Capítulo 20

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Raul abriu os olhos devagar, percebendo que já era de manhã. A claridade entrava violentamente pela cortina entreaberta do quarto, anunciando o início de um domingo bastante ensolarado. Ele piscou algumas vezes, esfregando os olhos, antes de se virar para o lado e encontrar a cama vazia. Estranhou ao notar a ausência de Lorena, porém, logo sorriu quando viu, pregado no travesseiro, um post-it que dizia:

Obrigada por ontem e por ser quem você é.

Te amo ❤️

O sorriso que ele tinha nos lábios aumentou mais ainda, mas só até ele apanhar o celular sobre a mesinha de cabeceira e perceber que já eram quase oito horas da manhã. Imediatamente, tirou um salto da cama e correu para o closet, de onde saiu praticamente arrumado. Só precisou ir até o banheiro e fazer sua higiene matinal, antes de sair em disparada do quarto, indo rumo ao quarto de Beatriz. Porém, achou esquisito quando abriu a porta e não viu ninguém. E estranhou mais ainda quando também encontrou o quarto dos gêmeos vazio.

Intrigado, ele desceu para o primeiro andar da casa e estava prestes a passar pela sala quando viu sobre o sofá a bolsa predileta de Lorena repousada sobre uma bíblia que há um bom tempo ele a havia presenteado.

Raul não pôde deixar de achar aquilo curioso, mas mal teve tempo para pensar. Assim que entrou na cozinha, foi recebido por um Davi saltitante, que exclamou:

— A mamãe vai com a gente! 

Raul olhou para o filho com um misto de surpresa e curiosidade. Davi estava radiante, se agachando e pulando, como se fosse um sapo, enquanto comia uma porção de biscoitos de polvilho.

— Vai com a gente pra onde, campeão? — Raul perguntou, olhando de relance para Lorena, que estava perto da bancada, despejando mais biscoitos de polvilho numa vasilha estampada com os personagens da Patrulha Canina.

Davi parou de pular, os olhos brilhando de felicidade.

— Pra igreja.

Raul olhou para Lorena outra vez, vendo-a rir, enquanto olhava para Davi, que, no mesmo minuto, voltou a pular. Ele não se lembrava mais da última vez em que Lorena o acompanhou à igreja. Normalmente, ela ia em ocasiões especiais e, mesmo assim, não com muita vontade. 

Aos domingos pela manhã, quando era de praxe que Raul fosse com as crianças à igreja, na maioria das vezes, Lorena sequer se levantava da cama. Mas agora parecia até um sonho vê-la já de pé e devidamente arrumada.

— Que ótimo então! — ele exclamou animadamente e foi até a mesa, onde Beatriz e Isaque tomavam café da manhã tranquilamente, beijando-lhes gentilmente, antes de seguir até Lorena, que abriu um sorriso cúmplice assim que o viu se aproximar. — Bom dia.

— Muito bom — ela respondeu, fechando os olhos brevemente quando sentiu os lábios de Raul sobre os dela, num selinho curto. — Leu o meu recadinho?

— Li, sim. Mas não precisava me agradecer — Raul respondeu, dando-lhe mais um selinho. 

Lorena sorriu mais uma vez e, finalmente, tampou a vasilha, metendo-a dentro da bolsa maternidade devidamente equipada sobre a bancada.

— Eu tô atrasado — disse Raul, tirando uma caneca do armário e indo até a cafeteira.

— Mas lá não começa às nove?

— Começa.

Raul deu um gole no café e seguiu até a mesa, apanhando a primeira coisa que viu pela frente, sem nem mesmo se sentar, enquanto continuava:

— Mas hoje eu vou tocar e, como é o encerramento de um congresso que tá tendo lá, o pessoal combinou da gente chegar um pouco antes de começar pra fazer um ensaio rápido.

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