지킬Ｊｅｋｙｌｌ • [Miya Atsumu]

| Prólogo |

[ POV - ATSUMU ]

Mantinha minha boca cheia, enfiando uma comida atrás da outra. Deliciava-me com o caldo de mochi grelhado, a sardinha seca cristalizada, batata doce amassada com castanhas, rolos de kombu cozidos e diversos outros alimentos postos sobre a mesa naquele jantar em família, realizado para comemorar a chegada do ano de 2027, que se iniciou à uma semana atrás.

— Nossa, você tá passando fome? — Perguntou meu pai, atraindo minha atenção.

— Ou tudo isso é saudade da comida de Osamu? — Yuxian também questiona.

Decerto, tudo estava incrível. A comida de Osamu era, na minha opinião, melhor do que qualquer outra que já provei. Entretanto, nem sob tortura eu admitiria isso em voz alta, na frente de todos.

— Faz tempo que não tenho a chance de comer tanta coisa assim. — Respondi. — Vocês sabem, eu tenho que manter esse corpinho sarado aqui. Não posso fazer esse tipo de refeição todo dia.

— Ainda sim, coma devagar! A comida não vai fugir de você. — Minha avó me repreendeu, segurando o lóbulo de minha orelha e apertando a área com uma certa força.

— Aí! Tá bem! Vovó Yoko, eu já entendi!

— Não exagera, velha. — Minha mãe fala em minha defesa.

Minha avó finalmente me soltou e se virou para a outra mulher, pronta para retrucar sua fala. Contudo, Osamu limpou a garganta para chamar nossa atenção, evitando que uma discussão começasse.

— Antes que esse jantar vire um desastre, Yuxian e eu gostaríamos de falar com vocês. — Disse ele, sério em seu pronunciamento.

— Aconteceu alguma coisa, Lindinho? — Minha mãe se preocupou com seu genro.

— Ah, não! Não aconteceu nada. Na verdade, tudo está mais do que perfeito... — Respondeu Yuxian, olhando para seu marido que logo lhe fez um sinal com a cabeça, como se estivesse o encorajando a falar. — Osamu e eu queremos dar uma notícia!

— Que notícia? — Me interessei no assunto, já que meu cunhado, que sempre despendia de um tempo para fofocar comigo, não havia me dito nada.

— No dia 17 de fevereiro, eu e Yuxian vamos completar 3 anos de casados no cartório. Pedi para renovarmos os votos. — Osamu contou calmamente. — Vamos fazer uma pequena cerimônia de casamento e queria que meus pais me levassem até o altar.

— Isso será uma honra! — Minha mãe diz, com seus olhos brilhando de entusiasmo. — É claro que aceitamos, não é mesmo, Hisame?

— Com toda certeza. — Meu pai, sempre calmo e polido, também se pronuncia. — Agradeço profundamente pelo convite.

— Eu fico tão feliz por vocês, meus netinhos favoritos! — A idosa se inclina um pouco para apanhar a mão dos dois homens.

— Por que eles são os "Netinhos favoritos" e eu sou só o "Netinho"?! — Indaguei.

— Quando você se casar, sobe de posto. — Osamu rebate para me provocar.

— Isso não vai acontecer tão cedo, ent-

— Deixe de besteira! — Minha mãe me interrompe, soando realmente irritada. — Quanto tempo mais vou ter que ficar esperando até você tomar vergonha nessa cara e apresentar alguém ao seus pais?! Você já tem 31 anos e nunca nem sequer namorou!

— Tatsumi tem razão. — Meu pai também interfere no assunto. — Já está na hora de você parar com a "diversão" e assumir um compromisso.

— Eu concordo. — Vovó Yoko diz. — Você já está ficando velho demais pra isso!

— Aah, tava todo mundo feliz com o anúncio do casamento! Por que o foco dessa conversa agora sou eu?! — Reclamei. — Eu não quero me casar!

— Como assim não quer, Atsumu?! — Minha mãe parece estar prestes a me esganar.

— Vai ficar solteiro pelo resto da vida? — Meu pai se alterou um pouco.

— Talvez! Qual é o problema de alguém não querer estar em um relacionamento? — Aleguei, deixando os mais velhos ainda mais indignados. — O que você acha, Yuxian? Não concorda comigo?

— Não mete ele nisso! — Meu irmão tentou proteger seu marido.

— Ele é coerente e sincero! Quero ouvir a opinião dele!

O chinês terminou de mastigar seu mochi, encarando todas as pessoas na mesa que mantinham o olhar sobre ele, esperando um pronunciamento de sua parte.

— Bem, honestamente, acho que é bem comum alguém querer ficar solteiro e não se casar hoje em dia...

— Viram!! É comum!

— Mas acho que... talvez isso não seja a melhor opção pra você, Tsumu.

— ...que?

— Veja bem, você tem essa necessidade de sempre estar com alguém e não consegue ficar tanto tempo sozinho. Isso, em relação aos amigos, seus pais e até Osamu e eu. Você é carente.

— Não sou carente!

— É, sim. — Exceto Yuxian, todos disseram em uníssono.

— Só tô dizendo que chegará um ponto da sua vida em que você não estará mais posando para revistas de moda ou esportes e se aposentará como jogador de vôlei. Você ainda não é velho, mas também não é mais tão jovem assim. — Continuou ele, explicando com tanta eloquência que prendia a atenção da família toda. — Não tô insinuando que você deve sair por aí, desesperado por um pretendente, mas sim, para se abrir a possibilidade de ter um relacionamento.

Houve um breve momento de silêncio após ele terminar seu discurso, em seguida, o barulho dos talheres se chocando com os pratos foram escutados assim que todos voltaram a comer, como se a palavra de Yuxian tivesse bastado para encerrar o assunto.

— Você entende o que eu quero dizer, Tsumu? — Meu cunhado perguntou docemente, como se estivesse se certificando que eu não tinha me chateado com a sua opinião.

— Eu... entendi.

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Até dia 10 meus bbs 💕