Chapter one.

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“A perfeita ilusão.”


𝗢 𝗽𝗿𝗶𝗺𝗲𝗶𝗿𝗼 toque suave em meu rosto foi quase imperceptível. A ponta dos dedos de Louis deslizou levemente sobre minha pele, como uma brisa morna de verão. Ainda no limiar entre o sono e a vigília, deixei escapar um som abafado, resistindo à realidade que começava a se impor. Era cedo demais, o quarto ainda mergulhado na penumbra silenciosa do amanhecer, e o calor do corpo de Louis ao meu lado me envolvia como um casulo.

“Bom dia, meu amor.” A voz dele chegou até mim, um sussurro rouco, carregado de uma suavidade e uma ternura que apenas  as primeiras horas da manhã permitem.

Sequer precisei abrir os olhos para saber o que vinha a seguir. Antes que pudesse responder, senti seus lábios tocarem minha testa, depois a curva da minha bochecha, e em seguida descendo até meu pescoço. Cada beijo era lento, paciente, quase como uma tentativa de me puxar de volta para a inconsciência. Eu sorri, ainda meio perdido no torpor do sono.

“Vamos ficar mais um pouco na cama?” Meu marido murmurou contra minha pele, sua respiração quente fazendo com que um arrepio subisse pela minha coluna.

Eu sabia exatamente o que ele estava fazendo, esse era um jogo que Louis gostava de jogar quase todas as manhãs. Ele sabia que eu tinha trabalho, que minha rotina era regrada, pontual. Mas Louis era imprevisível. Ele gostava da incerteza; dessa dança sem coreografia, principalmente quando as músicas eram longas. Ele sempre insistia em esticar esses momentos de paz, em tentar roubar alguns minutos extras comigo antes que o dia realmente começasse.

“Amor…” minha voz saiu preguiçosa, um protesto fraco enquanto ele continuava a me beijar, agora a sua boca traçava o contorno do meu maxilar. “Eu vou me atrasar.”

Ele apenas riu, aquele riso baixo e grave que sempre me fazia estremecer.

“Cinco minutos não vão te atrasar tanto assim.” Disse, suas mãos já explorando meu peito por debaixo do cobertor.

“Cinco minutos?” Eu ri, finalmente abrindo os olhos, apenas para encontrar os dele me encarando com uma mistura de adoração e travessura. “Com você, cinco minutos viram meia hora.”

“Eu sei,” ele respondeu com um sorriso malicioso. “Mas não vale a pena?”

A verdade é que ele estava certo. Sempre esteve. Esses momentos com Louis — as manhãs lentas, os toques gentis, os beijos roubados, os sussurros que eram apenas nossos e de mais ninguém — eram os instantes que eu mais valorizava. No meu trabalho, tudo era rápido, impessoal, caótico. Eu lidava com crimes, morte, mistérios que muitas vezes não tinham solução. Mas com Louis, o mundo parecia parar.

Ele era o único lugar onde eu podia me perder completamente.

“Tá bom, você venceu,” suspirei, já sentindo sua boca deslizar pelo meu pescoço de novo, dessa vez com mais urgência. “Mais cinco minutos.”

Louis sorriu contra minha pele, suas mãos agora descendo por minhas costas enquanto nossos corpos se aproximavam. Meu protesto silencioso se dissolveu no ar quando ele me puxou para mais perto, nossos lábios se encontrando em um beijo profundo, e tudo o que eu sentia era o calor do seu corpo contra o meu, a segurança que suas mãos firmes sempre traziam. Eu sentia Louis em todo lugar ao meu redor. Apenas ele.

Era um ritmo conhecido, um ritual que compartilhávamos quase todas as manhãs. Louis me acordava antes do despertador, com beijos e carícias que sempre me faziam perder a noção do tempo. E, inevitavelmente, eu cedia, deixando o trabalho e as responsabilidades escorrerem pelas frestas da manhã enquanto me perdia nele.

Mas não havia pressa. Naquele momento, não havia nada além de nós dois.

Louis puxou o cobertor para cima de nossos corpos, escondendo-nos do mundo, criando um refúgio só nosso. Seus beijos ficaram mais lentos, mas também mais intensos, e cada toque parecia carregado de algo mais profundo do que simples desejo. Era amor, puro e incondicional, que transbordava em cada movimento.

𝗌𝗉𝗂𝗅𝗅𝖾𝖽 𝖻𝗅𝗈𝗈𝖽Onde histórias criam vida. Descubra agora