Capítulo 7 - Revelações e Esperança

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Frida esperava ansiosa no corredor da delegacia, o olhar fixo na porta onde os investigadores entravam e saíam, esperando por alguma atualização. Quando finalmente um deles se aproximou, ela imediatamente perguntou:

— Alguma novidade sobre Vênus? Encontraram alguma pista?

O investigador balançou a cabeça, com expressão séria.

— Ainda estamos procurando, mas ampliamos a área de busca. Não vamos descansar até encontrar sua aluna, senhora Frida.

De volta à escola, o clima era tenso e sombrio. Júlia e René, unidos pela preocupação com a amiga desaparecida, encontraram consolo um no outro. René pegou gentilmente a mão de Júlia, sentindo-a tremer, e olhou para ela com um sorriso reconfortante.

— Eu... estou aqui para você, Júlia. Sei que estamos todos sofrendo por Vênus, mas... quero que saiba que pode contar comigo, sempre.

Júlia olhou para ele, os olhos marejados, e um calor tomou conta do seu peito.

— Obrigada, René. Você também pode contar comigo... mesmo que tudo isso seja tão difícil.

Os dois se aproximaram, e o momento parecia ser apenas deles. Estavam prestes a se beijar quando o toque da coordenadora interrompeu o instante. Catarina apareceu, com uma expressão séria, e pediu para que Júlia, René e os outros amigos de Vênus, inclusive Júpiter, se dirigissem imediatamente à sala de Frida. Ela e Frida haviam decidido que era hora de abrir o jogo sobre o que estava acontecendo com Vênus, por mais doloroso que fosse.

Na sala da diretora, o grupo se reuniu em um semicírculo, os rostos marcados por preocupação e ansiedade. Júpiter estava especialmente inquieto, o coração batendo acelerado enquanto olhava para as tias, esperando qualquer notícia.

Frida começou, escolhendo cuidadosamente suas palavras:

— Eu sei que todos vocês estão preocupados e ansiosos para saber sobre Vênus, e achamos que vocês merecem saber a verdade. — Ela fez uma pausa, olhando para cada um deles. — Acreditamos que Vênus pode ter sido vítima de algo muito sério. E, até agora, Ernesto é nosso principal suspeito.

Houve um murmúrio de choque e horror entre os amigos de Vênus. Júpiter sentiu o peito apertar, os punhos cerrados ao lado do corpo.

— E o que estamos fazendo para encontrá-la? — ele perguntou, tentando manter a calma, mas sua voz saía tensa.

Catarina respondeu:

— Já informamos a polícia, e eles estão conduzindo buscas intensas. A situação é grave, e queremos que vocês saibam que estamos fazendo tudo ao nosso alcance para trazer Vênus de volta em segurança.

O silêncio na sala era pesado, cada um dos amigos de Vênus perdido em seus próprios pensamentos e temores. Júlia segurou firme a mão de René, buscando apoio. Finalmente, Júpiter quebrou o silêncio.

— Eu não vou desistir dela. E sei que todos aqui também não vão. Vamos fazer tudo o que pudermos para encontrá-la e garantir que ela volte em segurança.

Frida e Catarina trocaram um olhar, emocionadas ao ver a determinação nos olhos dos amigos de Vênus. Eles sabiam que aquele grupo não iria parar por nada até que Vênus estivesse de volta, segura e longe de qualquer ameaça.

Naquela mesma tarde, Júpiter recebeu uma ligação dos pais de Vênus, Josi e Paulo, pedindo para que ele fosse até a casa deles. Ao chegar, foi recebido por Josi, que estava com os olhos cansados e o semblante marcado pela preocupação. Paulo se aproximou e, tentando manter a calma, falou diretamente com Júpiter.

— Júpiter, sabemos que você é um dos melhores amigos da nossa filha e que sempre esteve ao lado dela. Queremos saber... — Ele fez uma pausa, respirando fundo. — Você notou algum comportamento estranho do Ernesto em relação a Vênus ou aos amigos dela antes desse desaparecimento?

Júpiter hesitou um momento, lembrando de todas as ameaças e atitudes agressivas de Ernesto. Ele assentiu, com a voz grave.

— Sim, senhor Paulo. Ernesto sempre teve uma atitude possessiva e, nos últimos dias, estava ainda mais agressivo. Ele me ameaçou... e também ameaçou Vênus. Tivemos algumas conversas com as diretoras da escola sobre isso, mas infelizmente parece que ele se descontrolou de vez.

Josi levou a mão ao peito, a expressão preocupada tornando-se de puro desespero.

— Meu Deus... não acredito que minha filha tenha passado por tudo isso. Como não percebemos antes?

Enquanto Josi e Paulo tentavam digerir a situação, Ernesto, em um local afastado da cidade, continuava seu cerco psicológico sobre Vênus. Ele estava de olho em seu celular, lendo notícias sobre o desaparecimento dela e sobre as investigações em curso. Ao perceber que as autoridades estavam em sua busca, seu rosto ficou tenso, os olhos brilhando de raiva.

Ele se aproximou de Vênus, o olhar ameaçador.

— Está vendo o que você fez, Vênus? — Ele a olhou com rancor. — Se tivesse ficado comigo, nada disso estaria acontecendo! Eu te amo, Vênus... você é tudo o que eu quero, e agora estou sendo caçado por sua causa. Fica comigo, e podemos resolver tudo isso.

Vênus ergueu a cabeça, os olhos fixos nele, destemida.

— Ernesto, você precisa entender que amor não é isso. O que você está fazendo é doentio e perigoso. Eu nunca vou ficar ao seu lado. Você tem que pagar pelo que fez comigo, com meus amigos e com a minha família.

A reação de Ernesto foi imediata; ele puxou de dentro de uma bolsa uma arma, o brilho frio da arma contrastando com seu olhar perturbado. Ele a segurou firme, apontando para Vênus.

— Pois saiba de uma coisa, Vênus. Se alguém vier atrás de mim, vou atirar. Vou acabar com qualquer um que tente tirar você de mim.

Vênus sentiu o coração disparar, mas não cedeu ao medo. Ela sabia que não podia mostrar fraqueza, sabia que seus amigos e sua família estavam em busca dela. Ela precisava ganhar tempo, encontrar uma maneira de sair daquela situação.

Com a tensão aumentando, Vênus apenas o encarou, determinada a não se render.

Júpiter, ao lado de Frida e Catarina, avançava pela trilha que os levou a um galpão abandonado, seguindo uma intuição que ganhava força. O lugar era sombrio, cercado de árvores e com janelas quebradas, como se ninguém tivesse entrado ali há anos. Eles se aproximaram com cuidado, e Júpiter escutou algo que congelou seu coração: uma voz abafada, mas inconfundível, que parecia ser a de Vênus.

Sem hesitar, Júpiter gritou, o som reverberando no silêncio ao redor.

— Vênus! Você está aí? Responde!

Dentro do galpão, Vênus abriu a boca para responder, mas antes que pudesse emitir qualquer som, Ernesto rapidamente cobriu sua boca com força, o olhar frio e ameaçador.

— Não faça um som sequer — ele murmurou em seu ouvido, apertando ainda mais a mão sobre sua boca. — Se eles descobrirem, não vai acabar bem para ninguém.

Vênus tentou se acalmar, os olhos arregalados de medo, mas ainda brilhando com a esperança que sentiu ao ouvir a voz de Júpiter. Ela sabia que ele estava ali, sabia que ele estava perto... mas também sabia que, por enquanto, não havia o que fazer a não ser aguardar o momento certo.

Do lado de fora, Frida e Catarina trocaram um olhar apreensivo. Elas tinham certeza de que escutaram algo, mas o silêncio que seguiu deixou-os desconfiados. Frida suspirou, frustrada.

— Vamos ter que voltar amanhã — ela disse, com os olhos fixos no galpão. — Não podemos fazer nada agora, mas temos que planejar uma forma de entrar e descobrir o que realmente está acontecendo aqui.

Júpiter olhou para o lugar com raiva e determinação, decidido a voltar e, dessa vez, trazer Vênus de volta, custe o que custar.

AMOR FALSOWhere stories live. Discover now