𝐇𝐞𝐢𝐫𝐞𝐬𝐬 𝐇𝐞𝐚𝐫𝐭 - 𝐍𝐨𝐚𝐫𝐭

5 - Regras são regras

Estou voltando da escola, abro a porta da frente e ao entrar sendo seguida por Lamar, ouvimos o som de algo quebrando, me aproximo da sala de estar e vejo minha mãe parada olhando para a porta do escritório do meu pai. 

- O que está acontecendo? - Pergunto e logo ouvimos um dos gritos do meu pai. 

- Seu pai está resolvendo um assunto pendente. - Diz ela, não muito convincente. 

A forma como meu pai gritava ao telefone não dava a impressão de que estaria resolvendo esse assunto que o estava tirando do sério. 

- QUERO QUE TODOS VÃO A MERDA! - Soou em alto e bom som o rugido da voz grave de meu pai. 

- Tem certeza de que ele está resolvendo a situação? - Perguntei e minha mãe esfregou a testa como sempre faz quando está preocupada com algo. 

- Lamar, poderia subir e chamar o Josh para mim? - Pediu minha mãe. - Ele está no quarto cuidando de Savannah. 

- Claro, Sina. - O moreno sorriu e subiu para fazer o que minha mãe pediu. 

Tia Sav havia tomado um tiro a alguns dias em uma das missões, por sorte Joalin matou o desgraçado a tempo dele não fugir. Mas o tiro que minha tia tomou, pegou de raspão no braço direito, então ela estava com o membro imobilizado por um tempo, por isso eles estão passando uns dias aqui em casa, tio Josh não quer que ela fique sozinha enquanto ele sai para o trabalho. Tem sido divertido tê-los aqui novamente, me lembra de grande parte da minha infância quando morávamos todos juntos, confesso que senti muita saudade nos primeiros meses após o casamento deles, quando se mudaram para sua própria casa. 

- Mãe, o que está acontecendo? E onde está Liz? - Percebi que minha irmãzinha não estava berrando por ai e nem babando todo o meu rosto com aquelas mãozinhas minúsculas dela, como costuma fazer sempre que chego da aula. 

- Sua tia Sofya passou aqui e a levou para o shopping. 

Quando meu avô Sebastian morreu a uns anos atrás, minha avó Alex e a tia Sofya passaram a morar aqui em Los Angeles, vovô Marco conseguiu uma ótima casa perto da deles, para que elas não se sentissem sozinhas, o que foi bom, afinal vovó Wendy se tornou praticamente a melhor amiga da vó Alex, acho que isso ajudou bastante no processo de luto. 

De repente um novo barulho de vidro se estilhaçando, eu avisei que deixar todas aquelas garrafas de whisky e copos de vidro no escritório do meu pai não eram uma boa ideia. 

- Meu Deus, seu pai vai destruir o escritório. - Resmungou a loira ao meu lado. 

Então antes que eu pudesse perguntar mais uma vez o que estava acontecendo, a imagem de um Noah Urrea super nervoso entra no cômodo, xingando baixo. 

- Então? - Pergunta minha mãe parecendo mais aflita do que a minutos atrás. 

- Final do ano, depois da formatura. - Meu pai responde a contra gosto, parecendo querer matar qualquer coisa que respire ao seu lado. 

- Não! - Exclamou minha mãe. - Isso é cedo demais, Noah! 

- Eu sei, porra. - Xingou meu pai olhando para o chão. - Eu estou a ponto de ir até lá e atirar em todos eles, mas não quiseram alterar o prazo. 

- Do que vocês estão falando? - Perguntei começando a ficar nervosa. 

Eles ficaram calados, mas minha mãe olhava para meu pai de forma sugestiva, porém meu pai segue relutante e calado. 

- Fala para ela, Noah. - Ordena minha mãe. 

- Seu avô esteve em uma reunião do conselho hoje pela manhã e querem que você escolha seu pretendente até o fim do ano. - Disse meu pai. 

- Mas.... - Falei em choque. - Que porra! - Exclamei nervosa. 

- Olha a boca, Maya! - Repreendeu minha mãe. 

- Isso é ridículo! A regra diz que eu só preciso firmar um compromisso idiota aos 21 anos, eu tenho 17! 

Isso foi como um puxar de tapete, eu tinha planos para depois da formatura, iria treinar mais e acompanhar meu pai nas transações, mostrar a esses velhos decrépitos que eu posso muito bem ser uma líder sem ter um homem ao meu lado e agora querem que eu arrume alguém assim do nada?

- Eu sei disso! - Respondeu meu pai. - Eu tentei argumentar, mas pelo que parece, nosso patrimônio e legado é importante demais para cair em mãos erradas, querem que eu comece a treinar o moleque cedo. 

Eu podia ver a raiva sair pelos olhos claros de meu pai, ele odiava essa ideia tanto quanto eu, desde que me entendo por gente, meu pai vê em mim a sua sucessora, ele me fez acreditar que eu poderia comandar as coisas e ser boa nisso, ele nunca duvidou de mim, então sei que o fato do conselho insistir que eu terei que me casar um dia e que meu futuro marido estará a frente de nossos negócios, está acabando com a sanidade dele. 

 - Como podem achar que nosso legado estará mais seguro nas mãos de um idiota qualquer do que comigo? EU SOU UMA URREA! - Perdi a cabeça. - Eu não vou me casar aos 17 anos, se é isso que esses estúpidos pensam. 

- Não existe ninguém melhor do que você para assumir o lugar de seu pai, mas as regras exigem um homem... - Argumentou minha mãe.

- QUE SE FODAM AS REGRAS! - Exclamei nervosa. - Não estamos mais naquela época, eu não sou como aquelas garotas que só queriam gastar o dinheiro da máfia em bobagens fúteis, eu quero fazer o dinheiro entrar! 

- Não grite com sua mãe. - Ordenou meu pai, assumindo sua pose protetora ao lado de minha mãe. - Nós entendemos filha, também não concordamos com a decisão deles mas no momento não há nada que possamos fazer. 

- E você espera que eu faça o que exatamente, pai? - Questionei cruzando os braços. 

- Quero que finja. - Ele disse simples e objetivo. 

- O quê? - Perguntei franzindo o cenho. 

- Isso mesmo que você ouviu, quero que finja estar procurando um candidato ideal para ser seu futuro marido. - Eu ri desacreditada. 

- Você não pode estar falando sério. 

- Mas estou, você quer assumir tudo no meu lugar, não quer? 

- Claro que eu quero. 

- Então teremos que jogar com as regras deles. - Respirei fundo. - Vamos resolver tudo isso, mas por enquanto você precisa confirmar em mim e fazer o que eu digo. 

Ele me olhava nos olhos, de igual para igual, eu sempre respeitei ele e é claro que eu confio em seu julgamento, então eu apenas balanço a cabeça concordando. 

- Eu confio e eu vou, pai. - Ele se aproxima e me puxa contra seu peito, beija o topo da minha cabeça e acaricia meu cabelo. 

- Essa é minha garota. - Ele diz e eu suspiro. 

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xoxo, Riv