 7, lá vai estar o jato da companhia que vai levar você e os outros 12 jovens pra ilha Chamute.  (Mamãe)
--Está bem, se cuidem em e sobrevivam sem mim.
--Fique tranquilo, e ligue quando chegar. (Papai)
--Ligue quando chegar, quando tiver saudade da mamãe, quando quiser conversar... Mas, não deixe de ligar querido. (Mamãe)

Ela estava toda emotiva, fui andando mais pensando no quão difícil foi pra ela se aceitar que eu tinha que ter esse tempo para mim. Entrei no avião e me sentei em um banco perto da janela, por sorte não havia ninguém no acento ao meu lado, o que me deu uma paz imensa até o voo acabar.
Consegui dormir pelas 3 horas de voo que me levou até o aeroporto de Costa Rica. Quando desembarquei segui as orientações de mamãe, haviam muitas pessoas pela aeroporto, mas enfim achei o hangar de número 7. O portão estava aberto e então passei, o silêncio foi ficando presente, exceto por umas vozes vindas do lado do avião, olhei e vi 5 jovens em pé me observando de onde estavam. Com muito custo e falta de vontade, fui andando até eles, e apareceu no meio deles o instrutor;

--Olá, sou Ronaldo, instrutor e responsável pelos jovens, qual seu nome? (Ronaldo)
--Aislan, eu sou o Aislan.
--Ah o primeiro colocado. Bem vindo, só aguardar aqui com os outros. (Ronaldo)

Olhei pra eles e eles me encararam, senti meio que medo, sei nem saber porque;

--Oi pessoal, eu sou o Aislan. –Disse eu por fim.
--Fala ai, eu sou o Thiago. (Thiago)
--Eu sou a Rebeca, prazer. (Rebeca)
--Eai, sou o Estéfano. (Estéfano)
--Me chamo Vladimir. (Vladimir)
--E eu sou a Susan, legal te conhecer. (Susan)

Eles pareciam normais depois que se apresentaram, mas seus rostos não me eram estranhos, de algum lugar eu já os vira...CACETE, MEU SONHO. Aliás, pesadelo. Eram eles, os mesmo rostos, só que faltavam alguns, provavelmente os que não estavam ali ainda. Enquanto eles se falavam tentei sair de fininho por trás, mas esbarrei em alguma coisa, ou melhor... Em alguém;

--Cuidado, não está me vendo não? (Yuri)
--Não é que... Desculpe eu não quis... Foi mal.
--Tá tranquilo, quem é você? (Yuri)
--Eu? Bom eu sou o Aislan, e você seria?
--Yuri, se é bem estranhozinho né? (Yuri) –Disse ele saindo rumo aos outros.

É, aquelas férias prometiam, mas no meu ver seriam coisas legais e inusitadas, não um filme de terror como o que realmente ocorreu... E ele, porque ele apareceu meu Deus.

O Chamar do FimOnde histórias criam vida. Descubra agora