Fevereiro. O Instituto Frei William era uma instituição de prestígio localizada no bairro da zona norte do Rio de Janeiro. Tinha uma estrutura neocolonial muito imponente e respeitada e tinha reputação de excelência acadêmica e oferecia uma ampla gama de oportunidades educacionais para seus alunos. Além do rigoroso currículo acadêmico, o Instituto Frei William valorizava a importância das atividades extracurriculares na formação integral de seus alunos. Os alunos poderiam participar de uma variedade de clubes e grupos, desde teatro e música até clubes de debate. Quem entrou lá foi Pedro.
Pedro Henrique Orlando, com 18 anos, é um jovem branco geminiano que, usando uma touca, tem um cabelo preto com pontas loiras já desbotadas, com um corte médio que vai até um pouco abaixo dos ombros. O cabelo apresenta uma leve ondulação natural meio grunge. Seu rosto é oval, com olhos castanhos, sobrancelhas escuras e retas e um nariz reto. Pedro também tem alguns sinais de acne nas bochechas e ao redor do queixo, mas nada muito agressivo. Seu físico é magro, franzino apesar de ter o peitoral levemente tonificado. Seu estilo parece ser uma mistura de boêmio e vintage. Seu casaco longo, de cor marrom acinzentado escuro, tem um visual desgastado, o que contribui para o estilo vintage, onde fica por cima da camisa branca de botão, parcialmente desabotoada. Também tinha um cinto preto com uma fivela decorativa, que tem elementos metálicos. Em especial, tem um colar com um pingente de clave de fá. O uso de várias camadas e o aspecto desgastado das roupas contribuem para um look casual e despojado, mas ao mesmo tempo bem pensado e único. Pedro, no entanto, é excessivamente tímido com bastante falta de confiança.
Morador da Zona Norte, andava pelo corredor bem espaçoso da escola tendo acabado de se matricular. Esfregava a alça de sua bolsa carteiro e reparava o corredor longo com alunos indo e vindo, com um piso brilhante que reflete a luz que vinha do teto. As paredes eram de cor rosa claro, com arcos decorativos que delineiam as paredes e portas ao longo do corredor. Na escola estadual que ele estudava só de manhã não era assim. Pedro agora ainda precisava encarar o fato de que agora estudaria em horário integral. Como todo aluno novo, ele deveria falar com o diretor pois ele era um homem que gostava de conhecer os alunos que ingressaram em sua escola. Pedro, ainda esfregando a alça da bolsa carteiro, olhava ao redor buscando a sala, até que a encontrou e quando preparava-se para entrar na sala do diretor, a ansiedade apertava seu peito, mas ele sabia que era necessário. Quando sua mão estava a centímetros da maçaneta, o som familiar do toque do celular o fez parar.
Ele tirou o celular do bolso da calça jeans escura e viu o nome “Pai Ronaldo” na tela. Poderia ser facilmente um contato de um pai de santo pela maneira que ele salvou o contato se não fosse o pai dele mesmo.
— Oi, pai — atendeu, tentando manter a voz estável.
— Oi, Pedro. Tudo bem? Já se matriculou? — Ronaldo perguntou sentado no sofá de casa enquanto lia o jornal. Pedro estranhava isso firmemente pois quem ainda lia jornal impresso? Só quem pegou a TV Manchete (descanse em paz)!
— Sim, pai. Acabei de me matricular e já vou falar com o diretor — respondeu Pedro, olhando para o corredor movimentado enquanto falava.
— Que bom, filho. E aí, como tá a escola? Muito diferente do CIEP? — Ronaldo perguntou, tentando manter a conversa leve.
— É… é bem diferente, pai. Tudo aqui é maior e mais... mais organizado, sei lá — disse Pedro, hesitante, enquanto observava os arcos decorativos e o piso brilhante do corredor. — Mas tô nervoso. Você sabe como sou com lugares novos.
— Eu sei, Pedro. Mas você vai se sair bem. Só precisa dar tempo ao tempo — respondeu Ronaldo com uma calma reconfortante — Ah, e o Oliver, já falou com ele hoje? Ele dormiu fora e não me atende!
Pedro fez uma pausa, o nome do irmão trazendo uma leve tensão. Respirou fundo.
— Não, pai. Não falei com ele hoje. Se pá ele tá é fazendo troca-troca, né.
— Pedro, que isso! Não fala isso do seu irmão!
— Ué, ele não foi estudar e dormiu fora? Então, troca-troca, trocando conhecimento! — Ronaldo ouviu e fez muxoxo — E se ele hoje passar longe de qualquer momento do meu dia é melhor pra mim!
— Tenta não deixar isso te abalar. Concentra em você e nas suas conquistas — aconselhou Ronaldo, tentando animar o filho. Não curtia muito essa picuinha insistente que existia entre os filhos.
— Valeu, pai. Vou tentar. Vou entrar agora, tá? Falo com você mais tarde — disse Pedro, tentando encerrar a conversa antes que a ansiedade tomasse conta novamente.
— Boa sorte, filho. Tô aqui se precisar — respondeu Ronaldo, antes de Pedro desligar.
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Aquilo Que Dá no Coração
RomancePedro Orlando é um jovem inseguro de 18 anos que começa a frequentar o prestigiado Instituto Frei William como baixista. O jovem, que toca muito bem baixo, enfrenta o desafio de se adaptar a uma nova escola, pela qual se vê apaixonando-se por Rosali...