Tempestia piscou, sentindo pequenos choques percorrerem seu corpo e a deixando dormente. Levantou devagar, oscilando quando sentiu sua perna se transformar em eletricidade. Com um pouco de esforço mental, porém, conseguiu fazer todo seu corpo ficar sólido. Olhou para o céu crepuscular, onde as primeiras estrelas já despontavam. Tinha levado uma queda e tanto. Colocou a mão no bolso da jaqueta roxa e tirou de lá seu celular, que ainda chiava um pouco pelo surto elétrico da dona.
— Ah, não... - murmurou ao ver 17:41 piscando na tela - Eu fiquei no chão por uns 30 minutos? Gente, o que foi que me derrubou?!
Olhou ao redor, com as mãos na cintura, confusa. Se lembrava de uma onda de energia roxa cobrindo os prédios e, de repente, seu corpo elétrico perdeu a estabilidade nos fios dos postes e ela caiu com tudo no chão. Tinha quase certeza de que tinha ouvido gritos.
— AAAH! SOCORRO!
Gritos como aquele. Atenta, disparou na direção do grito invocando seu sansetsukon e o posicionou em suas mãos quando alcançou a esquina. No meio da rua, um garoto de roupa estranha coberta de penas e uma máscara fajuta de carnaval estava cercado por lobisomens. Eram três e estavam em suas formas esquisitas, meio cachorro, meio porco, meio humanos, como uma mistura bizarra de vários animais cobertos por pelos cinzentos.
— O que é isso aqui? - a heroína perguntou, tentando soar como uma mãe rígida que encontra os filhos fazendo arte.
Os lobisomens, porém, nem se intimidaram. Viraram suas faces ferais para ela e, pelo olhos emanando um brilho roxo esquisito, Tempestia soube que não era só um caso comum de ataque de metamorfos. Logo quando pensou nisso, girou sobre seu eixo, acertando algo com sua arma articulada, e recuou.
— Ardilosa como sempre, Lobanil... - se interrompeu, vendo o capacete de inseto - Ahn?
— Esperava alguém diferente, querida? - perguntou Mariposa, em seu tom debochado.
— Quem é você? E por que me atacou por trás?
— Ora, se fosse pela frente, você ia me ver - explicou como se ela fosse burra - Mas ainda assim você me atacou com seus nunchakus esquisitos.
— É um sansetsukon - corrigiu, relaxando um pouco na postura.
— Ah, não, você deve ser um desses adolescentes estranhos viciados em anime. - falou com o máximo de desdém que podia - Espero que não me venha com discursinho...
Subitamente um raio caiu do céu e atingiu a vilã, interrompendo sua fala e a eletrocutando.
— Não se preocupe - disse a heroína, juntando várias faíscas em seu punho - Não sou boa com palavras mesmo. - e deu um soco.
A rajada de eletricidade foi tanta que atingiu o asfalto e transformou a areia da calçada em vidro. No entanto, tudo o que Tempestia viu foi uma lufada de asas e a vilã tinha sumido.
— Bem, não tem jeito, vou acabar com você primeiro - a voz da vilã ecoou no ambiente, sem uma fonte.
— O que…
Uma única mariposa voou e se grudou no rosto mascarado da heroína, cobrindo tudo como uma mortalha. A garota girou e caiu enquanto tentava tirar o inseto ou eletrocutá-lo, sem sucesso. Mariposa voltou a se materializar e apontou para o garoto com um sorriso maléfico.
— Você é o próximo, Pardal - ameaçou - É melhor contar onde está sua parceira ou então seus pais vão receber uma caixa com o que restou de você pelo Correio. E não vai ser bonito.
— Bem, você transformou quase todo mundo em monstros e sumiu com o resto, acho que ninguém vai receber nada do Correio, viu - retrucou, ainda colado no muro, com medo.
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A Hora da Mariposa: um conto de Dia do Saci
FantasiEm Solarópolis, o dia 31 de Outubro mobiliza toda a cidade no evento mais popular da cidade: a Caça Anual ao Saci. Além de uma chance de aparecer na televisão durante a manhã da competição, quem conseguir passar pelos 3 enigmas e encontrar o totem d...