Cura Mortal

Capítulo 2 - Entre Sombras e Destinos.

"Quando tudo parecia definido, o inesperado revelou novas faces do que estava por vir."

Skyllar de Luna Goodwin.

- Porra, que mané hora do óbito, ele está vivo - Gritei assustada.

- Meu Deus, ele acabou de voltar do mundo dos mortos - Clark estava chocado e correu para buscar a prancha e a maca.

Me abaixei no mesmo momento abrindo minha bolsa e calçando minhas luvas, teríamos que correr contra o tempo, ele realmente tinha voltado do mundo dos mortos.

- Olá, bem-vindo de volta ao mundo dos vivos - sorri tentando demonstrar felicidade, tranquilidade e segurança. - Sou a Enfermeira Skyllar De Luna, e vou cuidar de você.

Ele respirava com dificuldade, estava assustado, com muita dor, com risco de vida. Nesses momentos temos que passar tranquilidade e segurança, nunca podemos expressar o quão ruim o paciente está, isso influencia muito, pois o paciente já está assustado e desesperado achando que vai morrer, aumentando sua frequência cardíaca e respiratória, sendo assim aumentando também o fluxo sanguíneo piorando a hemorragia, ou seja, nunca expresse reações ruins, transmita sempre tranquilidade, confiança, segurança, a situação já está ruim, não precisamos piorá-la.

E enquanto me preparava para fazer o que sei de melhor, fui surpreendida pela fala do homem gravemente ferido a minha frente.

- Não tente me salvar - ele disse respirando com dificuldade. - Lembre-se do meu rosto, Enfermeira... - fez uma pausa e logo continuou. - Como o de alguém que não merece ser salvo - em seu rosto vi uma expressão que nunca havia visto, verdade, como se ele tivesse certeza absoluta de que não fosse digno de redenção, mas também havia medo, medo por deixar esse mundo e talvez ir para um lugar bem quente, um que ouvimos falar após partir.

- Todos merecem ser salvos, e todos nós merecemos uma segunda chance - disse olhando em seus olhos, tentando transmitir a ele o que eu havia acabado de dizer, eu disse a verdade, todos merecemos uma segunda chance, não importa o que já fizemos nessa vida.

- Eu estou com medo - ele disse com esforço. - Não quero morrer - olhava para mim com os olhos transbordando medo e desespero.

- Você não vai morrer, eu estou aqui para te ajudar, fica calmo - olhei rapidamente para ele, contato visual ajuda muito.

- Você vê sangue e mesmo assim tenta salvar... - disse parecendo surpreso. - Talvez seja por isso que o mundo precisa de pessoas como você - tentou sorrir, e eu sorri de volta de forma agradecida.

Peguei a gaze hemostática desenrolando a mesma enquanto Hailey se abaixava e pegava a tesoura para cortar a blusa dele, onde de cara já vimos uma hemorragia.

- Oi senhor, eu sou a médica Hailey e estou aqui para ajudá-lo - ela começou a cortar a blusa dele e assim que estava pronta temi pelos gritos do homem.

- O nome dele é Mason Reed - Clark apareceu ao meu lado. - Olhei os documentos do carro.

- Olha Mason, o que eu vou fazer agora vai doer, mas eu prometo que já vai passar - disse olhando para ele que apenas fechou os olhos consentindo, e eu comecei a introduzir a gaze na lesão do tórax até que não entrasse mais nada, e ouvi os gritos de dor e sofrimento dele.

- Estou vendo um sangramento ativo na cabeça, droga - Hailey disse pegando mais gaze e elevando cuidadosamente sua cabeça avaliando de onde vinha o sangue.

- Estou vendo uma fratura no fêmur, e várias contusões pelo corpo - disse enquanto pressionava a lesão e Hailey tentava conter o sangramento na cabeça.

- Ele perdeu muito sangue, preciso de acesso calibroso para repor volume, ele está entrando em choque hipovolêmico - disse para Clark que pegou uma agulha quarenta por doze, ringer lactato e equipo, preparando tudo para me entregar.