YAE MIKO
Meus cabelos batem na testa, enquanto bufo sentindo um cansaço tremendo por ficar apenas parada o dia inteiro lendo esse livro. Me jogo na cama sentindo o macio dos lençois no meu corpo, o colchão tão confortável que faz minhas costas se sentirem como novas depois de um longo tempo em má posição.
O livro em minhas mãos começa a ficar desinteressante, é um romance simples entre camaroneses que se apaixonaram mas não tinham nada além de seus corações. Parece bem intrigante no início por que fiquei me perguntando como iriam superar essa pobreza, talvez ajuda dos deuses? Ou um deles descobre que é de uma família rica. Pensei bastante sobre várias alternativas mas estou quase desistindo de descobrir.
Kamaji e Haruka são dois amantes que não conseguem conversar, os dois vivem brigando por coisas banais demais que poderiam ser resolvidas com um simples: Me desculpe. Qualquer coisa menos sair andando batendo o pé no chão enquanto grita para todo mundo ouvir o quanto eles são fracassados na vida.
Todo mundo sabe que você não tem onde cair morto, não precisa enfatizar isso a cada parágrafo. Parece que a única personalidade dos dois é viver na pobreza, e nem tem boas narrações sobre o amor deles crescendo, foi apenas um encontro rápido e pronto já estavam apaixonados. Eu sou cética com amor à primeira vista.
A escrita até que legal mas tão antiquada que me faz querer tacar esse livro na parede, esperei uma obra que pudesse me entreter nesse dia sem responsabilidades mas acabei apenas entrando num estado de tédio extremo. Bufo e deixo o objeto de lado.
Acho que perdi mais ou menos uma três horas lendo essa porcaria que não incrementa em nada na minha vida. Talvez os novos escritores precisem de algumas aulas comigo de como escrever bons livros que prendem o público de verdade. E se for com adultos que os personagens ajam como adultos, invés de parecerem crianças birrentas buscando atenção da mãe.
Eu poderia contar nos meus dedos a quantidade de vezes que esses dois brigaram só por que não queriam se desculpar, orgulho é bom até um nível, até eu sou bem orgulhosa mas ficar desse jeito é tão chato que em certos momentos tive dor de cabeça lendo as interações dos dois.
Fico olhando para o teto sem saber o que faria a seguir, aquela sensação de vazio surge no meu coração me fazendo querer sair correndo daqui. Me levanto da cama colocando meus pés no piso frio do chão, a madeira negra se destaca no meio da minha pele que é pálida por que anjos têm cores diversas mas eu nasci com um tom bem mais claro que o normal. E isso não significa nada.
Meu quarto está do mesmo jeito de sempre, com várias prateleiras de livros na parede que é branca como as nuvens ao nosso redor, minha cama fica bem no centro e ao meu redor existem apenas pequenas bancadas onde guardo alguns acessórios e papeis.
Abro a porta me deparando com o grande sol que reina nas terras da eternidade, há várias sacerdotisas andando de um lado para o outro arrumando locais para suas orações e alguns anjos guerreiros indo para os dojos de treinos onde podem se preparar para lutar contra qualquer inimigo.
O chão daqui é feito de uma madeira escura fria, ao redor muitas nuvens que às vezes podem ser cinzas, existem várias casas para os anjos e suas famílias viverem mas também vários locais para treinar além de templos e um grande plácido onde reside a deusa da eternidade.
O Palácio nos céus da Shogun, nasci aqui e vivo desde que me entendo por anjinho, nunca pude visitar outros reinos porque é muito difícil para seres de luz como eu viverem fora de suas terras de nascença. Na terra tem muitos demônios, nos outros reinos os deuses não gostam muito de visita apenas se for de algum parceiro.
Desde a guerra a relação dos deuses uns com os outros vem sendo difícil de lidar, não por que eles se odeiam mas por que as amizades ficaram difíceis depois de tantas mortes e assassinatos que todos cometeram.
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Correntes da Alma - YaeSara!¡
RomanceUma guerra muito antiga deixou rastros nas almas de muitas pessoas, os deuses pararam de brigar para finalmente deixar seus guerreiros descansarem. Mas alguns ainda carregam as marcas do seu passado, as vidas inocentes que tiraram ou as coisas ruins...