CAPÍTULO 1

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CAPÍTULO 1
Entre Estrelas

Elanor se ajustou na cadeira de controle enquanto os primeiros visitantes entravam no planetário. A projeção do universo escureceu a sala, e em segundos ela se viu imersa na tranquilidade das estrelas. O trabalho a conectava a algo maior que as luzes da cidade de 2024. Cada sessão parecia uma viagem — uma fuga das obrigações diárias, uma chance de mergulhar no infinito.

Desde pequena, a jovem sentia que o céu a chamava. Com seus cabelos loiros e olhos azuis que refletiam as constelações como um espelho, ela sempre teve uma conexão especial com o cosmos. Agora, trabalhar no planetário era mais do que um emprego: era um refúgio, um lugar onde ela se sentia menos deslocada e mais... ela mesma.

Ao final da apresentação, viu um brilho azul na tela do computador de controle. Uma nova estrela? Intrigada, verificou as coordenadas, mas nada ali fazia sentido. O sinal parecia mais um eco do que um ponto fixo, como se algo – ou alguém – estivesse tentando fazer contato.

"Isso não estava na programação", murmurou.

Assim que as luzes voltaram e a multidão começou a sair, decidiu investigar. Olhou para o céu através da cúpula de vidro que coroava o planetário. A noite estava clara, e cada estrela parecia brilhar mais intensamente do que o normal, especialmente uma que piscava de maneira estranhamente familiar.

Sua mente voltava às histórias que seu avô contava sobre mundos distantes, histórias antigas de portais entre realidades e de viajantes que cruzavam tempos e lugares diferentes. Ele sempre dizia: "As estrelas guardam segredos, Elanor. Mas elas só revelam o que sabem para quem realmente escuta."

O som de passos interrompeu seus pensamentos. Ao se virar, viu um visitante que parecia ter ficado para trás. Ele era um homem de aparência curiosa, com um olhar profundo, quase como se ele soubesse algo que ela não sabia. Ele sorriu ao vê-la, mas o que ele disse em seguida a surpreendeu:

"Você não pertence a este tempo, Elanor. E hoje à noite, o universo decidiu que você deve lembrar disso."

Elanor sentiu um arrepio percorrer sua espinha.

Elanor tentou não demonstrar surpresa com as palavras do estranho, mas ele percebeu. "Você não conhece a própria capacidade, Elanor. Há muito mais em você do que imagina."

Ela queria rir, achando aquilo improvável, mas algo na voz dele fez com que suas palavras ressoassem. Antes que pudesse responder, o homem se despediu com um olhar enigmático e se afastou, desaparecendo entre os últimos visitantes que deixavam o planetário.

Aquela noite no trabalho terminou sem mais incidentes, e, enquanto dirigia para casa, sentiu uma leveza que não sabia de onde vinha. Era um dia tranquilo e, apesar da estranheza do encontro, ela se sentia bem. O céu ainda brilhava com estrelas que observava de tempos em tempos pelo retrovisor, como se o universo estivesse lançando olhares de volta para ela.

Ao chegar em casa, encontrou o caos de sempre: pilhas de livros em cima da mesa, roupas empilhadas na cadeira, e caixas desorganizadas nos cantos da sala, resultados de promessas constantes de "arrumar tudo" que nunca se cumpriam. Ela tirou os sapatos, cansada, e se espreguiçou, tentando relaxar depois do turno.

Ao atravessar a sala, tropeçou em uma das caixas empilhadas ao lado da porta. "Aiai!", ela exclamou, equilibrando-se antes de cair. Ao se abaixar para arrumar a bagunça, uma pilha de papéis antigos chamou sua atenção.

Eram documentos amarelados, cobertos por pequenos recortes e memorandos que pareciam deslocados do restante das coisas. Ao pegar o primeiro papel, ela sentiu um frio percorrer seu corpo: o logotipo do antigo orfanato onde vivera estava ali, em destaque.

RESURRECTION, Elrond PerendhelOnde histórias criam vida. Descubra agora