Capítulo 14: Sombra e revelações

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Daphne Hale


Depois de uma noite de vigília no hospital com Jacob, o sono veio leve e sem descanso. Meus pensamentos insistiam em retornar àquele momento, ao quase beijo, à forma como seus olhos brilhavam com uma intensidade que sempre me pegava desprevenida. Mas a lembrança do toque, da proximidade, era agora manchada por um incômodo.

Assim que amanheceu, tomei um banho rápido e preparei o café para Noah. Ele ainda estava um pouco quieto, e isso não era típico dele. Ao longo da refeição, ele parecia distante, como se algo estivesse preso em sua garganta. Decidi quebrar o silêncio.

— Tudo bem, Noah? — perguntei, tentando esconder a preocupação que já latejava em mim.

Ele hesitou, os olhos escurecendo ligeiramente. — Daph... eu não ia te contar, mas acho que preciso. Ontem, enquanto você estava no hospital, algo aconteceu.

Minha coluna se arrepiou. — O que aconteceu?

— Um cara... ele tentou me assaltar. — Ele desviou o olhar, como se o próprio ato de me contar fosse difícil. — E antes que eu pudesse reagir, alguém apareceu. Um homem. Ele afastou o ladrão e me salvou. Foi estranho... como se ele tivesse surgido do nada.

Meu coração apertou, a adrenalina misturando-se com a preocupação. — E você conseguiu ver quem era?

Noah balançou a cabeça, confuso. — Não sei... Ele parecia... perigoso, mas ao mesmo tempo... — Ele fez uma pausa, escolhendo as palavras. — Ele me olhou de um jeito que me fez sentir... seguro. Mas ele sumiu antes que eu pudesse dizer qualquer coisa.

Uma sombra de inquietação tomou conta de mim. Marcus. Não podia ser coincidência. Era o tipo de ato que ele faria, misterioso, calculado, ao mesmo tempo ameaçador e protetor. Mas por que proteger Noah? A ideia se embrenhou na minha mente como um veneno.

Tentei afastar o pensamento e dei um sorriso reconfortante para Noah, embora minhas mãos tremessem levemente. — Olha, só estou feliz que você está bem. Por favor, da próxima vez, não fique sozinho em lugares estranhos, tá?

Ele assentiu, mas algo nos olhos dele indicava que ainda estava confuso sobre a noite anterior.

Ao longo do dia, enquanto tentava manter a concentração no trabalho, as dúvidas se acumulavam na minha mente. Era como se Marcus estivesse jogando um jogo ao qual só ele sabia as regras. Salvar Noah não fazia sentido... a não ser que tivesse um propósito. Ele queria me mostrar algo? Mostrar que, mesmo distante, ele estava ali?

sᴜsᴜʀʀᴏs ᴅᴇ ᴜᴍ ᴀssᴀssɪɴᴏOnde histórias criam vida. Descubra agora