Capitúlo 1

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Era uma manhã comum na escola Starlight, mas para Vênus, aquele era o início de algo que ela jamais poderia prever. Aos 17 anos, entre livros, provas e as conversas apressadas nos corredores, ela se dividia entre seus três grandes amigos — Andrômeda, Júlia e Júpiter. Júpiter, aliás, era mais do que um amigo; ele era alguém que nutria por Vênus um sentimento secreto, um amor que ele carregava em silêncio, escondido até mesmo de seus amigos mais próximos. Porém, para Vênus, esses sentimentos sinceros, era Ernesto, um garoto misterioso que recentemente cruzou seu caminho, que ocupava sua mente.

A escola, que foi palco de suas emoções e descobertas, que é liderada pelas irmãs Catarina e Frida. Frida, dona da instituição e diretora, mantinha uma postura severa e imponente, enquanto Catarina, a coordenadora, equilibrava o ambiente com sua simpatia e proximidade com os alunos.

Em meio às aulas e risadas, Vênus ainda não sabia, mas as escolhas que estava prestes a fazer iriam definir os caminhos de sua vida e os amores que estavam por vir.

Com o passar das semanas, Vênus e Ernesto passaram a se aproximar cada vez mais. Ele era o tipo de garoto que a maioria das pessoas considerava encantador — com seu charme despreocupado e seu jeito seguro. Ele fez Vênus rir, parecia entender o mundo de uma forma que intrigava, mas, mesmo assim, algo sempre parecia fora do lugar. Ernesto, por mais fascinante que fosse, não preenchia totalmente o vazio que ela às vezes sentia ao lado dele.

Júpiter, que observava tudo de longe, guardava para si a frustração e o carinho que sentia por Vênus. Ele se contentava em ser o ombro amigo, em ser quem a fazia sorrir quando ela precisava, sem nunca confessar o que de fato sentia. Andrômeda e Júlia, sempre atentas a tudo, perceberam o dilema que cresceu nos olhos de Júpiter. Uma vez, Andrômeda chegou ao confronto:

— Até quando vai esconder isso dela, hein? — disse ela, cruzando os braços.

— Eu não posso fazer nada agora, Andrômeda — Júpiter respondeu, tentando sorrir. — Ela parece feliz com o Ernesto.

Enquanto isso, Frida e Catarina observavam as dinâmicas dos alunos com um interesse especial. Frida, como dona da escola, sabia que sua responsabilidade ia além da disciplina acadêmica; ela entendia as angústias e os dramas adolescentes e, às vezes, até se via refletida nos olhares ansiosos e nas paixões intensas que permeavam o ambiente. Catarina, mais próxima e aberta, incentivou os alunos a se expressarem, sempre pronta para ouvir qualquer um que precisesse desabafar.

Mas, o que ninguém esperava era que, certo dia, Frida convocou Vênus para uma conversa na sala da diretoria. Vênus caminhou até lá, seu coração batendo rápido, sem entender o que poderia ter feito de errado. Ao entrar, encontrou Frida com um semblante sério, mas não acusada.

— Vênus, eu percebi que você tem um grande potencial e algo muito especial — começou Frida, surpreendendo-a. — Mas também vejo que você parece perdido, como se não soubesse o que realmente quer.

Aquelas palavras ficaram marcadas na mente de Vênus. Talvez Frida tivesse certa — talvez fosse hora de parar de procurar respostas para a mesma e tentar entender o que realmente buscava.

No corredor, Júpiter a aguardava sem saber o que ela tinha acabado de ouvir. Ao vê-la, ele a encarou e brilhou gentilmente, como sempre fazia. Era um sorriso simples, mas que parecia ser o único capaz de sorrir seu coração naquele momento.

Nos dias que se seguiram, Vênus não conseguiu tirar as palavras de Frida da cabeça. A diretora parecia ter enxergado algo que nem ela mesma havia percebido. Será que você realmente estava se iludindo com Ernesto? Em cada risada e conversa com ele, algo lhe faltava, um pedaço invisível de felicidade que ela ainda não compreendia. Quando ela estava ao lado de Júpiter, porém, havia uma leveza, uma segurança... mas até então Vênus nunca havia pensado nele de outra forma.

Certa tarde, enquanto o grupo de amigos estava reunido no jardim da escola, Andrômeda, com seu jeito direto e ousado, trouxe o assunto à tona:

— E então, Vênus, como você anda o namoro com Ernesto? — Disse ela, lançando um olhar provocador para Júpiter, que rapidamente desviou o olhar.

— Ah... a gente não está exatamente namorando — respondeu Vênus, sem graça. — Quer dizer, eu gosto dele, mas...

— Mas o quê? — insistiu Júlia, arqueando uma sobrancelha curiosa.

— Mas... não sei, é como se alguma coisa estivesse faltando — Vênus suspirou, surpresa com a própria confissão.

O silêncio caiu entre eles, e Júpiter, que parecia estar absorvendo cada palavra, decidiu quebrar o gelo.

— Às vezes, Vênus, aquilo que buscamos está mais perto do que imaginamos. E talvez a resposta seja algo que você já sabe, mas ainda não quer admitir.

Vênus olhou para Júpiter, seu coração batendo mais rápido ao perceber um brilho diferente nos olhos dele. Era como se, de repente, algo tivesse mudado entre eles, como se ela estivesse enxergando Júpiter pela primeira vez de uma forma diferente. Mas, antes que você pudesse processar seus pensamentos, Ernesto apareceu no jardim, interrompendo o momento.

— Ei, pessoal! — ele disse, jogando o braço casualmente ao redor de Vênus, o que a fez ficar ainda mais confuso.

Nos dias que passaram, a confusão de Vênus só aumentou. Em uma tarde chuvosa, Frida novamente a chamou para uma conversa. Ao entrar na sala da diretora, Vênus encontrou não apenas Frida, mas Catarina também.

— Sabe, Vênus — começou Catarina, com um sorriso gentil —, às vezes é importante ouvir o próprio coração, mesmo que isso signifique seguir um caminho que assusta.

— Exato, Vênus — completou Frida. — O amor verdadeiro não costuma ser uma escolha fácil, mas quando é real, você sabe.

Aquelas palavras parecem ecoar fundo na alma de Vênus. Ela agradeceu, agradecendo às duas, e saiu da sala decidida a entender o que realmente sentia. A resposta parecia estar em um lugar que ela ainda temia explorar, mas talvez cheguesse a hora de encarar seus sentimentos de frente.

Naquela noite, ela invejou uma mensagem para Júpiter pedindo que se encontrasse. Ele apareceu pontualmente no local combinado — o pequeno parque em frente à escola, onde tantas vezes tinha conversado sobre tudo e nada.

— Júpiter, eu... eu não sei se estava enganada esse tempo todo — disse Vênus, sua voz trêmula. — Mas quando estou com você, sinto algo que não sinto com mais ninguém.

Júpiter falou, parecendo tão vulnerável quanto ela. Ele segurou sua mão suavemente e, com o coração disparado, respondeu:

— Vênus, eu sempre pensei que o que sinto por você é mais do que amizade. Esperei tanto tempo para ouvir isso...

Naquele instante, sob a luz suave da lua, Vênus descobriu que talvez já tivesse encontrado o que tanto buscava — e que, afinal, seu verdadeiro amor sempre esteve ao seu lado.

4o

AMOR FALSOWhere stories live. Discover now