Eu quero alguém que tenha
segredos que
ninguém, ninguém, ninguém
sabe.
Gangsta | Kehlani— Vocês viram? — Sabrina entrou na cozinha com seu notebook em mãos.
— Depende do que. — Madison se virou.
— Acharam mais um corpo."O corpo de um homem foi encontrado boiando, no rio próximo a universidade de Boston. O fato ocorreu por volta das 18h20.
Segundo a Polícia, o corpo encontrado era de um dos estudantes da universidade local, o corpo foi visto com os pés e as mãos amarrados, com uma venda preta nos olhos e um pano na boca. Ainda conforme a polícia, a motivação do crime ainda é desconhecida."E de repente todos os olhares estavam em mim.
Minhas mãos tremiam, meu coração palpitava como se quisesse pular para fora do peito e minha boca estava tão seca que parecia que eu havia passado dias em um deserto sem um pingo de água.
— Angel, você está bem? — Jane tocou minha mão me tirando do meu transe.
Meu pai foi encontrado do mesmo jeito no final do ano passado. E até hoje não sabemos quem o matou.
Ele morreu na mesma noite em que vi aquele homem na minha janela. Assim como o vi na noite passada.
— Nós conhecemos? — Perguntei, desviando de sua pergunta.
— Não foi divulgado a identidade.
— é o segundo corpo encontrado do mesmo jeito. — Sabrina comentou.
— E não será o último. — Madison disse ríspida, e os olhares de preocupação que estavam em mim, agora fuzilavam ela.
— Os corpos foram achados exatamente do mesmo jeito. Característica de serial killer.
— Então tem grande risco de uma de nós sermos as próximas. Ou alguém próximo a nós. — Sabrina disse em um suspiro. — Assim como foi com o pai da Angel.
— Vocês são insensíveis pra caralho, sabiam? — Jane encarou as duas.
— Mas elas estão certas. — Interrompi sua bronca. — Tem grande chance de chegar até nós.Nunca contei para ninguém sobre aquele homem. Talvez porque achasse que era minha mente me pregando uma peça ou então que ninguém acreditaria que um homem encapuzado me observava do outro lado da rua minutos antes da minha mãe me ligar informando sobre terem encontrado o corpo do meu pai.
ou até mesmo que ele havia deixado um bilhete com uma fita preta em volta sob a bancada, escrito "sinto muito por sua perda. você sabe quem é."
Ou talvez eu só não queira que achem que foi ele.
Quem deixaria um bilhete prestando condolências logo depois de matar alguém?
— Mas não vai chegar. quem mataria quatro garotas gostosas? — Sabrina as fez rir.
Eu me mudei para essa república dois anos atrás, quando vi um anúncio no jornal da universidade avisando que ainda havia vagas.
O que me admirou foi o aluguel ser barato, o que atualmente é muito bom para mim já que desde que meu pai se foi, minha mãe me dá apenas o necessário para sobreviver, segundo ela.
Culpei minha mãe por um bom tempo pela morte do meu pai, no fundo ainda a culpo, mas não como antes.
Não foi ela quem o matou, mas foi ela quem o direcionou até quem apertou o maldito gatilho e lançou uma bala diretamente em sua testa.
Eu a odiava por ter mandado ele embora na noite em que ele desapareceu.
A odiei por ela achar que ele estava apenas bebendo em algum bar para se curar da dor do divórcio.
A odiei por não acreditar em mim quando avisei que havia algo errado quando ele não me ligou durante a semana como sempre fazia antes de dormir.
nossa relação já não era boa, mas depois que ele saiu por aquela porta e não voltou mais, tudo piorou.
Ela parecia não se importar e eu daria minha vida para descobrir e matar quem fez isso com ele.
E a forma dela se vingar por esse ódio que lhe desferi, era me dando apenas o necessário do dinheiro para sobreviver, até que eu completasse vinte e um anos e tivesse acesso total a herança do meu pai.
Nos primeiros meses eu não sabia muito bem como me virar apenas com o necessário, mas com o tempo eu fui aprendendo.