Os primeiros raios de sol filtravam-se pelas janelas empoeiradas do orfanato, iluminando o chão de madeira desgastada e as paredes descascadas. Aelyn, uma jovem alta de 1,70m, com pele morena e cabelos cacheados que batiam um pouco abaixo do ombro, observava pela janela do corredor. A cena diante dela era familiar: as crianças brincando e rindo no pátio, mas sua mente estava longe. Em poucos dias, completaria 18 anos, e isso significava que seu tempo no orfanato chegaria ao fim.
Embora sua aparência pudesse sugerir força, Aelyn era tímida, arredia e introvertida. Em vez de se misturar com as outras crianças, ela se isolava, vivendo em seu canto, onde a dor e a tristeza eram mais fáceis de suportar. A solidão era sua companheira constante, um manto que a envolvia enquanto observava a vida à sua volta.
À medida que as horas se passavam, o futuro a pressionava. Não tinha para onde ir, não havia amigos ou família que pudessem lhe oferecer abrigo. O mundo lá fora parecia vasto e implacável, e ela se sentia pequena e vulnerável. A cada dia que se aproximava de seu aniversário, a sensação de estar perdida tornava-se mais intensa, e a escuridão em seu coração a envolvia, como se a esperança tivesse se dissipado.
Alyn havia aprendido a não confiar em ninguém. O orfanato, em vez de ser um lar, tornara-se um lugar onde as feridas emocionais eram frequentemente reabertas. As cuidadoras a tratavam com desdém, e as outras crianças, mesmo as que pareciam gentis, eram apenas um lembrete de que ela não pertencia àquele mundo. Era como um filhote abandonado, sempre alerta, sempre se protegendo de novas dores.
Após o jantar, decidiu que precisava de um momento para si mesma. Subiu até o terraço do orfanato, onde o vento fresco balançava seus cabelos. Com os braços cruzados sobre o corrimão, observou as estrelas que começavam a brilhar no céu noturno. Elas eram um lembrete do que poderia haver além daquele lugar, mas também da escuridão que a cercava.
Enquanto pensava sobre o futuro, Aelyn se sentia cada vez mais angustiada. O que aconteceria com ela após seu aniversário? Para onde iria? Aqueles pensamentos se tornaram um ciclo interminável de incertezas. Sentia-se presa em uma jaula invisível, mesmo em meio à liberdade da noite. Não conhecia motivos para viver; estava apenas sobrevivendo, como se tivesse se entregado à depressão.
Com o coração pesado e a mente confusa, decidiu sair do orfanato e caminhar pelas ruas desertas. A lua iluminava seu caminho, e enquanto caminhava, pensava nas possibilidades. Mas cada passo parecia apenas aprofundar a sensação de desespero. As sombras dançavam ao seu redor, refletindo a luta interna que a consumia. O vazio que a acompanhava era um fardo insuportável.
As ruas estavam silenciosas, quase sombrias, e a sensação de liberdade que uma vez esperava encontrar se transformou em um eco de sua solidão. As luzes da cidade brilhavam distantes, como se zombassem de sua situação, e ela não podia deixar de se perguntar se havia um lugar para ela em um mundo que parecia tão indiferente.
Aelyn parou em frente a uma praça, onde uma fonte jorrava água cristalina. O som da água caindo era suave, quase relaxante, mas não conseguia encontrar conforto naquele momento. A tristeza pesava sobre ela como uma tempestade prestes a desabar. Olhou para o reflexo da água, imaginando se aquela imagem era tudo o que restava de sua vida: um borrão de dor, uma figura perdida.
O que aconteceria quando os sinos do orfanato soassem no dia de seu aniversário? Ela não tinha planos, não tinha sonhos. A ideia de sair do orfanato, a única casa que conhecia, a apavorava. Era como se uma porta se fechasse atrás dela, deixando-a à mercê do desconhecido.
Com lágrimas nos olhos, Aelyn se virou e começou a caminhar de volta. Cada passo em direção ao orfanato era um lembrete de sua solidão, da vida que estava prestes a começar e que não tinha ideia de como seria. A escuridão da noite parecia se infiltrar em seu coração, e ela se perguntava se um dia conseguiria escapar daquela sensação de desespero.
Ao entrar no orfanato novamente, a familiaridade do lugar não trouxe consolo. As paredes pareciam cada vez mais opressoras, e as risadas das crianças lá fora eram um eco distante de uma felicidade que parecia inalcançável. Aelyn subiu as escadas, seu coração pesado com a inevitabilidade do que estava por vir.
Naquela noite, enquanto as estrelas brilhavam no céu, Aelyn se permitiu sentir a dor que a acompanhava. A tristeza era sua única amiga, e ela se entregou a ela, como se isso fosse a única coisa que restava. Em seu mundo de solidão, cada respiração era um lembrete do vazio que a cercava, e, enquanto a noite avançava, ela se perguntou se um dia conseguiria encontrar uma razão para viver.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Ecos Do Passado
ФанфикMaraisa é uma mulher amarga e isolada, marcada por um passado doloroso que a levou a desprezar conexões humanas. Em sua vida, ela se resguarda em sua fortaleza emocional, acreditando que vulnerabilidade é fraqueza. Por outro lado, Aelyn luta contra...