A borboleta assassina

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A chuva se fortalecia e tornava a fuga mais complicada, a grama molhada e as pequenas poças de lama eram imperceptíveis na escuridão da parte de mata alta, fazendo a sua velocidade diminuir, tropeçar e às vezes cair,tendo que levantar rápido, aumentando a sensação de perigo.

Olhou para trás e reconheceu o homem caminhando em sua direção, vestia uma fantasia berrante e rosa de borboleta,  empunhando uma peixeira que brilhava graças à lua e voltou a olhar para sua frente, conseguia ver a rua e a academia do outro lado.

Estou perto. Não desiste. Pensava ignorando a dor nas pernas, a explosão do início da corrida para sobreviver tinha terminado e começava a sentir a estafa pelo esforço.

Continuou correndo por mais alguns metros, contudo, começou a sentir a batata da perna doer e quando percebeu estava caído no chão sentindo dor.

Os passos ficaram mais altos, a chuva continuava muito forte, sem se importar em sujar sua fantasia de Luffy continuou se arrastando pela grama e lama. 

Continuar limpo era a última coisa que pensava neste momento.

- Socorro! Alguém me ajude! – Gritou desesperado e pôs a mão na bermuda.
Minha chave! Pensou enquanto colocava a ponta entre os dedos, fechando o punho.

O rapaz se virou e a figura o olhava, engoliu seco e se arrastou para trás.

O homem o olhava com o rosto mascarado, fantasiado de borboleta rosa com as antenas caindo para os lados, parecia forte, porém não conseguia identificá-lo.

- O que eu te fiz? – Perguntou, em contrapartida, o homem o olhava segurando a faca sem falar nada.

- Não faça isso comigo! Por favor! Eu te imploro! – Pedia, mantendo a chave entre os dedos, sabia que aquilo seria inútil, entretanto, não ia deixar matá-lo tão fácil.

O algoz o olhou e aproximou a faca do próprio pescoço, passou sem se importar com o filete de sangue do corte ralo, então começou a tentar puxar sua perna.

O rapaz chutou a mão do assassino tentando se defender e, quando o homem tentou golpeá-lo com a faca, esta o prendeu no chão entre suas pernas e olhou assustado, era a sua chance.

- Você não vai me matar! – Gritou antes de socá-lo no rosto.

A máscara caiu para o lado enquanto o assassino caiu sentado com as mãos para trás, deixando a faca presa ao chão.

O rapaz o olhava sem acreditar no que estava vendo, seus olhos estavam arregalados, a respiração entrecortada fazia seu peito doer enquanto o sangue pulsava mais forte pela adrenalina e medo que sentia.

- Meu Deus! O que é você! – Disse assustado e imediatamente se virou para se levantar e correr novamente.

O homem se levantou, limpou a roupa rosa e seguiu em direção à faca.

O rosto, parcialmente a carne viva, tinha erupções cutâneas do lado menos queimado que escorriam pus verde. 

Pegou sua faca e depois pôs a máscara novamente no rosto, agora sem a metade, e voltou a persegui-lo.

Quanto mais se aproximava do final da mata, o rapaz conseguia ver a academia, os postes, os carros buzinando lhe deixando mais aliviado.

Eu vou! Eu vou conseguir! Pensou, diminuindo um pouco a velocidade, sentindo as câimbras voltarem e sentiu um arrepio na espinha quando sentiu a mão pesada o puxou.

Tentou bater, mas não conseguiu, empurrado contra a árvore com força, bateu a testa e o nariz, sentindo uma dor forte e algo quente escorrer pelas narinas.

- Morra! – Foi o que escutou, a voz era rouca antes de ser imobilizada com o braço forte prendendo seu pescoço.

Olhou para a rua, ninguém escutava pelo barulho do trânsito, lágrimas escorreram pelo seu rosto amarelo e soltou um grito mudo quando sentiu a faca começar a entrar entre suas nádegas e seguir sendo enfiada pelo seu orifício, sendo empalado.

O homem continuou, tirava a faca que pingava sangue pela grama e voltava a enfiá-la pelo mesmo caminho, chegando a pôr a mão totalmente dentro e tirar, vindo com vísceras a sacudir em seguida e repetindo o movimento.

A cada facada, o esboço do sorriso começava a aparecer, dentes quebrados e amarelados apareciam junto a manchas pretas enquanto sangue escorria e tripas desciam pelo chão misturadas a fezes, e o fedor forte começou a exalar.

A medida que golpeava sua vítima, a escutava balbuciar pedindo para parar e cada vez menos se mexer. E só parou quando sentiu que o peso sobre o braço que mantinha o corpo ereto aumentou pelas pernas do homem, a sua frente ficar mais pesada e o soltou.

O rapaz caiu lentamente escorregando pelo tronco de árvore, o sangue, as tripas e os restos de fezes manchando suas pernas seguiam até a borda da bermuda e pingava no chão misturado ao líquido amarelo da urina que escorria pela dor que sentia quando o coração parou de bater pela dor que sentiu nos últimos segundos de vida.

Quando o corpo caiu no chão, o rapaz estava pálido, o olhou por alguns segundos, mas o rapaz não se mexia, então, começou a subir sobre ele até chegar na e pulou.

A cada pulo, era possível escutar o barulho dos ossos quebrando, costelas, esterno, coluna, bacia, sem o menor repúdio.

Não satisfeito, repetiu o ato de crueldade ao pular sobre o pescoço e, quando escutou o terminou de esmagar, saiu de cima.

A cabeça do homem estava de lado, parte dos ossos tinha perfurado a pele, aparecendo as pontas, a testa partida.
A borboleta se agachou, o olhou em silêncio e continuou assim por alguns minutos, respirou fundo e se levantou.
Lentamente, o homem fantasiado deixou a mata alta e seguiu um grupo de homens que corria para a academia fantasiados e molhados pela chuva sem ser notado.

O grupo entrou na academia sem problemas, passou pela recepcionista vestida de malévola que entregava uma sacola com punhado de doces e papel higiênico, podendo se escutar carousel de Melanie Martinez ao fundo.

As máquinas de musculação haviam sido retiradas, deixando o espaço aberto para os frequentadores conversarem e crianças correrem.

Nas laterais, doces, bebidas estavam sobre pano preto e abóboras com rostos medonhos eram iluminadas.

No centro do local, um carrossel estava girando. Em vez de cavalos, havia polvos, baratas, aranhas, homens e mulheres amarrados a hastes de metal pedindo por socorro e homens encapuzados com roupas de couro portando facas e afugentando as pessoas para não tentarem salvá-los.

A borboleta caminhava entre os homens, mulheres e crianças sem ninguém estranhar, a roupa de borboleta molhada, a faca pingando sangue pela rua, a máscara parcialmente quebrada e muito menos imaginar o que aconteceu tão perto naquela noite de halloween.

A música mudou, um som de piano começou a tocar, olhou ao redor, ninguém prestava atenção e começou a procurar de onde vinha, então, quando a música acelerou, reconheceu o tema do filme halloween e sorriu novamente.

– Matar, papai, matar. – Balbuciou antes de olhar para um casal de homens fantasiados de batman e superman indo em direção ao banheiro e acompanhá-los.

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⏰ Última atualização: Oct 30 ⏰

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