Capítulo 11: A escolha

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Daphne Hale

As horas se arrastavam, uma prisão de incerteza e medo. Eu estava amarrada e, em algum ponto, simplesmente deixei de lutar. Marcus tinha se tornado minha sombra, cada palavra dele uma tentativa de me dobrar, cada segundo uma manipulação calculada.

Ele queria algo que eu jamais poderia
dar. Mas no fundo, eu sabia que o
tempo estava acabando.

Foi quando ouvi um barulho vindo da
porta de metal. Marcus parou de
andar, o sorriso frio e satisfeito
desaparecendo, substituído por uma
expressão tensa. A porta se abriu com
força, revelando Jacob com a arma em punho, apontada diretamente para Marcus.

─ Solte-a, Crow. ─ Sua voz de Jacob
tremia, mas havia firmeza em seu
olhar. ─ Solte-a, ou juro que vou
acabar com você aqui mesmo.

Marcus apenas sorriu. Ele ergueu as
mãos devagar, mas havia um brilho de diversão em seus olhos.

─ Ora, detetive Riley, que surpresa
agradável ─ disse Marcus, com uma
voz venenosa. ─ Mas você realmente
acredita que vai sair daqui com ela?

Jacob apertou o gatilho e disparou,
mas Marcus desviou com uma velocidade impressionante, avançando contra ele. A arma de Jacob caiu e, em segundos, eles estavam no chão, lutando violentamente. Meu coração disparou enquanto eu assistia a cena, incapaz de fazer qualquer coisa, presa em minhas amarras.

Jacob lutava com todas as forças,
mas Marcus era cruel e metódico,
torcendo o braço de Jacob até ele
soltar um grito de dor. Com um
movimento rápido, Marcus o
imobilizou, e eu senti o terror tomar
conta de mim quando ele pegou uma
faca da mesa ao lado.

─ Você realmente é previsível, Jacob
─ Marcus murmurou, com desprezo na voz. ─ Sempre tão protetor. Tão...
previsível. ─ Ele olhou para mim, seus
olhos cintilando de diversão. ─ E isso
te torna fraco.

─ Não, Marcus! ─ Eu gritei, tentando
me soltar enquanto Marcus olhava para Jacob, sua expressão
transformada em um misto de frieza e
prazer sádico.

─ Eu poderia matá-lo aqui e agora
disse Marcus, passando a lâmina pelo
braço de Jacob, deixando um corte
superficial que o fez estremecer.
Mas isso seria fácil demais, não acha,
Daphne? ─ Ele olhou para mim,
aproximando a faca de Jacob
novamente, prestes a fazer algo ainda
pior.

─ Não faça isso! ─ minha voz saiu
desesperada, a dor de vê-lo machucar meu amigo era insuportável. ─ Por favor, Marcus... você já conseguiu o que queria. Ele não precisa sofrer.

Marcus inclinou a cabeça, ponderando por um instante, antes de sorrir de forma calculada.

─ Ver você implorar por ele... é quase
poético, Daphne. ─ Ele voltou a
atenção para Jacob, que lutava para
se soltar. ─ E quer saber, detetive?
Isso me diverte. Então, por que eu
deveria parar?

Ele pressionou a lâmina no ombro de
Jacob, e o grito de dor ecoou pela
sala. Senti uma lágrima descer pelo
meu rosto enquanto assistia impotente, cada segundo da tortura

Como um golpe direto em mim. Eu
estava à beira do desespero, lutando
contra as amarras que me prendiam,
tentando, de alguma forma, fazer
Marcus parar.

─ Solte-o, Crowe! ─ Eu berrei, a voz
quebrada de raiva e dor. ─ Se é
comigo que você quer brincar, então
faça isso. Deixe-o ir!

Marcus parou, seu sorriso
desaparecendo por um momento
enquanto ele me encarava, medindo
minhas palavras.

─ Talvez você esteja finalmente
começando a entender o jogo. ─ Ele
disse calmamente, largando a faca no
chão. Ele se aproximou de mim, ignorando Jacob, que gemia no chão.

─ Eu sabia que você veria as coisas
do meu jeito, mais cedo ou mais tarde.

Senti o alívio tomar conta de mim
quando ele finalmente se afastou de
Jacob. Eu olhei para o meu amigo, que
lutava para respirar, tentando manter a consciência. E, naquele instante,
entendi que Marcus não ia parar. Não
enquanto não conseguisse o que
queria de mim.

─ Você nunca vai vencer eu sussurrei, encarando Marcus. ─ Nunca.

Ele apenas sorriu, um brilho sombrio
nos olhos.

─ Não tão rápido, Daphne. Isso é
apenas o começo.

Marcus sorriu ao ouvir minhas palavras, como se tudo aquilo fosse parte de algum espetáculo doentio onde ele era o único espectador. Ele segurou meu rosto com força, seus dedos apertando minha mandíbula até que eu não conseguisse mais desviar o olhar.

─ Você ainda não entende, Daphne, mas vai entender. Eu não quero que isso acabe. Na verdade, eu gosto de você exatamente assim — disse ele, com a voz calma, mas cheia de uma intensidade perturbadora. — Tão... revoltada. Tão teimosa.

Senti minha respiração acelerar, o pânico tomando conta de mim enquanto ele aproximava o rosto do meu.

— Você pode me odiar, resistir, se debater... mas, no fundo, sei que você compreende — ele continuou, com um brilho sombrio nos olhos. — Esse jogo é só nosso. Ninguém mais entra.

Do outro lado da sala, Jacob gemeu de dor, tentando se erguer. O olhar de Marcus desviou para ele por um momento, antes de voltar para mim.

— Acho que seu amigo já se machucou o suficiente... por enquanto. — Ele me soltou com um movimento brusco, e me vi caindo de volta na cadeira, ofegante e com o corpo tremendo. Marcus se virou, pegando algo de uma mesa próxima, e em seguida, aproximou-se de Jacob, que ainda tentava se levantar.

— Não vou matá-lo... ainda — sussurrou Marcus para ele, a voz baixa, mas carregada de ameaça. — Mas você deveria pensar duas vezes antes de tentar se meter no que não entende.

Jacob o encarou, o rosto marcado pela dor e pelo cansaço, mas os olhos ainda mostravam a mesma determinação. — Você... não vai vencer, Crowe. Ela... ela nunca será sua.

Marcus apenas sorriu, o sorriso de alguém que já sabia que tinha o controle.

— Veremos. — Ele se virou para mim, o olhar cheio de uma promessa silenciosa, antes de sair da sala, deixando um silêncio pesado e frio atrás de si.

sᴜsᴜʀʀᴏs ᴅᴇ ᴜᴍ ᴀssᴀssɪɴᴏOnde histórias criam vida. Descubra agora