Capítulo 13

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— Caramba!

Raul ergueu o olhar e avistou Vinícius se aproximando com um sorriso malandro nos lábios.

— Desta vez, você se superou, hein?

Vinícius deu dois leves tapas no capô do carro novo e completou:

— Pelo jeito o Will já triplicou o seu salário sem nem mesmo ter visto o seu projeto.

Sem jeito, Raul fechou a porta do carro e o trancou, enquanto pensava no que responder.

— Na verdade, foi um presente — respondeu ele ao cabo de alguns instantes.

— Ah, é mesmo. Esqueci que você tem uma sugar mama.

Com pretensa intimidade, Vinícius bateu nos ombros de Raul, enquanto mantinha nos lábios o mesmo sorriso escarnecedor de sempre.

Raul respirou fundo, tentando ignorar as palavras de Vinícius, e colocou sua mochila nos ombros. Aquele seu colega de trabalho sempre fora inconveniente, mas o tom insinuante daquela vez soou mais incômoda do que o habitual.

— A Lori é minha esposa e eu agradeceria muito se você respeitasse isso — pediu Raul com seriedade.

Vinícius riu e observou Raul caminhar até o elevador, mas logo acelerou os passos só para alcançá-lo e dizer, mantendo um tom irritantemente brincalhão:

— Qual foi, Raul? Ficou nervoso? Eu tava brincando, cara.

Raul apertou o botão do elevador em silêncio, mantendo o olhar fixo na porta metálica à sua frente. Mas nem mesmo a sua falta de resposta foi capaz de aplacar as provocações de Vinícius, que  inclinou-se para perto dele e acrescentou quase num sussurro:

— Na boa, Raulzão. Você é sortudo demais. A sua mulher, além de ser... você sabe, com todo respeito, gata para caramba, ainda por cima te dá um presente desses? — Ele deu uma nova risada. — Seja lá que simpatia doida é essa que você fez, eu quero fazer também, meu irmão.

Raul virou o rosto lentamente para Vinícius, mas não precisou falar nada, ele mesmo ergueu as duas mãos, num pretendo gesto de inocência, e se justificou:

— Você tem que concordar comigo que é um cara de sorte. 

No mesmo instante, a porta do elevador se abriu diante dos dois. Raul cogitou a ideia de ir pela escada, mas seria loucura subir até o décimo quinto andar. Além do mais, não queria dar a Vinícius a impressão de que ele o havia intimidado. Por isso, mesmo a contragosto, meteu-se no elevador, que logo fechou as portas.

— Eu só tô dizendo a verdade — continuou Vinícius. — Ou vai negar que foi tudo pura sorte? Não que você não mereça, mas... cê tá ligado, né?

— Não, não estou.

Vinícius riu, levantando as sobrancelhas, surpreso com a resposta direta de Raul.

— Relaxa, cara. Você leva tudo muito a sério. 

Raul pensou em dizer alguma coisa, mas, antes antes que pudesse formular qualquer resposta, viu a porta do elevador se abrir no térreo e por ela passar Ester, que entrou com um sorriso gentil no rosto.

— Bom dia, meninos — disse ela, agora notando certa tensão no ar.

Raul respondeu com um tímido aceno e um pequeno sorriso, enquanto Vinícius mudou logo de postura, assumindo agora um tom aparentemente agradável.

— Muito bom dia. Tá bonita hoje, hein?

Ester forçou um sorriso discreto, mas não deu muita atenção para as palavras de Vinícius.

Amor de Pai - Em Andamento ⏳Onde histórias criam vida. Descubra agora