Sandy, a cadela microondas!

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O que restou de Adam ( a fera) foi seu ódio e rancor por tudo e todos, parecia que o amor por Bela equilibrava a sua mente, mas a falta dele o tornou um insano, maluco por poder, incapaz de amar sua própria filha...e Bela,bem, ela tornou-se incapaz de levantar a voz para Adam, que a tornou sua submissa. Emily tinha receio de que quando, ou SE encontrasse seu "amor" ,sua vida se tornasse aquele inferno também.
A única palavra, ou qualquer tipo de ruído que foi escutado naquele " momento família" foi o quase sussurro de Bela, ao pedir a xícara de chá a uma das criadas.
Após o jantar perturbador, Emily correu quase que imediatamente para seu quarto, onde tomou uma ducha relaxante, botou seu pijama florido e deitou na cama, ao lado de Sandy, sua cachorra de pelos dourados e de tamanho semelhante a um microondas ( e sim, eu comparei um cachorro a um microondas, não me julguem!).
A manhã seguinte foi confusa, para quem estava acostumada a acordar com os berros do pai, xingando a cada duas palavras...nada de gritos, nada de brigas, pelo contrário, Emily acordou com o som de pássaros e com leves cutucadas no braço, seguidas por beijinhos no rosto.
- Mãe? Porque veio aqui me acordar?- a adolescente dizia, enquanto esfregava os olhos com os punhos.
-Queria que você me ajudasse com os preparativos da nossa festa anual de contos de fadas...- Bela respondia esboçando um sorriso.
- Ah, sim, aquele dia que todos fingimos que estamos felizes após o " felizes para sempre "- Emily, que despertou-se com o assunto abordado, desafiava a mãe.
- Não é verdade meu docinho, nós somos felizes...- Bela disse e correu em seguida para fora do quarto, pois não queria admitir que a fantasia que criara para acalmara a si mesma era uma completa farsa, apesar de que Emily não precisava de nenhum tipo de confirmação para notar que aquelas palavras eram faladas com tanta certeza para ninguém discordar, pois ela sabia que a verdade jogada diretamente na cara era como se fosse uma faca no centro do peito.
A garota levantou-se lentamente da cama, como se temesse que quanto mais rápido andasse, mais perto estaria de encarar o que ela chamava de vida, encaminhou-se para o banheiro, fez seu ritual de higiene pessoal matinal e vestiu uma saia turquesa, junto com uma blusa de manga comprida branca, calçou umas sapatilhas decoradas de lantejoulas prateadas e saiu do quarto com Sandy nos braços.
- Aonde você vai? - a voz da fera tinha um tom autoritário.
- Levar Sandy para passear, será que isso incomoda o meu senhor?- A garota falou com um tom cínico, caçoando do pai.
- Não me desafie!
- Ah ... isso passou longe de ser a minha intenção- Emily usava uma voz irônica- papai...- ela completou e saiu em um quase desfile pelo salão, em direção a porta, ela jurava que podia escutar os gritos internos da fera.
Ao sentir a brisa fresca que a enchia de esperanças de dias melhores, a menina soltou a cadela no chão e saiu correndo, dançando algo semelhante a aquelas danças de chuva que os indígenas fazem, sabem? Porém, um som abafou sua alegria, um ruído que mais do fundo da floresta...

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