4 - Biologia ou Química?

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Estou com sono, ontem a noite meu pai me levou para assistir a uma de suas transações comerciais, como gostamos de chamar, a família Hernández compra drogas conosco há anos, desde que eu era pequena, mas parece que o filho mais velho completou 25 anos recentemente e irá assumir no lugar do atual capo deles, mas o fedelho imundo já chegou dando problema. O idiota acha que o valor que cobramos é muito alto, veio cheio de atitude tentando intimidar o meu pai, grande erro, meu pai pode estar mais velho agora mas continua sendo o grande e temido Urrea, ele jamais se curvaria a um garotinho mimado que acha que sabe o que está fazendo. Resumindo, meu pai quase fez o idiota borrar as calças e eu assisti tudo absorvendo cada palavra, cada olhar e expressão corporal que meu pai fazia, eu quero ser uma líder como ele é, forte e destemida, sem contar que por ser mulher, tenho que ter o dobro de força e ser temida por onde passar, assim irão me respeitar. É uma merda pensar nisso, a máfia ainda ser tão retrograda ao ponto de achar que uma mulher não tem o que é preciso para comandar tão bem quanto um homem, isso é ridículo e eu vou provar a todos que estão errados em continuar pensando assim.

- Pode fazer dupla com a senhorita Urrea. - A voz do professor Leonard me fez sair de meus devaneios e encarar o que estava na minha frente.

E lá estava ele, alto, cabelo levemente bagunçado de um jeito ridicularmente sexy, olhos claros como o céu e a droga da jaqueta de couro que por algum motivo doentio, eu gosto. Assim que meus olhos encontram os dele, ele sorri de forma convencida e agradece ao homem de meia idade que usa óculos maiores que seu rosto e um jaleco branco, que estava parado ao seu lado, nosso professor de Biologia.

Ryder caminha em direção a minha mesa sem desviar o olhar, então tira a jaqueta e se senta ao meu lado.

- Eu deveria me questionar sobre o motivo de você ser a única da classe que não tem um parceiro nessa aula? - Ele diz enquanto encara o quadro a nossa frente que agora está sendo preenchido com as informações do tema de um novo trabalho.

- Se você não sabe a razão disso, deveria se questionar sobre sua saúde mental, não é normal alguém da sua idade ter perca de memória recente. - Respondi sorrindo sarcástica e ele se virou para me encarar.

- Você é sempre tão atrevida dessa forma? - Ele questionou virando seu corpo inteiro para mim, eu apenas dou de ombros e me viro para frente. - Estou começando a achar que Noah Urrea não é o único motivo para as pessoas fugirem de você, miss máfia.

- O que foi que você disse? - Perguntei surpresa com a audácia desse garoto.

- Relaxa gatinha, eu só estou brincando com você. - Ele disse rindo levemente. - Não precisa pedir para um de seus tios assustadores me dar um tiro.

- Se eu quiser que você leve um tiro, eu mesma puxo o gatilho, não preciso que ninguém faça isso por mim. - Rebati e ele ergueu uma de suas sobrancelhas. - E já mandei não me chamar assim.

Ele levantou as mãos em sinal de rendição e sorriu, que ódio desse sorriso.

- Como você sabe sobre meus tios?

- Ouvi bastante histórias. - Ele disse vagamente.

Então vendo que eu não parava de encará-lo aguardando uma resposta, ele me olhou e riu.

- Fiz amizade com uma galera legal, inclusive um que saiu traumatizado por culpa de seu tio loiro do olho azul. - Franzi o cenho, mas logo me lembrei do episódio do qual ele estava se referindo.

- Tommy. - Falei e olhei o garoto ruivo que nos encarava do final da sala.

- Pois é, Tommy. - Ryder riu novamente, mas me pareceu sincero dessa vez. - Ele é um cara legal, mas tem péssimas lembranças de um trabalho de história que vocês fizeram juntos.

- Pobre Tommy... - Falei me lembrando de como tio Josh aterrorizou o garoto no estilo Poderoso chefão. - Confesso que fiquei com um pouco de dó dele aquele dia, tio Josh estava inspirado. - Falei rindo.

Lembro que Tommy não ficou muito animado quando anunciaram que eu seria sua parceira naquele trabalho, quase todo o time de futebol morre de medo do meu pai, seu capitão não seria diferente, principalmente porque todos receberam torpedos, orquestrados pelo tio Krys, onde foram avisados sobre a regra de manter suas "mãos imundas" longe da filha do Urrea, especificando o quarterback, Tommy Brown. Então quando eu disse que faríamos o trabalho no apartamento da tia Sabina, óbvio que meu pai mandaria um de seus homens para nos vigiar e tio Josh fez questão de pegar esse serviço.

Nem notei que estava rindo com as lembranças daquele dia, mas então me virei e notei Ryder parado me olhando, um olhar diferente, algo que eu nunca tinha visto ser direcionado a minha por alguém fora da minha família.

- O que foi? Por que está me encarando desse jeito?

- Acho que é a primeira vez que te vejo sorrir, um sorriso de verdade. - Ele disse me encarando com admiração. - Deveria fazer isso mais vezes.

Pela primeira vez, eu fiquei sem palavras, não parecia uma provocação e nem se quer tinha um tom de brincadeira, ele estava falando sério. Acho que ele notou que me deixou sem graça, pois mal me deu tempo de responder.

- Apesar dessa sua atitude de garota malvada ser extremamente sensual... - Olha o teor de provocação ai. - Tenho uma fraco por garotas más. - Ele balançou a sobrancelha, me fazendo quase rir novamente, quase.

- Pena que eu não tenho por caras idiotas. - Respondi e ele sorriu.

- Au, essa doeu. - Ele brincou colocando a mão no peito. - Mas eu falei sério, você tem um sorriso lindo Maya.

Maya, não gatinha, nem miss máfia, mas o meu nome...Maya.

- Obrigada. - Respondi simples e ele voltou sua atenção para o professor a frente da classe.

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Séculos depois, consegui escrever um novo capítulo, vejo vocês no próximo!!

xoxo,Riv

𝐇𝐞𝐢𝐫𝐞𝐬𝐬 𝐇𝐞𝐚𝐫𝐭 - 𝐍𝐨𝐚𝐫𝐭Onde histórias criam vida. Descubra agora