Eu costumava pensar que o amor era simples e sincero, algo puro, um sentimento onde não havia espaço para dúvidas ou enganos. Durante muito tempo, acreditei que Lucas e eu viveríamos algo assim. Ele foi meu primeiro amor aos dezesseis anos e, por mais que eu negue agora, eu realmente acreditava que era recíproco . Na verdade , eu queria que ele sentisse o mesmo tão desesperadamente , que eu escolhia não enxergar o que sempre esteve bem na minha frente.
Lucas era dono de uma gentileza realmente encantadora, isso era o que eu mais admirava nele, sempre muito atencioso e educado. No início, achei que nossa ''relação'' seria apenas uma série de olhares que ele nunca saberia decifrar. Meu passatempo predileto era observá-lo durante as aulas, gravando cada detalhe: o alinhamento perfeito do seu sorriso , o cabelo quase loiro e , a forma como ele se espreguiçava na cadeira, despreocupado. De vez em quando, nossos olhares se cruzavam no intervalo, e eu juro que ele fazia questão de sustentar , fazendo milhares de borboletas borbulhar em meu estômago, tudo por causa de um olhar que, na minha imaginação, dizia tanto.
Lembro perfeitamente do dia em que percebi que eu não era a única que o notava. Nos encontramos por acaso fora da escola, e eu tinha certeza de que ele passaria direto , como se eu fosse invisível. Mas, para minha surpresa, ele parou na minha frente e estendeu a mão para me cumprimentar. Foi uma coisa tão simples, mas o toque dele me fez sentir como se o mundo tivesse parado. Eu podia jurar que ele ouviria o som do meu coração batendo tão forte, mas tentei disfarçar, embora eu mal conseguisse pronunciar um "oi" sem guaguejar. Só de estar ali, na presença dele, eu me sentia vulnerável, boba e... totalmente enfeitiçada.
Com o tempo, escondendo meu sentimento, comecei a criar pequenos planos que, na época, pareciam corajosos, mas que hoje vejo como gestos inocentes, quase que infantis. Me ofereci para ajudá-lo nas aulas de matemática, achando que, se ele não pudesse se apaixonar pela minha aparência, talvez se encantasse pela minha inteligência. Depois, comecei a mostrar interesse pelas coisas que ele apreciava, esperando que isso criasse um vínculo. Quando ele falava sobre algo de que eu também gostava, eu sentia uma conexão, uma faísca que me dizia que éramos parecidos. E, de certa forma, funcionou: nos aproximamos bastante.
A cada dia que passava, Lucas me fazia acreditar que talvez, só talvez ele gostasse de mim. Passávamos várias aulas conversando, trocávamos mensagens até tarde da noite. Às vezes, ele pegava minha mão, às vezes me olhava com admiração, às vezes sorria das minhas piadas sem graça, mas foram todos esses ''às vezes '' que eu me sentia mais apegada a ele.
Saímos algumas vezes, e eu mal conseguia dormir à noite, sonhando acordada com cada encontro. Na primeira vez lembro de ficar encantada em conhecer coisas sobre ele que não sabia; na segunda, lembro de dizer a mim mesma que ele era a pessoa certa, eu nunca havia gostado tanto de alguém; e na terceira nos beijamos. Depois disso, ele sumiu.
Às vezes ele voltava, depois de semanas de silêncio, como se nada tivesse acontecido. Dizia coisas bonitas,promessas vazias que eu sempre acreditava, por mais improváveis que fossem. O pior de tudo é que sempre estive esperando que elas se concretizasse, esperando ano após ano, acreditando que suas palavras eram reais tanto quanto as minhas sempre foram para ele.
Três anos se passaram assim- eu com dezesseis, depois dezessete, depois dezoito. Três anos em completa espera, três anos gostando de alguém que seu passatempo predileto era brincar comigo e desaparecer depois de se cansar, e reaparecer quando o convinha , afinal pois eu sempre estaria lá. Mas agora havia se passado tempo demais, tive que perceber que eu não tinha importância para ele.
Com o coração quebrado, com sentimentos ainda guardados no fundo do peito, eu me despedi, me despedi de alguém que nunca realmente quis estar comigo.
Só espero me manter firme na minha decisão...
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Entre o Amor e a Ilusão
Teen FictionSofia sempre acreditou no amor. Quando ela se apaixonou pela primeira vez, pensou que tinha encontrado o cara perfeito em Lucas, o garoto charmoso e gentil que parecia devolver seu olhar com o mesmo brilho e interesse . Com o tempo, no entanto, Sofi...